IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

TEATRO NA ESCOLA: NOVAS PERSPECTIVAS NO AMBIENTE ESCOLAR

Andrisa Kemel Zanella 1
Lúcia de Fátima Royes Nunes 1
Mirian Cristina Hettwer 1
Renata Gonçalves Vieira 1
(1. Dep. de Metodologia do Ensino/Pedagogia/Universidade Federal de Santa Maria/UFSM)
INTRODUÇÃO:

O professor traz consigo a tarefa de interceder o quesito social e cultural com o aluno. Por isso, sua função não se reduz a formá-lo, mas contextualizá-lo e humanizá-lo, numa empreitada que vai desde a formação profissional até a pessoal. Diante deste contexto, deve-se considerar o ensino como um caráter de socialização e desenvolvimento do indivíduo. Assim, acredita-se que o teatro por meio de uma linguagem consciente, objetiva e comunicável no instante da representação, promove este contato do professor e do aluno com uma realidade diferenciada. O processo de aprendizagem desta linguagem artística, busca desenvolver no educador e no educando a espontaneidade, a auto-estima, a criatividade, a consciência corporal, a percepção para um maior desempenho de comunicação e compreensão com o grupo em sala de aula ou fora deste. Frente esta realidade, o presente projeto trabalhou com professores e alunos da Rede Pública de Santa Maria-RS, buscando construir novos caminhos na formação dos mesmos, valorizando-os no ambiente em que se encontram, abrindo horizontes para o estabelecimento de novas relações do indivíduo consigo mesmo e com os outros a sua volta, promovendo possibilidades de transformação do cotidiano da escola.

METODOLOGIA:

Durante o desenvolvimento deste estudo, houve uma preocupação não apenas com o produto que a pesquisa propiciou, mas principalmente com o processo e com os significados que os participantes foram revelando. O importante é a natureza dos significados das ações e das revelações humanas que se deram no instante em que o teatro foi trabalhado com os sujeitos da pesquisa. O meio que consideramos pertinente para que isso se concretizasse, centrou-se no “jogo dramático e/ou teatral”, pois através dele foi possível construir e reconstruir conceitos a partir das relações do docente e do discente com o mundo a sua volta. O estudo foi desenvolvido ao longo de dois semestres, semanalmente, através de atividades práticas, sendo uma pesquisa participante, em que os envolvidos não apenas ministravam as aulas, como também participavam nos “jogos dramáticos e/ou teatrais”. A coleta e registro das informações deram-se pela observação e participação direta das atividades, pelo diário de campo, por entrevistas semi-estruturadas e registros fotográficos. Tal variedade permitiu absorver a riqueza das informações que a utilização de um só instrumento não ofereceria, principalmente porque os significados são revelados de várias maneiras, como verbal e não-verbal, ação e não-ação.

RESULTADOS:

Diante das propostas da pesquisa, em que o “jogo dramático e/ou teatral” foi levado ao cotidiano escolar, tivemos a oportunidade de perceber quais contribuições deste enfoque com os professores e alunos envolvidos no estudo.        Muitas vezes quando questionamos como que se dá a utilização do teatro em sala de aula, ainda é muito comum percebermos posturas que o enfocam como passatempo ou ainda, com a função de ser um meio lúdico para a apreensão de determinado conteúdo. Assim, nestes meses de trabalho, buscamos levar o teatro, através dos “jogos dramáticos e/ou teatrais”, não como um meio para ensinar algo, mas como uma oportunidade de experimentar e vivenciar novas possibilidades corporais e vocais.  Percebemos que a partir do momento que o professor é constantemente estimulado a ousar novas formas, lançar-se a caminhos até então desconhecidos ou nunca experimentados, esse passa a criar uma certa liberdade frente aos conteúdos que procura trabalhar em sala de aula, buscando novas abordagens do seu ofício de professor. Com os alunos, pôde-se constatar que os jogos proporcionavam às crianças perceberem-se produtoras de conhecimentos, visto que, suas brincadeiras são frutos das suas vivências numa determinada sociedade. Através dos jogos, criou-se um caminho para a experimentação de novas experiências corporais, evidenciando as habilidades de cada indivíduo como ser único, com capacidades e habilidades próprias, através de um contexto humano, social e cultural.

CONCLUSÕES:

Tendo em vista que o jogo possibilita ao professor e ao aluno a valorização da auto-estima, a superação de desafios que já estão postos e os que ainda virão pela vida afora, é possível afirmar que através do teatro por meio dos “jogos dramáticos e/ou teatrais” estes sujeitos puderam experimentar novas possibilidades, vencendo suas dificuldades e demonstrando suas potencialidades. Desta maneira, percebemos que os jogos foram mediadores de conhecimentos, proporcionando uma constante reflexão sobre a prática docente e discente, além de refletir sobre o uso dos “jogos dramáticos e/ou teatrais” em sala de aula. Espera-se com este trabalho, lançar novos desafios para a criação de um espaço dentro da escola onde tanto o professor quanto o aluno possam desenvolver-se e colocar em prática todo o seu potencial criador, sentindo-se valorizados pelos conhecimentos que possuem e constroem ao longo de suas vivências. A realização do projeto levou-nos a perceber que somos tão aprendizes quanto os sujeitos da pesquisa e que estamos em constante reflexão sobre a nossa prática pedagógica, e sobre as respostas que os sujeitos apresentaram durante a realização dos jogos.  Acredita-se que a Universidade Federal de Santa Maria investindo em ações como esta, contribui na construção de uma educação que propõe um diálogo e trocas entre alunos e professores, ressignificando saberes e fazeres dentro do espaço escolar, construindo assim, uma educação mais humana e integralizadora dos indivíduos.

Instituição de fomento: Universidade Federal de Santa Maria
 
Palavras-chave: Teatro; Escola; Jogo dramático e/ou teatral.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006