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D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 1. Bioquímica da Nutrição

Avaliação da composição química da semente de abóbora (Cucurbita pepo) e do efeito do seu consumo sobre o dano oxidativo hepático de ratos (Rattus novergicus)

Lina Cláudia Sant’Anna  1
Brunna Cristina Bremer Boaventura  2
Francilene Gracieli Kunradi  3
Vera Lúcia Tramonte  4
Roberta Hack Mendes  5
Patrícia Faria Di Pietro  4
(1. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrição, UFSC.; 2. Graduanda do Curso de Nutrição da UFSC, bolsista Pibic/CNPq.; 3. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição, UFSC.; 4. Profa. Dra. do Departamento de Nutrição, UFSC.; 5. Doutoranda do Programa de Pós-graduação de Fisiologia da UFRGS.)
INTRODUÇÃO:

A abóbora (Cucurbita pepo) é um vegetal originário da América do Norte e Central e atualmente é cultivada em todo o mundo.  As sementes das abóboras são ovais-oblongas, achatadas e mais afiladas em uma de suas extremidades. Têm coloração branca ou amarelada com reflexos esverdeados em ambas as faces.

As sementes de abóbora podem ser consideradas boas fontes de proteína (320g/kg) e óleo (450 g/kg), possibilitando o seu uso na fortificação de alimentos e aumentando assim, as concentrações protéicas de preparações, além de reduzir custos na produção, uma vez que as sementes não são geralmente utilizadas para este fim.

O óleo da semente de abóbora possui propriedades antioxidantes sendo rico em vitamina E, principalmente γ-tocoferol e α-tocoferol. A vitamina E age como antioxidante lipossolúvel interruptor de cadeia, prevenindo a propagação das reações dos radicais livres nas membranas biológicas. Esta propriedade tem levado estudiosos a avaliar a sua habilidade para prevenção de doenças crônicas especialmente aquelas relacionadas ao estresse oxidativo.

Observa-se a ausência de estudos que avaliem a composição química da semente de abóboras, especialmente da espécie Cucurbita pepo cultivadas no Brasil. O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição química da semente de abóbora e também observar o efeito do seu consumo sobre o dano oxidativo hepático a lipídeos e proteínas em ratos.

METODOLOGIA:

No ensaio biológico foram utilizados 18 ratos adultos (Rattus novergicus) machos, da linhagem Wistar. Durante o experimento os animais foram mantidos em gaiolas metabólicas individuais, de aço inoxidável, em sala com temperatura controlada (24o C) e iluminação artificial com ciclo claro-escuro de 12/12 horas recebendo ração e água ad libitum. Os animais foram distribuídos em três grupos (n = 6) segundo tipo de dieta oferecida: GC (Grupo Controle AIN93-M), GSA (Grupo Semente de Abóbora) que recebeu como fonte de vitamina E apenas a semente e GCS (Grupo Controle da Semente) que recebeu maior quantidade de lipídeos e fibras, similares às concentrações do GSA. As sementes utilizadas no preparo das rações foram provenientes de abóboras cultivadas em Santo Amaro da Imperatriz – SC.

A determinação da composição centesimal da semente de abóbora foi realizada de acordo com os procedimentos utilizados pelo Instituto Adolfo Lutz. As fibras solúveis e insolúveis foram determinadas pelo método enzimático gravimétrico preconizado pela AOAC. Para verificar o teor de vitamina E da semente de abóbora foram determinadas as formas α-, β-, δ-, e γ-tocoferol por HPLC.

Após 42 dias de experimento, os animais foram sacrificados e foram preparados os homogeneizados de fígado para a dosagem das concentrações das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico, hidroperóxidos lipídicos e de proteína carbonilada.

RESULTADOS:

A semente de abóbora apresentou 29,2g% de umidade, 21,4g% de proteína, 2,3g% de cinzas, 28,8g% de lipídeos, 2,8g% de carboidrato e 15,3g% de fibras alimentares. Na determinação do conteúdo de tocoferóis da semente de abóbora observou-se que o γ - tocoferol (18,71 mg/100g) é o isômero predominante na semente de abóbora seguido do α - (1,36 mg/100 g), δ - (0,25 mg/100g) e β - tocoferol (<0,01 mg/100g), sendo o teor total de vitamina E encontrado na semente de abóbora de 20,3mg/100g.

Quanto à concentração de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico, o GSA apresentou níveis significativamente maiores em relação aos GC e GCS (p < 0,001). Os resultados da análise de hidroperóxidos lipídicos foram semelhantes à medida de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico onde o GSA obteve níveis significativamente maiores de hidroperóxidos lipídicos em relação aos GC e GCS (p < 0,05). Neste estudo, a partir das análises de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico e hidroperóxidos lipídicos, foram observadas condições de peroxidação lipídica hepática pelo consumo de semente de abóbora. Em relação à proteína carbonilada, o GSA apresentou maiores níveis, porém esta diferença foi significativa apenas quando comparada ao GC. O GCS apresentou semelhança estatística com o GC e GSA.

 

CONCLUSÕES:

A semente de abóbora cultivada em Santo Amaro da Imperatriz - SC apresentou concentrações altas de lipídeos, proteínas e um alto conteúdo de fibras alimentares. A semente de abóbora apresentou níveis elevados de vitamina E, sendo o γ- tocoferol o isômero predominante. Apesar do alto conteúdo de γ-tocoferol, o consumo da semente de abóbora aumentou a oxidação hepática de lipídeos e proteínas nos animais.

Recomenda-se futuros estudos in vivo e in vitro para avaliar outros cultivares e outras espécies de semente de abóbora quanto aos parâmetros estudados. Além disso, outros parâmetros em relação à semente de abóbora devem ser abordados, como composição de aminoácidos, fitostrógenos e identificação de cucurbitacina presentes na semente de abóboras que possam elucidar os resultados deste trabalho.

 

Instituição de fomento: Programa de Pós-Graduação em Nutrição/UFSC - CAPES e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: semente de abóbora; composição química; estresse oxidativo.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006