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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 1. Lingüística Aplicada
O TRABALHO DO PROFESSOR COM A DIVERSIDADE DE GÊNEROS TEXTUAIS
Luana Candida de Carvalho 1
Silvane Aparecida de Freitas Martins 2
(1. GRADUANDA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL / UEMS; 2. ORIENTADORA, PROFª. DRª. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL / UEMS)
INTRODUÇÃO:

É por meio da leitura que o aluno adquire subsídios para questionar, desenvolver habilidades cognitivas, ampliar a competência comunicativa e a percepção crítica dos fatos. Cabe à escola, formar o leitor capaz de interpretar e compreender os fatos, complementar, concordar ou discordar das leituras realizadas, usando sua criticidade para analisar os conteúdos propostos. No entanto, observa-se que os métodos utilizados no processo ensino/aprendizagem ainda são tradicionalistas, fundamentados, sobretudo, no livro didático, que geralmente, traz uma concepção de leitura restrita à decifração do código. Portanto, contrárias a esta perspectiva, muitas escolas, têm buscado adotar  a concepção sócio-interacionista, defendendo o princípio de que a leitura ativa é indispensável ao avanço do educando e que a escola precisa desenvolver uma aprendizagem condizente às necessidades sociais da criança, primando pelo trabalho com a diversidade de gêneros textuais para aguçar o gosto pela leitura no educando. Assim sendo, temos as seguintes questões de pesquisa: Será que os professores de língua materna do ensino fundamental (4ª série) estão sabendo criar as condições adequadas para a efetivação da prática de leitura? Estão dando ênfase na diversidade de gêneros textuais? Quais os gêneros textuais privilegiados pela escola e/ou pelo professor em sala de aula? Trabalham a leitura de acordo com qual abordagem? As estratégias utilizadas têm aguçado a visão crítica do educando perante a sociedade?

METODOLOGIA:

Para efetivarmos esta pesquisa, primeiramente, buscamos diferentes leituras para nos embasar sobre a temática. Em seguida, foi iniciada a pesquisa de campo em duas escolas diferentes, tendo como objetivo observar o professor de língua materna da 4° série do ensino fundamental, oportunidade em que foram realizadas anotações sobre as estratégias utilizadas pelo professor para incentivar a leitura, bem como, por meio de um questionário semi-estruturado, levantamos quais os principais gêneros textuais trabalhados  pelo professor em sala de aula e como este escolhe os textos para se trabalhar em sala de aula. A análise dos dados coletados foi realizada na perspectiva da pesquisa qualitativa, uma vez que nosso objetivo não é a mera quantificação, mas, especialmente, interpretar os dados coletados, tecer significados e considerações a partir das observações realizadas. Para isso, buscamos algumas leituras nas teorias iniciais da Análise do Discurso de linha francesa (AD), uma vez que se pretende fazer uma leitura dos dados relacionando-os com a situação sócio-político-ideológica de nossa sociedade e as tramas discursivas que pode haver nas razões de se investir ou não no incentivo à leitura.

RESULTADOS:

Pôde-se observar dentre as pesquisas realizadas (bibliográfica e campo) que os professores não estão criando condições adequadas para a efetivação da prática de leitura e conseqüentemente não estão enfatizando a diversidade de gêneros textuais, pois adotam o método tradicional, tendo como fonte de pesquisa, sobretudo, o livro didático. Sabe-se que esses manuais são dotados de saberes prontos e acabados, ditando verdades para o professor, como o que deve fazer, ler, dizer e trabalhar nas aulas, não propiciando assim a formação de um leitor reflexivo e critico. Percebeu-se acomodação dos professores em relação à facilidade e praticidade de se usar esses manuais, sendo assim, trabalham apenas com os gêneros trazidos pelo livro didático, sendo que estes não trazem os gêneros de maior circulação social como sermões, canções, receitas, bulas etc. Ao contrário, enfocam o estudo, por exemplo, do conto, do romance, dentre outros, cujas temáticas, em sua grande maioria, são do século passado, o que prejudica o educando do ensino fundamental relacionar o que lê com o que vive. Quando não, o professor acostumado com esta perspectiva não consegue adequar-se a outra, pois não tem fundamentação teórica suficiente para trabalhar não só a leitura de forma reflexiva e crítica, como também não sabe o que fazer com a diversidade de gêneros em sala de aula.

CONCLUSÕES:

Partindo do pressuposto de que a abordagem sócio-interacionista de Vigotysk é a mais aceita e recomendada, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, pois enfoca o educando como um ser dotado de conhecimentos prévios e o professor como mediador do conhecimento sistemático e assistemático. E sabendo que esta abordagem prioriza o ensino da leitura ativa como ato prazeroso e condizente com a realidade do educando, conclui-se que em nossa sociedade há uma grande deficiência na formação de leitores que gostem de ler, saibam interpretar, compreender, discutir e apontar soluções, não só por se trabalhar com o material didático, mas por este ser uma das fontes de referência bibliográfica mais utilizada pelos professores.

 

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UEMS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: leitura; gênero textual; leitor.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006