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F. Ciências Sociais Aplicadas - 9. Comunicação - 2. Comunicação e Educação
A TELEVISÃO COMO FORMADORA DA SUBJETIVIDADE INFANTIL: O QUE ELA SIGNIFICA PARA CRIANÇAS DA 2ª FASE DO 1º CICLO DE UMA ESCOLA PERIFÉRICA DE CUIABÁ?
Aline Wendpap Nunes de Siqueira  1
Maria Augusta Rondas Speller  1
Marineide de Oliveira da Silva  1
(1. Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso)
INTRODUÇÃO:

A relação da educação com a televisão e participação deste último na formação das subjetividades contemporâneas tornou-se nos últimos tempos um tema de grande relevância, devido ao crescente número de horas que as crianças passam diante da tela de tv. Estudar este tema pode auxiliar de alguma forma a educação infantil, seja apenas proporcionando reflexões acerca do assunto ou mesmo despertando as crianças para um novo olhar em relação aos meios de comunicação, principalmente a televisão. Este trabalho pretendeu analisar como as crianças  relacionam-se com a TV: o que dizem dela e que tipos de relações estabelecem com o saber intermediado pela televisão.

METODOLOGIA:

A presente pesquisa embasou-se nos estudos da psicanalista Maria Rita Kehl que freqüentemente trabalha questões sociais de grande relevância contemporânea e em publicações do comunicador Eugênio Bucci. Contando ainda com subsídios psicanalíticos das autoras Maria Cristina Kupfer e Maria Augusta Rondas Speller que trabalham na intersecção Psicanálise e Educação. Utilizou entrevistas e Grupo Focal como métodos. Os sujeitos são crianças de seis a oito anos, provenientes de famílias com baixa renda, cursando segunda fase do primeiro ciclo do ensino básico. As reuniões com os quatro grupos focais (cada um com seis crianças) e entrevistas aconteceram de agosto a dezembro de 2005, na Escola Municipal de Ensino Básico "Oito de Abril" em Cuiabá.

RESULTADOS:

Para os sujeitos, a televisão é uma grande fonte de entretenimento, consideram-na apenas diversão, tanto é assim que majoritariamente vêem desenhos, os jornais (considerados chatos, porque não os entendem) são vistos por indicação dos pais. Muitos preferem assistir TV a brincar. Na visão das crianças, somente a escola é lugar adequado para aprender português, matemática, etc, enfim, conteúdos que,a firmam,  futuramente poderão lhes proporcionar um bom emprego ou um ‘futuro melhor’.

CONCLUSÕES:

Os resultados apontam para uma certa ambigüidade quanto à valoração da tv como meio formador de comportamentos e/ou valores: enquanto algumas crianças afirmam que a tv ensina a roubar, matar e drogar-se, outras dizem o contrário, que ela ensina a não roubar, não matar e a não se drogar. Estas crianças não percebem a tv como intermediária de  aprendizagem,  tarefa tradicionalmente ligada à escola, somente como influenciadora na apreensão do mundo, na ideologia e nos valores. Percebe-se que muitas são levadas ao desejo de consumir o que vêem na tv, moldando seus comportamentos pelo que assistem.

Instituição de fomento: CAPES
 
Palavras-chave: Televisão; Educação ; Psicanálise.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006