Embora a medicina moderna esteja bem desenvolvida, grande parte da população de diversos países ainda utiliza práticas de fitoterapia.

           As plantas possuem uma elevada capacidade biossintética, tanto em relação ao número de compostos produzidos quanto à diversidade em uma mesma espécie. Por essa razão, a atividade terapêutica de extratos vegetais e metabólitos secundários isolados tem sido investigada por muitos pesquisadores, uma vez que tais substâncias representam uma fonte promissora de novos fármacos.

A avaliação do potencial antibacteriano dos extratos vegetais de Peperomia sp contra E.coli (ATCC 25922) e S.aureus (ATCC 25923) foi realizada pelo método de diluição em microplaca com leitura espectrofotométrica a 595 nm.

           Foram empregados os extratos etanólico bruto, hexânico e acetato de folhas e o extrato etanólico bruto de caules preparados em soluções estoques concentradas por meio da solubilização em sistema de solventes metanol/hexano e metanol/água. Essas soluções foram diluídas em caldo Müller-Hinton a uma concentração inicial de 500mg/mL, a partir da qual realizaram-se as diluições seriadas.

            As suspensões bacterianas foram utilizadas em concentração de 10⁷ células/mL, sendo adicionados 10mL das mesmas nos  orifícios teste das microplacas. Essas foram submetidas à pré-leitura em leitor de microplaca a 595 nm e posteriormente encubadas a 37°C por 24 horas.

           Após encubação, realizou-se nova leitura espectrofotométrica para determinação da CIM, definida como a menor concentração de extrato vegetal capaz de inibir os crescimento bacteriano. Como controle negativo foi utilizada gentamicina em concentração de 25 mg/mL e todos os testes foram realizados em triplicata.

          O extrato etanólico bruto de folhas apresentou CIM=500mg/mL para E. coli e CIM=250mg/mL para S. aureus. A fração hexânica mostrou CIM=250mg/mL para E.coli e S.aureus, enquanto a fração acetato apresentou CIM=62,5mg/mL para S.aureus, mas não exibiu atividade antibacteriana para E.coli.

          O extrato etanólico bruto de caules com CIM=500mg/mL para E.coli não apresentou atividade para S. aureus nas concentrações testadas.

           De acordo com os valores de CIM obtidos, demonstrou-se que os compostos presentes nas folhas de Peperomia sp apresentaram um maior potencial antibacteriano quando comparado aos compostos do caule.

           Os extratos hexânico e acetato das folhas exibiram uma atividade antibacteriana maior que o extrato etanólico bruto de folhas. Isso sugere que tal atividade está sendo preservada à medida que a complexidade fitoquímica das frações decresce.

           O estudo propõe, dessa forma, a possibilidade de uma investigação química mais aprofundada das folhas de Peperomia sp a fim de caracterizar os compostos diretamente associados à atividade bactericida e ou bacteriostática das referidas frações.