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A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
DIVERSIDADE NO APRENDIZADO DE FÍSICA EM ALUNOS DE UMA MESMA SÉRIE, DO ENSINO FUNDAMENTAL, EM DIFERENTES MEIOS SÓCIO ECONÔMICOS.
José Carlos Xavier da Silva 1
Liliane Paiva Panetto 1
Soraia Rodrigues de Azeredo 1
Paula Rocha Pessanha 1
(1. Dep. de Eletrônica Quântica, Inst. de Física, Univers. do Estado do RJ/ UERJ)
INTRODUÇÃO:
Atualmente os alunos estão interagindo com um mundo repleto de recursos. As escolas não podem ignorar esta realidade; elas precisam ensinar o estudante a conviver com as novas tecnologias e a ciência.O ensino de ciências, principalmente o de Física, quase sempre encontra dificuldades, pois a abordagem utilizada se afasta dos fatos e fenômenos que englobam a vida cotidiana. Entretanto, o cotidiano está cercado de vários termos interessantes, sendo necessário que o aluno compreenda o significado deles para sua inserção na sociedade. Eles têm dificuldades no aprendizado, pois desconhecem que a Física se trata de uma ciência experimental e de grande aplicação no cotidiano, não conseguindo, portanto associar a parte teórica com alguma aplicação para a sua vida, pois ao longo de sua vida escolar não praticou a ciência através de experimentos. Para os alunos, as concepções espontâneas sobre os fenômenos da natureza ficam mascaradas pelo excesso de matemática.Uma solução para esta problemática seria a escola possuir laboratórios didáticos ou os próprios professores utilizarem recursos como, por exemplo, experimentos. Por isso estamos investigando como os alunos do Ensino Fundamental pensam a Física sem os modelos matemáticos e se os mesmos apresentam condições de aprender com situações do cotidiano. Observamos se as diferenças sócio-econômico-cultural influenciam no processo ensino aprendizado, já que o convívio com as novas tecnologias diferem entre as classes sociais.
METODOLOGIA:
Esta pesquisa consiste em apresentar experimentos, construídos com materiais simples, de baixo custo e de fácil aquisição, para alunos da sexta e sétima séries do nível fundamental de dois colégios do Rio de Janeiro: um colégio de alunos de baixa renda(público), e um colégio de alta renda(particular).Após a apresentação e manipulação do experimento, os estudantes deverão, através de redações, expressar suas observações sobre a experiência realizada. As redações foram catalogadas, organizadas e analisadas com o objetivo de observar como os alunos de cada classe social descrevem o fenômeno físico envolvido na experiência.A principal função desta pesquisa é proporcionar aos alunos a oportunidade de vivenciar a relação cotidiana com experimentos controlados e com os conhecimentos físicos, através da realização de atividades experimentais. A resposta dos alunos tem como objetivo possibilitar uma análise de como eles percebem os fenômenos físicos sem o uso dos modelos matemáticos e se os mesmos apresentam condições de aprender e relacionar com situações cotidianas de coisas que eles possuem em suas casas, tentando observar se o meio sócio - econômico - cultural influencia no seu aprendizado.
RESULTADOS:
Até o momento da pesquisa analisamos quarenta e cinco redações relativas a experiência sobre prensa hidráulica, deste total, falam em pressão, vinte e três alunos do colégio de poder aquisitivo mais alto e nove alunos do colégio de poder aquisitivo mais baixo. Percebemos que a maioria dos alunos de ambos os colégios verificam que a seringa de menor capacidade faz uma pressão maior que a seringa de maior capacidade, usando assim, uma linguagem própria para expressar suas idéias(Bakhtin), confundindo pressão com força. Outros estudantes relatam que a pressão acompanha o líquido e que o líquido tenderá a ir onde há mais espaço, indo ao encontro a uma outra proposta deste trabalho, de que os alunos no início de seus estudos pensam aristotelicamente(lugar comum).
CONCLUSÕES:
Concluímos que os alunos de alto e de baixo poderes aquisitivos apresentam concepções acerca da natureza, ou seja, os alunos de classes sociais diferentes aplicam com freqüência regras intuitivas originadas pela vivência cotidiana, eles já entram na escola com um modelo mental inicial independente de conhecerem modelos teóricos e formalismos matemáticos pré existentes. Desta forma, percebe-se que a influência social interfere no aprendizado.
 
Palavras-chave: Física no Ensino Fundamental; Física e Poder Aquisitivo; Experimento.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006