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E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 1. Ciência de Alimentos

OTIMIZAÇÃO DA EXTRAÇÃO DA PECTINA DA CASCA DO MARACUJÁ AMARELO (Passiflora edulis flavicarpa)

Eloísa Rovaris Pinheiro 1
Iolanda Moreira Dutra Albuquerque e Silva 1
Reinaldo Francisco Teófilo 2
Márcia Miguel Castro Ferreira 2
Edna Regina Amante 1
Renata Dias de Mello Castanho Amboni 1
(1. Depto. Ciência e Tecnologia de Alimentos/ CCA / UFSC; 2. Instituto de Química / UNICAMP)
INTRODUÇÃO:

O Brasil é o principal produtor mundial de maracujá, sendo a região nordeste o mais importante pólo produtor do País. A casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis flavicarpa), constituída basicamente por carboidratos, proteínas e pectina, representa mais da metade do peso total do fruto, podendo ser utilizada de forma comercial no desenvolvimento de novos produtos, solucionando o problema de acúmulo de resíduos, além de vir a ser uma nova fonte de renda. A pectina é um dos principais constituintes estruturais da parede celular das plantas dicotiledôneas e de algumas monocotiledôneas, sendo conhecida por suas inúmeras propriedades, que permitem seu uso como agente geleificante, espessante e estabilizante. Dependendo do grau de esterificação (DE), as pectinas são divididas em dois grupos: pectina de alto grau de esterificação, com DE maior que 50 % e pectina de baixo grau de esterificação, com DE menor do que 50 %. Pectinas de alto grau de esterificação formam gel a pH baixo (3,0) e com baixa atividade de água, geralmente obtida com altas concentrações de açúcar (> 60 %). A estrutura do gel formado é estabilizada por ligações de hidrogênio e interações hidrofóbicas, enquanto que pectinas de baixa metoxilação requerem um cátion multivalente para formar o gel. O objetivo deste trabalho foi otimizar as condições de extração com ácido cítrico para obtenção de pectina com alto grau de esterificação utilizando metodologia de superfície de resposta.

METODOLOGIA:

As amostras de maracujá amarelo foram obtidas na Central de Abastecimento S.A. (CEASA), localizada na grande Florianópolis. Os maracujás foram higienizados e o flavedo e a polpa foram removidos. As cascas foram cortadas em pequenos pedaços, branqueadas e submetidas a secagem em estufa de circulação de ar a 60 ºC por 12 horas. As cascas secas foram trituradas e moídas até granulometria em torno de 60 mesh. A extração da pectina da farinha da casca do maracujá foi realizada com ácido cítrico em diferentes concentrações e tempos de extração, sob refluxo a 97 °C, centrifugação e precipitação com álcool. A pectina extraída foi seca em estufa de circulação de ar a 45 ºC e triturada até granulometria de 60 mesh. Foi utilizado um delineamento composto central para otimizar as condições de extração da pectina utilizando o ácido cítrico como extrator. As variáveis independentes foram concentração de ácido cítrico (0,086 a 2,94 g%) e tempo de extração (10 a 102 min). Foi investigado o efeito da combinação destas variáveis em relação ao grau de esterificação da pectina.

 

RESULTADOS:
Os resultados do planejamento composto central mostraram que as variáveis, concentração de ácido (x1) e tempo de extração (x2) foram estatisticamente significativas para aumentar o grau de esterificação da pectina extraída. Os modelos de regressão explicaram adequadamente a variação dos dados (R2 = 0,99) e representaram significativamente a relação entre as variáveis independentes e a resposta (grau de esterificação). O modelo linear para concentração do ácido mostrou um efeito negativo sobre o grau de esterificação, enquanto o modelo quadrático apresentou um efeito positivo. Contudo, para a variável tempo de extração, apenas o modelo linear teve influência significativa (p < 0,05), apresentando efeito negativo sobre o grau de esterificação.  A interação entre as duas variáveis apresentou um efeito significativo (p< 0,05) e negativo sob o grau de esterificação.
CONCLUSÕES:

Através da superfície de resposta, estabeleceu-se a condição ótima de 0,086 % de concentração do ácido cítrico e de 60 minutos para o tempo de extração, para obtenção de uma pectina de alto grau de esterificação. A concentração do ácido foi o principal fator que afetou a extração da pectina e que exerceu influência significativa em relação ao grau de esterificação. Quanto menor a concentração do ácido, maior foi o grau de esterificação da pectina.

Instituição de fomento: Capes, CNPq e PRPe/FUNPESQUISA
 
Palavras-chave: Pectina; Grau de esterificação; Planejamento experimental.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006