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D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População

ALIMENTAÇÃO ESCOLAR : AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO DO MUNICÍPIO DE MURIAÉ  E SUAS INTERVENÇÕES

Fernanda Helena da Silva Almeida 1
Eliana Carla Gomes de Souza 1
(1. Faculdade de Minas / FAMINAS)
INTRODUÇÃO:

A alimentação saudável e adequada, principalmente em idade de crescimento e maturação biológica, constitui fator funcional para o desenvolvimento humano.

Diante deste fato, torna-se necessária a preocupação com a alimentação escolar, já que esta substitui uma refeição e para algumas crianças ela é a principal refeição diária.

É na infância que se fixam atitudes e práticas alimentares que poderão persistir por toda idade adulta, por isso a necessidade de uma intervenção das escolas por uma dieta sadia e nutritiva, baseada nos padrões de qualidade nutricional. Parte daí a preocupação dos profissionais da saúde, principalmente dos Nutricionistas, de que a merenda ofereça a quantidade e qualidade de nutrientes necessárias para garantir além do desempenho escolar ótimo, uma melhor qualidade de vida.

O objetivo deste estudo foi verificar o valor nutricional da merenda escolar oferecidas nas instituições de ensino da rede pública e privada do município de Muriaé - MG e suas intervenções para que a escola seja este agente formador de bons hábitos, promovendo educação e saúde.

A escola se apresenta como um espaço e um tempo privilegiados para promover além de educação, a promoção também à saúde.

A preocupação maior do Nutricionista é oferecer uma alimentação adequada que supra pelo menos 15% das necessidades nutricionais diárias dos alunos, e para isso, cada refeição deve conter, pelo menos um alimento de cada grupo alimentar: construtores, energéticos e reguladores.

A alimentação escolar deve propiciar a base prática para uma alimentação adequada, contribuindo para o trabalho pedagógico, possibilitando melhor concentração e outras condições físicas que influenciam na aprendizagem assim como para a qualidade de vida dos alunos. (SILVEIRA, 2005)

Por isso a necessidade da intervenção da escola, em usar este cenário escolar para conduzir a alimentação de seus alunos na busca de uma vida mais saudável.

O Nutricionista tem aí a oportunidade de desenvolver outros papéis além daquele de administrador de refeições que suavizam o efeito da pobreza sobre a população carente, como se fosse essa a única função dos programas de suplementação alimentar. Desenvolvendo seu potencial como educador em nutrição, deve estar presente na transformação do espaço da merenda escolar em um ambiente de promoção da saúde e de aprendizagem, considerando que a alimentação saudável se inclui nos requisitos definidos pela Organização Panamericana de Saúde/Organização Mundial de Saúde para a escola que promove saúde no ambiente escolar e comunitário (Azevedo, 1999).

METODOLOGIA:

Foi elaborado um questionário onde foram abordados dados como: as faixas etárias dos alunos, os horários de intervalos utilizados para alimentação, os cardápios oferecidos durante a semana e suas possíveis alterações. Esse questionário foi aplicado em visitas às escolas da rede de ensino privada e pública - municipais e estaduais, da cidade de Muriaé -MG, em entrevista aos seus responsáveis.

Para avaliar a qualidade nutricional das merendas, foi utilizada como referência a pirâmide alimentar, que é um guia de orientação para se adquirir e manter uma alimentação saudável.

Essa avaliação consistiu em verificar a presença e freqüência dos grupos alimentares (carboidratos, vitaminas e minerais, proteínas, e lipídios) nas refeições oferecidas pelas escolas.

Os dados foram computados e analisados, referenciando o número de porções ideais para a faixa etária e os nutrientes presentes nestes grupos de alimentos.

 

RESULTADOS:

Os resultados obtidos revelam que as instituições de ensino, pública e privada, apresentam uma quantidade energética muito superior à recomendada, com maior preocupação em atender ao teor protéico das merendas. Mostrando-se inadequadas em relação às vitaminas e minerais, em decorrência do escasso consumo de hortaliças, frutas e leite, alimentos fontes desses nutrientes.

