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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

PRÁTICA PEDAGÓGICA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL ENVOLVENDO  TURMAS DO 3º.  CICLO DA EMEF. ALIANÇA PARA O PROGRESSO EM VITÓRIA DO XINGU – PA.

 

Inês Trevisan 1
Iracilma da Gama Rebelo  2
Leane Lima Oliveira 2
(1. Professora do Departamento de Ciências Naturais da UEPA - Núcleo de Altamira; 2. Acadêmicas de Pedagogia da Universidade Federal do Pará – Campus de Altamira)
INTRODUÇÃO:

O trabalho de orientação sexual na escola deve criar condições para que o professor possa redimensionar e contextualizar os diversos pontos de vista, valores e crenças existentes na sociedade para auxiliar o aluno a construir um ponto de auto-referência por meio da reflexão proporcionado no ambiente escolar. Tomando essa afirmativa como ponto de partida, realizou-se um estudo na escola de Ensino Fundamental do município de Vitória do Xingu no Pará, com objetivo de analisar a prática de orientação sexual na 3ª. e 4ª. séries. É nessas séries que se encontram alunos na fase da pré-adolescência e adolescência, passando por modificações no corpo, e a atenção se volta para essas alterações, suscitando curiosidades e interesse quanto ao assunto sexualidade.

METODOLOGIA:

Conduzida pela hipótese de que a orientação sexual ocorre de forma fragmentada e descontextualizada, realizou-se um estudo envolvendo turmas do terceiro ciclo, professores e pais, procurando averiguar sobre a prática educativa do professor. O aporte teórico utilizado sustenta que a sexualidade ultrapassa conceitos reducionistas que abordam a sexualidade somente em seus aspectos biológicos em detrimento aos aspectos sócio-culturais. Considerando que fazemos parte de uma sociedade que incorpora a diversidade, respeitando a multiplicidade de conceitos, valores e atitudes sobre a sexualidade humana, realizaram-se observações do comportamento dos alunos em sala de aula e nos intervalos, análise de documentos e entrevistas com professores, alunos e pais. Elegeram-se categorias para fazer a análise qualitativa dos dados.

RESULTADOS:

Com a pesquisa percebeu-se alguns entraves que dificultam o trabalho de orientação sexual dos professores na escola, a saber: a) falta de formação específica que habilite o profissional a lidar com o tema, tendo em vista que na graduação não tiveram; b) a concepção de sexualidade voltada para aspectos biológicos sem considerar a dimensão sócio-cultural do indivíduo. Esta visão induz o profissional da educação a delegar o trabalho de orientação sexual a professores de ciências e a especialistas como profissionais da saúde, buscando desenvolver ações que resultam apenas a informações repassadas através de palestras. Os alunos mostraram que a orientação sexual não é trabalhada em todas as disciplina como sugere os PCNs, onde aponta para um trabalho coletivo passando por todas as disciplinas. Verificou-se que o professor de ciências aborda o tema com maior freqüência, porém pautado somente nos aspectos biológicos, ficando evidente a parcialidade e fragmentação da prática educativa, confirmando a hipótese. Quanto aos genitores percebeu-se que a educação dos(as) filhos(as) fica delegada as mães, pois são elas que participam das atividades da escola.  Constatou-se a desigualdade ideológica entre “papel do homem” e o “papel da mulher” na família, conduzindo a omissão dos pais em relação à educação dos(as) filho(as) e em especial ao que tange a sexualidade, isto se dá, por  acreditarem que essa tarefa deva ser responsabilidade das mães.

CONCLUSÕES:

Através das observações realizadas, percebeu-se que os alunos constantemente dão sinais de que o tema sexualidade deve ser discutido na escola, identificado através de comportamentos e gestos como: empurrões entre meninos e meninas, passar batom em sala, brincadeiras insinuantes na hora do intervalo. Outros expressam suas angustias e seus desejos através de desenhos em paredes de banheiros e em carteiras. Tais expressividades podem ser interpretadas como um pedido explícito dos alunos, demonstrando que necessitam de orientação sexual. Verificou-se que as manifestações dos alunos são ignoradas, ou trabalhadas de forma superficial por alguns educadores, outros porém, reprimem aplicando uma  “lição de moral” ou até mesmo suspensão do aluno às aulas. Constatou-se que a escola desenvolve ações fragmentadas e descontextualizadas quanto ao tema sexualidade, pois apesar da escola ter como filosofia a formação do educando para que possam atuar de foram crítica e responsável, não trabalha a sexualidade humana em seu sentido mais amplo, ou seja, em sua totalidade; o que contribui ainda mais para uma sociedade injusta patriarcal e antidemocrática, na qual os adolescentes se sentem inseguros, de certa forma frustrados, pela falta de conhecimento mais completo e significativo para sua auto-afirmação enquanto pessoa que tem uma sexualidade, mas que se encontra presente em todas as fases da vida.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Orietação Sexual; Enfoque biológico; Expressividade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006