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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 3. Química Analítica
DETERMINAÇÃO DE L-CISTEÍNA EMPREGANDO BIOSSENSOR DE PASTA DE CARBONO MODIFICADO COM LACASE DO FUNGO Aspergillus oryzae.
Murilo Santhiago 1
Iolanda da Cruz Vieira 1
(1. Departamento de Química / UFSC)
INTRODUÇÃO:
Enzimas são catalisadores biológicos que funcionam modificando moléculas de substrato para promover reações. As lacases são enzimas polifenol oxidase que pertencem ao grupo denominado cupro-proteínas ou cupro oxidases azuis por possuirem átomos de cobre em sua estrutura. Um biossensor é um sensor que utiliza um material biológico (e.g. enzima) conectado a um transdutor o qual converte um sinal biológico em sinal elétrico. A L-cisteína pertence a classe de fármacos hepatoprotetores que protegem as células hepáticas e contribuem para a manutenção do seu equilíbrio metabólico e funcional. Neste trabalho um biossensor de pasta de carbono modificado com lacase obtida do fungo Aspergillus oryzae foi utilizado para a determinação de L-cisteína em produtos farmacêuticos baseada no processo de inibição da lacase.
METODOLOGIA:
O biossensor foi construído a partir de 105 mg de pó de grafite (66,7% m/m), 22,5 mg de nujol (14,3% m/m) e 30 mg de enzima lacase (19% m/m). Após a mistura e obtenção, a pasta resultante foi embutida em uma seringa de 1mL e um fio de cobre foi usado para o contato elétrico. O biossensor foi otimizado avaliando diferentes soluções tampão, pH, substratos e inibidores. Após a otimização do biossensor, uma curva analítica para a hidroquinona foi construída. Uma concentração de hidroquinona foi selecionada e a curva analítica para L-cisteína foi obtida. Amostras de produtos farmacêuticos foram selecionadas e o teor de L-cisteína determinado, usando o método de adição múltipla de padrão. Todas as medidas voltamétricas foram realizadas com um potenciostato/galvanostato da AUTOLAB modelo PGSTAT 12 e velocidade de varredura 100 mV s-1.
RESULTADOS:
Para avaliar o melhor desempenho do biossensor proposto, foi investigado a influência do pH 4,0 - 5,0 (acetato) e pH 6,0 - 8,0 (fosfato). A maior corrente de pico catódica (Ipc) foi obtida em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH 7,0 e substrato hidroquinona. A curva analítica obtida para hidroquinona usando o biossensor nas melhores condições experimentais foi linear na faixa de 4,99x10-5 a 4,54x10-3 mol L-1 (Ipc (mA) = 8,34 + 56,30 [hidroquinona]; r=0,9987). A concentração de 1,92x10-3 mol L-1 de hidroquinona foi selecionada e a curva analítica para a L-cisteína baseada na inibição da lacase foi linear na faixa de1,97x10-4 a 3,24x10-3 mol L-1 (Ipc (mA) = 111,12 - 21,22 [L-cisteína]; r=0,9998). O biossensor proposto foi empregado na determinação de produtos farmacêuticos contendo L-cisteína. A amostra utilizada continha em seu rótulo 300 mg L-1 e o biossensor proposto para a determinação deste analito obteve como resultados 255 e 250,4 mg L-1 e o método oficial da farmacopéia 215 e 194 mg L-1. O estudo de adição e recuperação foi de 89,7 a 103,4%, sugerindo que não existe efeito de matriz.
CONCLUSÕES:
O biossensor proposto apresentou simplicidade e baixo custo na construção. Em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH 7,0, substrato hidroquinona e inibidor L-cisteína apresentou melhor desempenho. A utilização do eletrodo de pasta carbono modificado com lacase mostrou-se ser uma metodologia alternativa de boa sensibilidade quando comparada ao método oficial na determinação de L-cisteína em produtos farmacêuticos.
Instituição de fomento: CNPq (472169/2004-1), NOVOZYMES, FAPESC
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Biossensor; lacase; L-cisteína.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006