IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional

PERCEPÇÃO DO AMBIENTE ASILAR PELO IDOSO INSTITUCIONALIZADO

Magda Fernanda Lopes de Oliveira Andrade 1
Luana Diógenes Holanda 2
(1. Aluna de TO da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL; 2. Mestre em Psicologia, terapeuta ocupacional, professora da UNCISAL.)
INTRODUÇÃO:
A terceira idade é uma nova fase da vida, cheia de desafios como em qualquer outro período da existência, ser idoso não significa inutilidade e ausência de novos projetos. A idade senil é uma fase do desenvolvimento humano, cheia de transformações nos âmbitos biológico, psicológico e social. Estas modificações atingem cada um de forma diferenciada, o que leva os idosos a apresentarem as mais diferentes reações. O envelhecimento populacional em todo o mundo é um acontecimento incontestável, diante desse crescimento populacional e das dificuldades sócio-econômicas cotidianas, o número de idosos em instituições do tipo asilar tem aumentado. A problemática da alteração ambiental e sua interferência na qualidade de vida dos indivíduos tem sido um tema amplamente discutido, haja vista a relação bidirecional entre o homem e o meio ambiente. Vê-se necessário através dos referenciais da Psicologia Ambiental e da Representação Social, investigar como o idoso institucionalizado acolhe e percebe as características do ambiente asilar, a fim de contribuir com intervenções ambientais favoráveis. A hipótese é a existência de percepção negativa pelo idoso institucionalizado, já que a instituição asilar é considerada pela Organização Pan-americana de Saúde (2002) como a última alternativa para o amparo e cuidado ao idoso.
METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada no Abrigo masculino São Vicente de Paulo, na cidade de Maceió/Alagoas. A cada idoso interessado em participar da pesquisa foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os critérios para a seleção da amostra foram: ser o idoso morador do Abrigo São Vicente de Paulo, com tempo de admissão na instituição entre 06 meses e 15 anos, faixa etária entre 55 e 90 anos, boas condições visuais e auditivas e ausência de psicopatologia. Optamos por fazer uma abordagem qualitativa adaptada aos idosos, por entender que, através dela é possível perceber os sentimentos e significados das percepções do ambiente asilar e suas repercussões na vida do idoso institucionalizado, que passou por transformações emocionais, físicas e sociais. A intervenção iniciou com dinâmicas de grupo e aplicação de um questionário, com o objetivo de coletar dados sobre a instituição, a parte física e o funcionamento, bem como o comportamento de cada idoso e o seu relacionamento com o ambiente. Posteriormente foram tiradas fotografias dos espaços da instituição mais identificados pelos idosos, foram mostrados ao idoso e associados à escala de faces caucasianas de Paul Ekman (1990), que são: raiva, medo, surpresa, nojo, alegria e tristeza, com a seguinte instrução: “aponte a face que mostra como você se sente quando olha a fotografia desse espaço do abrigo”.

RESULTADOS:

Participaram do estudo 15 idosos do sexo masculino, com faixa etária média de 70,1 anos e tempo médio de admissão na instituição de 04 anos e 02 meses. Quanto à naturalidade, 11 idosos 73,3 % são do interior do Estado, 01 idoso 6,6% é natural de Maceió e 03 idosos 20% são de outros Estados do Nordeste. Apenas 03 idosos 20% não possuem filhos, e um desses 6,6% é solteiro. Todos relataram possuir bom relacionamento com os companheiros. Os motivos de morarem no abrigo variam entre o abandono familiar e uma condição sócio-econômica precária. De vinte fotografias tiradas, sete foram selecionadas segundo o critério de diversidade de cenário e qualidade fotográfica como as mais representativas do abrigo na visão dos idosos. As fotografias escolhidas representam: a Entrada do Abrigo, a Enfermaria, o Quarto, a Igreja, a Sala de refeição, a Área de lazer e a Cozinha. O sentimento de alegria foi o mais apontado, na Entrada do Abrigo e no Quarto 53,3%, na Igreja 73,3%, na Sala de Refeição 66,6%, na Área de Lazer 46,65% e na Cozinha 60%, com exceção da Enfermaria, onde a tristeza 33,3% e o medo 26,6% foram os mais identificados. O estudo proporcionou o conhecimento das condições e características ambientais, incluindo as condições físicas, as rotinas diárias e as relações interindividuais, além da compreensão da palavra abrigo na ótica do idoso institucionalizado.

CONCLUSÕES:

O estudo demonstrou que a percepção do ambiente asilar pelo idoso institucionalizado é positiva, pois os diversos espaços da instituição foram, em sua maioria, associados pelos idosos ao sentimento de alegria. Os idosos demonstraram satisfação em relação ao ambiente e laços de afeto entre companheiros e funcionários, contrariando a hipótese inicial de percepção negativa. A palavra abrigo foi entendida pelos idosos, em sua maioria, como um lugar que representa sua morada familiar, mas também foi identificada como resultado de decepções e derrotas vividas. Os idosos de menor idade perceberam a instituição asilar apenas como um lugar de passagem, e demonstraram que os seus problemas familiares, de moradia e financeiros serão resolvidos e sua vida retornará ao curso “normal”. Enquanto os outros, de idade mais avançada, perceberam a instituição asilar como o último lugar da sua caminhada terrestre, pensam em sair dali só com a vinda da morte. O idoso institucionalizado expressou a sua percepção em relação ao ambiente asilar; suas emoções e reações frente ao meio ambiente, as relações entre os companheiros, os sentimentos diante do seu contexto social; seus limites, anseios, suas histórias, com frustrações, aprendizados e conquistas.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas- FAPEAL
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: idoso; asilo; percepção.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006