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G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 6. Psicologia do Desenvolvimento Humano

A PSICOLOGIA NA EQUITAÇÃO TERAPÊUTICA

Juliana Prado Ferrari  1
Sueli Galego de Carvalho  1
(1. Universidade Presbiteriana Mackenzie)
INTRODUÇÃO:

 A equitação terapêutica, utilizada para trabalhar com pessoas com deficiência e necessidades especiais, tornou-se uma alternativa para o tratamento terapêutico e de reabilitação por proporcionar benefícios globais – físicos, psíquicos, educacionais e sociais, apresentar um rico contato com a natureza e trabalhar com o cavalo de forma lúdica e prazerosa. Apesar de ser um método implantado recentemente (1989) em nosso país, vem se desenvolvendo consideravelmente nos aspectos práticos, éticos e científicos. È possível se notar que a equitação terapêutica tornou-se uma fonte significativa de estudos, sendo cada vez mais freqüentes os trabalhos nessa área. O presente estudo teve como objetivo caracterizar a atuação dos profissionais da Psicologia que atuam nos centros de equitação terapêutica, na cidade de São Paulo. Os objetivos específicos foram: identificar e descrever as técnicas aplicadas ao tratamento do indivíduo na equitação terapêutica; apreender as dificuldades e obstáculos encontrados pelo profissional em sua prática cotidiana. O presente estudo buscou a resposta para a seguinte questão de pesquisa: como o psicólogo desenvolve e direciona suas técnicas ao indivíduo com deficiência e/ou com necessidades especiais na equitação terapêutica?

METODOLOGIA:

De acordo com a finalidade deste estudo, foram entrevistados seis psicólogos, dos quais cinco são do sexo feminino e um do sexo masculino. Cada psicólogo trabalha em um centro de equoterapia da cidade de São Paulo. Todos os centros de equoterapia, nos quais os psicólogos atuam, são conhecidos pela mídia, pela comunidade local ou por instituições para pessoas com deficiências. Foi realizado um único encontro com cada entrevistado, no qual foi entregue a carta de informação e o termo de consentimento livre e esclarecido. As entrevistas foram gravadas em fita cassete e transcritas na íntegra com as devidas correções dos erros gramaticais. O entrevistador foi o próprio pesquisador. O roteiro foi elaborado levando-se em consideração o objetivo da pesquisa. Houve intervenções por parte da entrevistadora no decorrer da entrevista. Isto ocorreu quando algum assunto do roteiro não foi informado pelo entrevistado ou quando houve necessidade de esclarecimentos adicionais. Utilizou-se um roteiro não-estruturado e por meio da análise de conteúdo, aplicada ao conteúdo dos relatos de cada respondente, foi possível a identificação de três categorias que geraram mais catorze categorias de respostas.

RESULTADOS:

Os resultados foram obtidos por meio da análise e comparação dos relatos dos paricipantes. O conteúdo das informações obtidas foi codificado, classificado e pôde-se chegar ao modelo formado por um conjunto de categorias que traduzem as principais preocupações e opiniões dos entrevistados, ou seja: 1) técnicas utilizadas; 2) benefícios psicológicos, e 3) dificuldades e obstáculos. As catorze subcategorias foram estipuladas, levando-se em consideração o maior número de respostas semelhantes em relação ao conteúdo levantado. Por meio de uma análise qualitativa dos dados, pode-se notar que os psicólogos entrevistados iniciam sua atuação com a avaliação psicológica dos seus praticantes, por meio de anamnese com os pais ou praticantes, observação lúdica e realização de testes psicológicos. O profissional da psicologia é capaz de perceber e pontuar a respeito dos conteúdos emocionais estimulados e de saber se o praticante está adaptado ou não ao cavalo e à terapia. Assim, é importante o psicólogo estar presente no primeiro contato do praticante com o cavalo (aproximação) e no processo de desligamento do tratamento, já que envolve perdas e luto.

CONCLUSÕES:
O psicólogo é um mediador entre o contato do indivíduo com o cavalo e, dependendo dos conteúdos afetivos aflorados pelo praticante, irá orientá-lo, conforme a idade, verbalmente, ou por meio de atividades lúdicas, de acordo com o referencial teórico, com o comprometimento e com o objetivo de cada praticante. A utilização do referencial teórico não é suficiente para fundamentar a prática do psicólogo na equitação terapêutica, já que, em muitos casos, tornam-se indispensáveis a utilização da criatividade, da intuição e experiência clínica. E por se trabalhar em um ambiente tão diferente do convencional, é permitido ao psicólogo maior espontaneidade e flexibilidade em relação à neutralidade. A realidade sócio-econômica de cada centro de equoterapia é um fator a ser considerado, pois, poderá haver comprometimento na qualidade do atendimento. Foi possível se verificar que há falta de comunicação e divulgação de pesquisas técnico-científicas entre os profissionais da Psicologia que atuam na equoterapia. Espera-se que o presente estudo contribua no sentido de despertar nos profissionais envolvidos com a equitação terapêutica, a conscientização da importância em se realizar pesquisas teórico-científicas que propiciem um maior desenvolvimento, conhecimento e aplicabilidade desse método terapêutico.
Instituição de fomento: CAPES
 
Palavras-chave: equitação terapêutica; psicologia; deficiência.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006