A rede pública mantida pelo PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar (Ministério da Educação), também conhecido como Merenda Escolar, tem o objetivo de complementar a alimentação dos alunos, contribuindo para que permaneçam na escola, tenham bom desempenho escolar e bons hábitos alimentares, pode ser atendida através de 2 (dois) modelos: o modelo centralizado, em que os alimentos da merenda são comprados pela prefeitura e distribuídos às escolas, e o modelo escolarizado, em que a prefeitura repassa o dinheiro da merenda para as escolas ou para as creches, que ficam responsáveis pela compra dos alimentos (PASCHOA, 2005).

No entanto, o que parecia ser um diferencial importante, não apresentou nenhuma diferença positiva na execução de seus cardápios. As escolas municipais e estaduais apresentaram-se semelhantes em relação ao oferecimento de refeições completas e outras ricas apenas em proteínas, carboidratos e lipídios.

As creches vêm oferecendo, em maior número refeições mais completas, intercalados entre refeições com deficiência de vitaminas e minerais. Requerendo maior atenção, por estarem aí os indivíduos que estão na fase de pleno crescimento e desenvolvimento, fase esta em que as crianças se encontram em um período de transição alimentar, ideal para a eficaz educação nutricional.

Na rede particular, os objetivos da alimentação escolar são os mesmos instituídos na rede pública: suprir parcialmente as necessidades nutricionais dos alunos, melhorar a capacidade no processo ensino-aprendizagem e formar bons hábitos alimentares (PASCHOA, 2005).

A principal diferença está no fato de que nas instituições de ensino da rede privada, não há um índice nutricional a ser cumprido, tendo assim a liberdade de defini-lo, já que a refeição oferecida ao aluno da escola privada não é a única do dia, como na realidade de boa parte dos freqüentadores da escola pública. Entretanto, não se pode negligenciar a qualidade da alimentação oferecida e sim, buscar-se engajar nesse movimento de mudanças de hábitos.

Das escolas privadas entrevistadas, nenhuma delas forneceram refeições completas, sendo observada um maior número de refeições compostas apenas de carboidratos, lipídios e proteínas, ou seja, maior consumo de energia. O que tem sido uma grande preocupação dos profissionais de saúde, pois na medida em que há desequilíbrio no consumo com aumento da ingestão, ocorre maior risco de sobrepeso e a obesidade.

 

CONCLUSÕES:

Ao avaliarmos a alimentação escolar das instituições de ensino da rede pública e privada, conclui-se que a escola um dos principais agentes promotores da educação nutricional, ainda não desempenha seu papel com êxito.                                                                                  As escolas atendem apenas a necessidade protéica e calórica, mantendo suas merendas inadequadas em relação à utilização de vitaminas e minerais, omitindo em seus cardápios, as hortaliças, frutas e leite, alimentos estes ricos nesses nutrientes. O consumo de alimentos densamente calóricos em prejuízo daqueles ricos em proteínas e outros nutrientes como vitaminas e minerais, levam além de sobrepeso e obesidade, à deficiência de ferro e cálcio, precária saúde bucal e até hipertnsão, devido a inversão da pirâmide alimentar.

O fator econômico não demonstrou-se favorável em relação à busca por uma alimentação adequada, sendo as instituições de ensino da rede privada a de pior qualidade nutricional.

As escolas estaduais e municipais, apesar de serem atendidas por diferentes modelos (escolarizado e centralizado), apresentam-se semelhantes, em relação à insuficiência em atender a necessidade de nutrientes como vitamina e minerais, indispensáveis nesta fase da vida.

As creches apesar de apresentarem melhor qualidade nutricional, ainda não se apresentam adequadas, requerendo maior preocupação com seus freqüentadores.

A alimentação escolar deve atender às necessidades nutricionais das crianças e adolescentes, não só em quantidade como em qualidade, apresentando harmonia entre os grupos energéticos, construtores e reguladores com a devida adequação aos indivíduos a que se destina.

A escola deve buscar ser um formador de hábitos saudáveis, em parceria com a família, que também desempenha papel fundamental, entretanto, as merendas escolares não apresentaram características para tal formação. Nota-se que as instituições de ensino, pouco tem feito para intervir na promoção de uma alimentação saudável e adequada. Não participando assim, da formação de uma reeducação alimentar, e bons hábitos aos seus alunos.

Lembrando que, somente por meio de uma alimentação variada, estaremos garantindo uma alimentação nutritiva que auxilie na saúde e no bem-estar em todos os ciclos da vida.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Qualidade Nutricional; Alimentação Escolar; Intervenção das instituições de ensino.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006