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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE CRIANÇAS INSTITUCIONALIZADAS NA FAIXA ETÁRIA DOS 4 E 5 ANOS DE IDADE
Josiele Larger Silveira  1
Fabiana Wachholz  1
(1. Educação Física e Saúde, Curso Fisioterapia, Universidade de Santa Cruz do Sul)
INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento humano não se norteia apenas na maturação do sistema nervoso central, mas também a partir de todas as relações humanas estabelecidas e nas possibilidades exploratórias do meio ambiente. Sendo assim a figura dos pais torna-se importante no desenvolvimento da criança no que diz respeito ao afeto e na presença de estímulos, ao contrário com a carência desses podem surgir prejuízos no desenvolvimento neuropsicomotor. A institucionalização de crianças nos tempos atuais é um fenômeno complexo, sendo reflexo da situação econômica em que se encontra o país, onde tantas famílias vivem em situação de extrema miséria. A desagregação familiar, o acesso às drogas e a violência, também contribuem para o desenvolvimento desse cenário, sendo relevante conhecer e entender como se constitui o desenvolvimento infantil nas crianças em situação de abrigo e definir como a fisioterapia pode atuar para minimizar os efeitos negativos da institucionalização nesse desenvolvimento. Os objetivos desta pesquisa foram verificar o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças institucionalizadas na faixa etária dos 4 e 5 anos de idade; verificar se o tempo de institucionalização interfere no desenvolvimento neuropsicomotor das crianças; constatar se há diferenças no desenvolvimento neuropsicomotor entre meninas e meninos da mesma faixa etária.
METODOLOGIA:
A pesquisa consistiu em avaliar o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças institucionalizadas de um abrigo numa cidade do interior do RS. Os sujeitos foram: 6 crianças com idade de 4 e 5 anos, ambos os sexos, que residissem no abrigo por um período mínimo de 6 meses, sem acompanhamento fisioterápico. Foram excluídas da amostra as crianças que apresentassem alguma patologia de ordem neurológica, cardiovascular, mal formação congênita, trauma ortopédico ou pneumonia. A pesquisa foi submetida ao CEP da UNISC, obtendo aprovação. Após foi obtido a autorização da coordenadora do abrigo para a participação das crianças menores de idade na pesquisa. O instrumento de avaliação utilizado foi a Escala de Desenvolvimento de Sheridan, adaptada pela autora, a qual avalia itens como postura e motricidade global, visão e motricidade fina, audição, linguagem falada e maturidade social. Participaram do estudo 2 funcionárias do abrigo, que responderam a uma entrevista sobre a história das crianças. Os materiais utilizados foram: ficha de avaliação, corda de pular, bola de borracha, jogo de boliche, brinquedos diversos, 10 peças de madeira pequenas em formato retangular, livro de história infantil, lápis de cor, lápis, caneta, borracha, folhas de ofício, folhas com desenho de um quadrado, triângulo e uma cruz, jaqueta com botões. Cada criança foi avaliada individualmente uma única vez, pela acadêmica pesquisadora nas dependências do abrigo. A coleta de dados foi de julho a agosto de 2005.
RESULTADOS:
Os dados foram analisados de forma qualitativa. Avaliou-se 3 crianças com 4 anos e 3 crianças com 5 anos, sendo dessas 5 meninos e 1 menina. Os resultados obtidos demonstraram que as crianças, no geral, apresentaram atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor principalmente, nas áreas relacionadas a viso-motricidade e linguagem falada. As crianças de 4 anos também, apresentaram dificuldades importantes referentes a motricidade, como nas atividades de pular em um pé só e pular corda caracterizando um déficit quanto ao desenvolvimento do equilíbrio. Quanto às atividades relacionadas a viso-motricidade as crianças de 4 e 5 anos apresentaram maiores dificuldades em nomear as cores básicas (azul, amarelo, vermelho e verde) e em copiar o desenho da cruz, do quadrado e do triângulo. Quanto à linguagem as crianças, de modo geral, apresentaram dificuldades em dizer o nome completo, a idade, o sexo e a data de nascimento; no item contar histórias, as crianças se mostravam quietas, diante do incentivo de mostrar as gravuras em um livro de história infantil e se limitavam a nomeá-las, não desenvolvendo a criatividade para inventar uma história, ou contar sobre fatos diários.
CONCLUSÕES:
As crianças institucionalizadas estudadas apresentam atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor. Acredita-se que tais atrasos foram devido à condição das crianças viverem longe da família, e também por terem passado por situações difíceis quando conviviam com os pais e os irmãos. Considera-se que dentro da instituição as crianças são bem atendidas, recebem alimentação, vestuário e carinho, também participam de várias atividades que estimulam o seu desenvolvimento, mas apesar de terem todas as suas necessidades básicas satisfeitas, essas crianças carregam lacunas no seu desenvolvimento. Não se observou diferença no desenvolvimento entre os sexos e o tempo de institucionalização não interferiu na incidência de atrasos no desenvolvimento dessas crianças. É importante relatar, que durante a avaliação foi possível observar traços do comportamento das crianças, onde todas se mostraram como inseguras e envergonhadas durante a realização dos testes, referindo sempre o termo Não sei antes de tentar realizar a atividade proposta. Considera-se que esse fato possa ter interferido nos resultados alcançados. De acordo com o contexto apresentado, é de grande relevância a avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor das crianças institucionalizadas, tornando evidente o papel da fisioterapia para avaliar e executar condutas capazes de minimizar tais atrasos e estimular o desenvolvimento de habilidades próprias de cada faixa etária nas crianças.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Desenvolvimento Neuropsicomotor; Institucionalização; Fisioterapia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006