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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 1. Climatologia

CARACTERÍSTICAS DA TEMPERATURA E DA UMIDADE RELATIVA DO AR EM BIRIGUI – SP

 

Eduardo Castilho 1
Margarete Cristiane de Costa Trindade Amorim 1
(1. Departamento de Geografia, Faculdade de Ciência e Tecnologia, Unesp)
INTRODUÇÃO:

O desenvolvimento do capitalismo nos séculos XVIII e XIX proporcionou transformações sociais, políticas e econômicas, que se materializaram na disposição e estruturação dos espaços. A cidade se constituiu como um dos espaços que recebeu maior influência dessa nova realidade, sendo que, os processos de urbanização intensificaram-se em várias regiões do planeta, sobretudo no período pós Revolução Industrial. O progresso advindo dessa Revolução provocou significativas alterações no ambiente urbano, trazendo consigo problemas como: poluição atmosférica, impermeabilização dos solos, entre outros. Essas transformações persistiram ao longo do tempo e foram diferenciadas nas diversas partes do globo, sendo que, os países em desenvolvimento, que são desprovidos de planejamento e políticas públicas eficazes para o gerenciamento das cidades foram os mais afetados. A nova realidade imposta a esses países contribuiu para o comprometimento da qualidade ambiental urbana, influenciando inclusive o comportamento do clima. A partir deste contexto definiu-se um estudo que teve como objetivo comparar o comportamento da temperatura umidade relativa do ar e direção do vento entre a cidade e o campo em Birigui – SP, buscando investigar as prováveis diferenças no comportamento desses elementos em condições adversas de uso e ocupação do solo, verificando também em quais condições atmosféricas as diferenças entre campo e cidade se evidenciam.

METODOLOGIA:

Na realização desta pesquisa foram utilizados materiais que buscam demonstrar através de coleta de dados na área urbano – rural de Birigui - SP, as possíveis diferenças e mudanças no comportamento do clima deste município. Foram utilizados mini-abrigos com psicrômetros contendo pares de termômetros (bulbo seco e bulbo úmido), para as medidas de temperatura e umidade relativa do ar e fitas de cetim fixada na parte inferior do mini-abrigo, utilizada para indicar a direção do vento. A velocidade do vento foi estimada a partir da “Escala da Força de Vento de Beaufort”. As paredes do mini-abrigo são duplas e perfuradas para que o ar possa circular livremente. Sua base fica a 1,5 m da superfície, não permitindo que os termômetros sofram interferência direta da radiação terrestre e a sua abertura voltada para o sul, evita a incidência solar direta nos termômetros. As leituras nos mini-abrigos (instalados em três pontos do município: dois urbanos e um rural) foram realizadas às 09h00, 15h00 e 21h00, em 15 dias que compreenderam Dezembro de 2004 e Janeiro de 2005, representativo do verão. Associado à leitura dos termômetros e direção do vento realizou-se análise dos sistemas atmosféricos regionais, nos dias das observações-mensurações, através das imagens do satélite GOES, das cartas sinóticas de superfície e de informações coletadas no site do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC).

 

RESULTADOS:

Os dados obtidos através das observações – mensurações meteorológicas evidenciaram diferenças no comportamento dos elementos climáticos nos horários das 09h00, 15h00 e 21h00. As 09h00 a área rural caracterizada pela existência de esparsa vegetação arbórea, pastos e extensas lavouras de milho e soja, demonstrou em grande parte do período de análise elevadas temperaturas. Essa constatação revela que esta área recebe diretamente a energia proveniente do sol e a retransmite facilmente para a atmosfera, elevando com isso as temperaturas. No horário das 09h00 pode-se constatar amplitude máxima entre os pontos de 1,8°C e 14,9% de umidade relativa.  As 15h00 verificou-se que a cidade manteve temperaturas mais elevadas e a menor umidade relativa do ar quando comparada a área rural. Esse comportamento se estendeu durante a maior parte do período, evidenciando a capacidade que as áreas densamente construídas (pontos urbanos) têm de armazenar calor durante o período da manhã e passar a emiti-lo para a atmosfera no período da tarde (15h00). Neste horário foram constatadas amplitudes máximas entre os pontos de 4°C e 29,3% de umidade relativa. No horário das 21h00 que apresentou amplitude máxima da temperatura de 4°C e 26,6% de umidade relativa, verificou-se que o padrão de comportamento dos elementos climáticos foi semelhante ao das 15h00, sendo que, os dados revelaram que a cidade apresentou temperaturas mais elevadas e a menor umidade relativa do ar.

CONCLUSÕES:

As respostas térmicas e higrométricas constatadas em todos os horários evidenciaram anomalias que são conseqüência das diferenças existentes no uso e ocupação do solo na área urbano – rural de Birigui – SP e também da atuação dos sistemas atmosféricos que puderam contribuir para a intensificação ou não das anomalias. O uso e ocupação do solo revelaram que os valores de temperatura e umidade relativa do ar apresentaram variações decorrentes da disposição dos elementos urbanos (propriedades térmicas dos materiais, pavimentação, impermeabilização, circulação de veículos e pessoas, poucas áreas verdes) e rurais (vegetação arbórea e gramínea, corpos hídricos). As diferenças significativas entre cidade – campo revelam que o município de Birigui apresenta um padrão de planejamento urbano que desconsidera os componentes ambientais, inclusive o clima. Para que o município não comprometa a qualidade ambiental urbana e de vida de sua população é importante adotar projetos que busquem um adequado planejamento urbano.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: temperatura; clima; urbanização.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006