O município de Santo Ângelo possui um total de 25 escolas estaduais pertencentes a 14ª Coordenadoria Regional Estadual/RS. Foram coletados dados em 6 escolas estaduais envolvendo professores de ciências do ensino fundamental e de biologia do ensino médio. As escolas foram selecionadas de acordo com sua localização e o número de alunos matriculados. As visitas foram previamente agendadas nas escolas para aplicação dos questionários aos professores. O questionário continha questões abertas e fechadas, e foram formuladas com base em temas como: evolução, diversidade biológica, taxonomia, sistemática, filogenia e abordagem da sistemática tradicional nos ensinos médio e fundamental. Após aplicação dos questionários realizou-se uma análise exploratória dos dados obtidos para verificação do grau de conhecimento dos professores da rede em relação a questões propostas referentes à sistemática filogenética no ensino fundamental e médio de Santo Ângelo.

Os resultados obtidos correspondem a 24% das escolas visitadas faltando 76%. Durante os encontros procurou-se esclarecer sobre o que se tratava a sistemática filogenética, e qual o objetivo da aplicação dos questionários. Para respondê-los não foi necessário que os professores se identificassem. O projeto foi aprovado pelo comitê de Bioética da URI. Todos os professores entrevistados trabalham em mais de uma escola, atuando tanto no ensino fundamental como no médio, alguns inclusive, desenvolvendo outras disciplinas, dispondo de pouco tempo ou ausência para dedicar-se a ciência ou biologia. Em relação ao conhecimento sobre sistemática filogenética, tanto os professores mais experientes como aqueles formados mais recentemente disseram nunca terem estudado a sistemática na sua graduação. Segundo os professores, este assunto ainda não é trabalhado em sala de aula com os alunos devido os livros didáticos com os quais trabalham não abordarem o assunto e a própria falta de conhecimento. Verifica-se atualmente que os alunos que chegam a Universidade, não possuem conhecimento em relação a sistemática filogenética. Este fato provavelmente deve estar ligado a formação profissional, pois os  professores que atuam no ensino fundamental e médio não tiveram na sua formação acadêmica a abordagem da sistemática filogenética, e acabam desenvolvendo seus trabalhos desvinculados deste contexto atual o que contribui para um certo atraso, até porque as pessoas tendem a repetir o que aprenderam.

A partir da pesquisa realizada, comprovou-se que os professores realmente desconhecem a abordagem da sistemática filogenética. Percebeu-se ainda que estes têm consciência de que precisam atualizar-se, porém a falta de tempo e recurso são as principais causas mencionadas. Partindo destes fatos, comprova-se a importância de estabelecer uma relação permanente entre a Universidade e as escolas para realização de um trabalho de atualização contínua. Observou-se durante a aplicação dos questionários que foi despertado nos profissionais da escola pública o interesse de dar continuidade aos seus estudos com a finalidade de aprimorarem seus conhecimentos em relação a sistemática filogenética e sua prática cotidiana. Portanto, pode-se dizer que os professores entrevistados durante esta pesquisa precisam ser assessorados para que possam ter condições e estímulo para (re) pensar sua prática pedagógica, o que representará contribuições para a dinamização do processo ensino-aprendizagem em ciências.