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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem

PENSANDO EM REDE: DESMITIFICANDO O USO DA INTERNET COMO INSTRUMENTO DE PESQUISA. RUMO À INCLUSÃO DIGITAL E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA NO ENSINO DE FILOSOFIA.

Luiz Carlos Nunes de Santana 1
(1. Mestrado em Educação - Universiadade Católica de Santos)
INTRODUÇÃO:

Uma das preocupações atuais no processo de ensino-aprendizagem é justamente a do uso incorreto da Internet pelos discentes nas diversas pesquisas solicitadas pelos docentes. Tal instrumento acaba por se perder no processo formativo dos alunos por não ter sua relevância explorada adequadamente na construção dos saberes. O uso desse instrumento inovador e eficaz pode contribuir qualitativamente na produção de conhecimento, desde que utilizado de forma direcionada  e com as devidas precauções.

Com a obrigatoriedade do ensino de Filosofia na Rede Pública de Ensino do Estado de São Paulo e conseqüente ampliação da carga horária, faz-se necessária a busca de novos métodos e novas formas no ensino da disciplina podendo ser o uso da Internet um desses meios para despertar maior interesse pela Filosofia. Sendo a tecnologia um objeto de desejo dos adolescentes, a conciliação entre a máquina e a Filosofia pode vir a ser um novo viés metodológico na prática docente. A inclusão digital e a construção da cidadania tornam-se efetivamente as metas a serem alcançadas pela prática do respeito para com a produção cientifica disponível na Internet.

METODOLOGIA:
A pesquisa foi desenvolvida dentro do Projeto “Centro Cidadão” da Universidade Católica de Santos em parceria com uma escola pública do Município de Santos/SP, para 32 alunos do primeiro ano do ensino médio. Num primeiro momento, foi aplicado um questionário aos alunos para levantamento do grau de conhecimento que estes possuíam da Internet. O tratamento das respostas indicou a necessidade de aulas expositivas com preleção dialogada sobre a web e suas alternativas enquanto instrumento de pesquisa. Diante de uma autonomia inicial, passou-se à segunda fase da investigação. A proposta era a confecção de um trabalho, fruto da pesquisa em diversos sites, sobre  a cultura material e imaterial da Grécia Clássica, com ênfase na transcrição das referências utilizadas e dos argumentos trabalhados no corpo do texto. Cada aluno administrou um computador e seus periféricos, sites de buscas e a construção do texto propriamente dito, dentro dos cânones da metodologia científica: respeito à produção alheia,  indicação das fontes das citações e referências bibliográficas. O período de realização compreendeu os meses de outubro e novembro de 2005 com 02 turmas semanais com uma carga horária de 02h/dia.
RESULTADOS:
A pesquisa evidenciou o uso da Internet como um meio facilitador no processo de ensino-aprendizagem. As inferências que surgiram nas aulas demonstram sua eficácia e as habilidades desenvolvidas geraram produções que, posteriormente, foram exportadas para outras escolas, por solicitação de professores que examinaram alguns trabalhos. Os alunos consideraram que a experiência gerou mais interesse pelo estudo da disciplina Filosofia, o que demonstra a relevância do projeto como meio de cativar e incentivar o alunado no estudo desta. Foi verificado que 99% dos alunos consideraram que o projeto esclareceu como funciona a pesquisa utilizando a Internet. Constatou-se também que a confecção dos trabalhos na unidade escolar passou a ser efetuada de maneira muito mais significativa e relevante. A gratificação de construir um texto que é fruto de uma pesquisa no computador gerou um sentimento de auto-valorização e resgate da  dignidade.
CONCLUSÕES:
Este trabalho de inclusão digital e cidadania, com ênfase no respeito à produção cientifica,  mostrou que os alunos do ensino  médio, devidamente orientados,  se interessam pela aquisição do conhecimento e, com certeza,  podem produzir pesquisa de qualidade, evitando assim o tão famoso “Ctrl C (copiar) e Ctrl V (colar)” . Quando penso que me deparei com jovens que não têm acesso ao computador, não digo nem  a web, que “catam milho” ou procuram letrinhas no teclado, e que no decorrer do curso passaram a manusear com certa facilidade (é preciso mais prática) - este que era um bicho de sete cabeças - ou quando percebo a preocupação que surgiu entre eles em referenciar os dados coletados, para que “o professor saiba onde foi feita a pesquisa”, sinto-me, particularmente, contribuindo para uma mudança que mais do que teórica: é prática e de prática valorativa. O resgate e a importância dada a cada um desses jovens com certeza alimentou o desejo de continuar com a Filosofia e seu ensino, com a educação, com a escola pública e, acima de tudo, com a construção dos “sujeitos” e sua “identidade”.
 
Palavras-chave: Internet; Ensino de Filosofia; Cidadania.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006