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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
DÉFICIT FUNCIONAL PÓS-RADIOTERAPIA
Brenno Andrico da Silva Minarrini 1
Tâmara Santos Diniz 1
Ana Paula Barbosa Mazzini 1
Ana Carolina Hastenreiter Verdeiro 1
Flávia Maria Ribeiro Vital 2
Lucio Flávio Sleutjes 1
(1. Faculdade de Minas - FAMINAS; 2. Centro Brasileiro de Oncologia - CBonco)
INTRODUÇÃO:
À medida que o câncer vem se tornando uma doença crônica com o aumento da sobrevida, torna-se iminente a necessidade de oferecer uma máxima funcionalidade e qualidade de vida aos seus sobreviventes. Apesar da radioterapia ser um tratamento efetivo no combate ao câncer ela pode levar a vários efeitos colaterais os quais devem ser cuidadosamente avaliados e tratados objetivando uma maior funcionalidade e qualidade de vida. Para avaliação funcional de pacientes oncológicos tem-se utilizado com freqüência as Escalas FIM e de Karnofsky, entretanto, muitos dos pacientes que recebem baixas pontuações nestas Escalas não são encaminhados para os serviços de reabilitação.
METODOLOGIA:
Por via telefônica foram contatados todos os pacientes submetidos à radioterapia do período de março de 2004 a agosto de 2005, e foi aplicado um questionário padronizado para identificar os principais sintomas ou seqüelas durante ou após o tratamento radioterápico, além da escala analógica da dor, escala FIM e escala Karnofsky. Foram colhidos os dados do prontuário quanto a sexo, idade, local do tumor, se havia metástases, classificação TNM, dose total da radioterapia, número de aplicações da radioterapia, data do início e término da radioterapia.
RESULTADOS:

Um levantamento amplo das necessidades dos indivíduos com câncer identificou 438 entre 805 pacientes que necessitavam de reabilitação física, esse problema ocorreu com todos os tipos de tumor, sendo que para os do SNC, mama, pulmão e cabeça e pescoço os problemas estavam presentes em  +70% dos casos. Entretanto, a maioria destes pacientes não eram identificados e encaminhados para a reabilitação.1 Observou-se que neste estudo a proporção parece ser semelhante, 57,2% apresentaram algum sinal, sintoma ou seqüela durante ou após a radioterapia pertinente à fisioterapia, ou 31% apresentaram pontuação menor ou igual a 70 na Escala Karnofsky. E em nosso estudo, pela população avaliada, as complicações foram mais freqüentes nos pacientes que receberam radioterapia para câncer de mama, próstata, cabeça e pescoço, útero, esôfago e pulmão. Portanto, ainda são vários os efeitos colaterais da radioterapia e o número de pacientes que poderiam se beneficiar com uma reabilitação física, mas que, no entanto não são encaminhados para tal.

Portenoy estimou que cerca de 70% dos pacientes com câncer têm dor relacionada ao câncer que exigirá tratamento durante o curso de sua enfermidade. Este mesmo percentual foi encontrado em nossos pacientes.2

O’Toole tentou parear os indicadores da escala Fim com a Escala Karnofsky, encontrando categorias semelhantes, e demonstrou que 70% dos pacientes mantinham ou melhoravam seu status funcional após 90 dias de reabilitação, indicando assim estas escalas como uma forma de identificar e quantificar o estado funcional de pacientes com câncer.3 Ao realizar nosso estudo, utilizamos destas duas escalas também, e foi possível observar que a escala Karnofsky é mais sensível para identificar déficits funcionais, entretanto a escala FIM é mais específica para identificar estes déficits, no entanto, ainda houve divergências quando o questionário específico de sinais, sintomas e seqüelas foi aplicado de acordo com o tipo de tumor na tentativa de identificar complicações mais comuns relacionadas ao local do tumor. Pois, ao identificar os 25 pacientes que foram encaminhados para a fisioterapia, apenas 4 deles tinham pontuação menor ou igual a 70 na escala Karnofsky, apenas 6 pacientes tinham pontuação menor ou igual a 5 nos itens da escala FIM  e nenhum possuía pontuação total menor ou igual a que 90 na escala FIM. Portanto, vê-se a necessidade de criação de uma escala tão sensível quanto específica para identificar precocemente os pacientes submetidos ao tratamento oncológico que necessitariam de reabilitação física.

CONCLUSÕES:
As complicações advindas do tratamento do câncer ainda são subdiagnosticadas e subtratadas. Há uma necessidade de escalas mais precisas para identificar as complicações mais comuns nesta população específica, pois só assim estaremos tratando o paciente como um todo, focalizando a sua normalização funcional e da qualidade de vida.
Instituição de fomento: Faculdade de Minas- FAMINAS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Déficit Funcional; Câncer; Fisioterapia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006