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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
DESENVOLVIMENTO INICIAL DE Polypodium lepidopteris (LANGDS & FISCH) KUNZE (POLYPODIACEAE): MORFOLOGIA E GERMINAÇÃO DE ESPOROS
Áurea Maria Randi 1
Daniela Viviani 2
(1. Profª, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC; 2. Mestranda, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC (*))
INTRODUÇÃO:

As pteridófitas constituem um importante grupo de organismos da flora brasileira. Diversas espécies de samambaias têm sido exploradas indiscriminadamente nas últimas décadas devido às suas características ornamentais, medicinais, ou para a confecção de vasos e solos. Polypodium lepidopteris, de hábito herbáceo terrestre, apresenta propriedades medicinais cujas partes terapêuticas utilizadas são frondes, raízes e rizoma. Há na literatura poucas informações a respeito da fisiologia de muitas espécies de pteridófitas, incluindo P. lepidopteris. Assim, esse trabalho tem como objetivo contribuir no conhecimento dos processos de desenvolvimento inicial de P. lepidopteris, analisando a germinação e a morfologia de esporos, tendo em vista a dificuldade de encontrar trabalhos realizados com a espécie. Além de visar o manejo e conservação, bem como desenvolver recursos humanos que possam aplicar o conhecimento adquirido em benefício da preservação da flora de pteridófitas.

METODOLOGIA:
Para análise microscópica os esporos foram colocados sobre a lâmina, pingando-se sobre estes uma gota de água e cobrindo em seguida com lamínula. O material foi fotografado em Microscópio Óptico (MO), equipado com fotoautomático. Amostras secas foram colocadas sobre suportes de alumínio, com auxílio de fita carbono dupla face, e cobertas com 20nm de ouro, em metalizador Baltec; a análise e documentação foram efetivadas em Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV). Para curva de germinação, os esporos foram esterilizados em solução de hipoclorito de sódio comercial a 10% acrescida de uma gota de detergente líquido comercial, durante 20 minutos; foram enxaguados com água destilada esterilizada em autoclave e filtrados a vácuo sobre papel de filtro. Em seguida foram semeados em 4 frascos erlenmeyers contendo 15mL de solução nutritiva de Mohr (1956), modificada por Dyer (1979), acrescida de Benlate® a 0,1% para evitar contaminação por fungos, previamente esterilizada em autoclave por 20 minutos a uma temperatura de 1200C. Os erlenmeyers tampados com filme de polipropileno e fixos por elástico foram transferidos para sala de crescimento com fotoperíodo de 16h de luz, a uma temperatura de 25±20C. A germinação foi acompanhada em intervalos de dois dias, sendo que para cada dia de avaliação foram preparadas quatro lâminas (repetições) e contados 100 esporos por lâmina, em MO, em aumento de 100 vezes.
RESULTADOS:
As imagens obtidas através da microscopia eletrônica de varredura mostram esporos monoletes, com aproximadamente 40µm de comprimento, apresentando depósitos esféricos que revestem uma relativamente lisa e ligeiramente papilada superfície. Através da microscopia óptica foi observado que os esporos viáveis são totalmente preenchidos com substância de reserva de coloração amarela; já os inviáveis, são ocos ou possuem poucas gotículas dessa substância. A germinação ocorre ao quinto dia tomando como critério a protrusão de rizóide e estabiliza após 30 dias de cultivo com aproximadamente 27% de esporos germinados. Os esporos vão alterando a coloração amarela até esverdeada, quando ocorre a primeira divisão celular dando origem a uma célula protalial clorofilada e a primeira célula rizoidal unicelular, hialina e sem cloroplastos. Esta espécie apresentou uma média de 43% de esporos viáveis e 30% de esporos inviáveis. Após 15 dias de cultivo os gametófitos filamentosos apresentam uma fileira de quatro a sete células, as quais ao dividir-se longitudinalmente, dão lugar à formação da fase laminar espátula com aproximadamente 30 dias de cultivo.
CONCLUSÕES:
Estudos relacionados à morfologia dos esporos são necessários pelo fato de ser este um aspecto taxonômico importante para identificação das espécies. A partir dos resultados obtidos em MEV, pode-se evidenciar que não houve contaminação do material com esporos de outras espécies. Os esporos apresentaram um percentual relativamente baixo de germinação. Novos testes serão necessários para verificar se a metodologia utilizada neste trabalho atingiu o percentual máximo de germinação para esta espécie, sendo este um fator fundamental para dar continuidade ao desenvolvimento e posterior obtenção de esporófitos, visando o manejo e a conservação da espécie.
Instituição de fomento: * Bolsista de Mestrado da CAPES
 
Palavras-chave: Polypodiaceae; germinação; morfologia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006