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F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Planejamento Urbano e Regional - 4. Planejamento Urbano e Regional
EVOLUÇÃO DA REDE URBANA E CICLOS PRODUTIVOS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ARARANGUÁ - SC
Cristiane Carolina Comim 1
Margareth de Castro Afeche Pimenta 1, 2
(1. Departamento de Arquitetura e Urbanismo / UFSC; 2. Profa. Dra. Orientadora )
INTRODUÇÃO:

O projeto de pesquisa “Análise Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá – Diagnóstico Sócio-espacial e Subsídios para a Gestão” reúne profissionais e estudantes de diversas áreas do conhecimento, como pesquisadores das áreas da Pós-Graduação em Geografia, do Departamento de Geociências e do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC (Núcleo CIDADHIS), que visam elaborar um diagnóstico ambiental indispensável para a planificação econômica e espacial, tentando compreender as transformações espaciais provocadas, principalmente, pela exploração do carvão, o cultivo de arroz e a crescente expansão da rede urbana sem infra-estrutura adequada. Não se fazem usuais, no Brasil, estudos regionais a partir das bacias hidrográficas, já que pouco utilizados como metodologia para a planificação territorial, procedimento freqüente nos países europeus. Por reunir várias áreas de conhecimento, o projeto possibilita o desenvolvimento de trabalhos paralelos, desde o diagnóstico das condições físicas da Bacia do Araranguá, o qual inclui o mapeamento do solo e o estudo da qualidade da água da Bacia, até a análise do desenvolvimento econômico-social da região. Assim, este projeto tem por finalidade proceder à análise sócio-espacial da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá, seu processo de urbanização e a evolução da rede urbana, a partir dos diferentes ciclos produtivos que reorganizaram populações e funções dos quatorze municípios que a compõem.

METODOLOGIA:

A fim de analisar a trajetória dos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá foram analisados dados sobre a evolução da população rural e urbana (IBGE), assim como da População Economicamente Ativa (IBGE). A distribuição populacional permite analisar a estrutura da rede urbana e sua evolução, desde que se estabeleça uma comparação com a evolução da distribuição das atividades produtivas. Assim, aos mapeamentos populacionais, seguiram-se, baseados em dados dos valores adicionados (Secretaria do Estado da Fazenda – SC, 2000), a caracterização dos setores econômicos municipais, a distribuição dos setores  industriais entre os municípios da BHRA, a rede comercial e de serviços, a participação das atividades agrícolas e do extrativismo, assim como, o estudo evolutivo dos valores adicionados da agricultura e indústrias, entre os anos de 1980 e 2000. Sob o marco teórico que estabelece o nexo entre sociedade e paisagem (Georges Bertrand e Milton Santos, entre outros) e considerando as relações produtivas como suporte para o desenvolvimento social (A.Lipietz, David Harvey, entre outros), procurou-se compreender o crescimento desigual das cidades como decorrência dos sucessivos ciclos produtivos, que acabaram por conformar a rede urbana atual na Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá- SC.

RESULTADOS:

A extração do carvão - atividade impulsionadora da região até o final da década de 80 - divide, hoje, seu espaço com o setor industrial e a agricultura. Centrado nestas três principais atividades econômicas, o quadro atual da Bacia configura-se  de modo heterogêneo, com a concentração das atividades econômicas bem definidas no espaço regional. No norte, a acumulação carbonífera proporciona um processo de diversificação industrial - desde a cerâmica até o setor confeccionista -, além da formação de centros comerciais e de serviços. Já no sul da Bacia, a rizicultura é, atualmente, a cultura dominante em termos de valor adicionado e ocupa toda a planície litorânea, seguida por plantações de fumo e feijão. Apesar da frágil rede urbana, o sul da BHRA acaba por constituir uma centralidade subordinada na cidade de Araranguá, que organiza atrás de si toda a vasta região agrícola. Araranguá e Maracajá desenvolvem, ainda, o setor confeccionista, responsável, junto ao setor comercial e de serviços, por parcela considerável do emprego urbano. De uma estrutura hegemônica carbonífera, o norte da BHRA diversifica setores produtivos, resultando numa rede urbana forte e interdependente. A fragilidade da economia agrícola sulina acaba encontrando na rizicultura um alento para o crescimento regional. A assimetria está, assim, formada, com a submissão regional à forte centralidade estabelecida pela área urbana de Criciúma que, conurbada com Içara, constitui o pólo de desenvolvimento regional.

CONCLUSÕES:
Analisando o contexto econômico da Bacia do Rio Araranguá, observou-se que o processo de desenvolvimento dos municípios é bastante diverso e está relacionado diretamente aos diferentes ciclos produtivos que modificaram e interferiram na dinâmica espacial e econômica da Bacia. A existência de recursos minerais originou um novo tipo de posição urbana para as cidades mineradoras, na qual Criciúma tornou-se o centro comercial e industrial de toda Bacia do Rio Araranguá. Desse modo, as cidades pertencentes à AMREC (Associação dos Municípios da Região Carbonífera) se caracterizam por uma maior heterogeneidade de funções e estruturas sócio-econômicas, diferentemente dos demais municípios da BHRA. Baseados na agricultura e, recentemente, na rizicultura, os municípios do sul de SC apresentam um desenvolvimento econômico pouco expressivo que ocasiona baixa atração populacional. Conseqüentemente, suas zonas urbanas se apresentam pouco desenvolvidas se comparadas com as cidades originárias do ciclo carbonífero, com alto grau de diversificação industrial. Apesar de estruturas desiguais, esses dois processos diferenciados apresentam, como traço comum, sérios problemas ambientais, decorrentes de modelos de crescimento econômico voltados unicamente à reprodução ampliada do capital, sem se importar com os impactos sociais e espaciais, muitas vezes, de difícil reconversão. 
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Diagnóstico sócio-espacial; Meio Ambiente; Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006