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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
ESTÁGIO SUPERVISIONADO: UM ESTUDO A PARTIR DAS SIGNIFICAÇÕES SOCIAIS CONSTRUÍDAS SOBRE O CURSO DE PEDAGOGIA /CE/UFSM.
Neridiana Favia Stivanin 1
Helenise Sangoi Antunes 1
(1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA/PPGE/CE/UFSM.)
INTRODUÇÃO:

Essa pesquisa buscou investigar como são construídas as significações sociais a partir das experiências vivenciadas no período de estágio supervisionado. Segundo Antunes (2005) essa fase compõe uma etapa desafiante e significativa da trajetória docente. Neste período da graduação, convergem muitas perspectivas: em relação ao curso, as práticas educativas a serem desenvolvidas e aos problemas educacionais de um modo geral. É no período de estágio supervisionado que as acadêmicas experimentam-se enquanto pessoa e profissional, testando e questionando seus conhecimentos adquiridos durante o curso, direcionando suas ações de forma prática, de acordo com as concepções de educação em que acreditam. A pesquisa teve como objetivos principais investigar quais as significações sociais construídas pelas estagiárias com relação à organização curricular do curso de Pedagogia CE/UFSM, seus processos formativos vivenciados frente ao currículo existente e sobre a construção de sua identidade profissional. Além disso, procurou entender como as colaboradoras percebiam essa passagem de ser aluna para ser professora Antunes (2002).

METODOLOGIA:

A metodologia utilizada para o desenvolvimento dessa pesquisa caracterizou-se por uma abordagem qualitativa Bogdan; Biklen(1994) com 2 estagiáras do curso de Pedagogia Habilitação: Matérias Pedagógicas do 2º Grau e Magistério para Séries Iniciais.  Um dos instrumentos utilizados na pesquisa foram os relatos autobiográficos Nóvoa(1992), através dos mesmos foi possível perceber aspectos relevantes das histórias de vida de cada sujeito, possibilitando uma aproximação com a memória docente, suas lembranças e suas escolhas profissionais. Outro elemento utilizado neste estudo foram as entrevistas semi-estruturadas, estas por sua vez evidenciaram um modo de aproximação com os sujeitos da pesquisa e de acordo com Deslandes (1994), este instrumento engendra a pesquisa aberta e com isso permite ao informante falar livremente sobre o tema proposto, de acordo com Bogdan; Biklen(1994) “as boas entrevistas produzem uma riqueza de dados, recheados de palavras que revelam as perspectivas dos respondentes. As transcrições estão repletas de detalhes e exemplos”. Os diários de aula também contribuíram para subsidiar este trabalho, Holly (1992) destaca que estes registros escritos demonstram a passagem significativa do ciclo profissional que configura o dualismo entre ser aluna e ser professora, a relação entre a teoria e a prática e os confrontos com a realidade do cotidiano escolar. 

RESULTADOS:

Os principais resultados alcançados dizem respeito à necessidade de uma maior relação estabelecida pelo formador entre o conteúdo das disciplinas do curso com a realidade futura que as acadêmicas irão atuar. Notou-se também a importância da participação em projetos de ensino, pesquisa e extensão durante o curso, a qual possibilita o contato com a realidade, e o aprimoramento profissional. Evidenciou-se assim, que a identidade profissional das colaboradoras constitui-se em um processo de construção estabelecendo uma coerência entre as histórias de vida, os saberes e a escolha profissional. É possível perceber também o conflito que se instala no período de estágio com relação a ser aluna e ser professora, considerando que ao passo que estão em sala de aula vivenciando esta realidade, não se sentem “responsáveis legítimas” da turma.

CONCLUSÕES:

A importância destinada a maior relação estabelecida pelo formador entre as disciplinas trabalhadas e a prática de sala de aula pelas colaboradoras da pesquisa, evidência o mito da prática Antunes (2001). Assim, as colaboradoras acreditam que somente a prática irá resolver os problemas. Sem darem-se conta da necessidade do equilíbrio entre a teoria e a prática, pois a teoria elucida os problemas da prática e a prática ilustra as questões da teoria. A valorização da participação em projetos de pesquisa, reflete a preocupação demonstrada pelas acadêmicas em relação a qualificação na formação inicial, consideram que essas experiências contribuem para sentir-se mais seguras em praticar a docência. De um modo geral, as colaboradoras da pesquisa entendem sua identidade docente como algo inacabado, acreditam que sua identidade está em construção Pimenta (2005), podendo modificar-se no decorrer de sua trajetória educativa. Assim o estágio, segundo elas, permitiu o estabelecimento de uma valiosa e significativa experiência no contato inicial com a realidade educativa, considerando aqui a antiga grade curricular do curso de Pedagogia, a qual propiciava esse contato apenas no final do curso, no estágio supervisionado. Apesar de ainda não sentirem-se professoras “legítimas” das turmas que assumiram no estágio, as colaboradoras demonstram que essa vivência foi crucial, pois possibilitou um exercício significativo neste contato real com a sala de aula e no dinamismo que a compõe.

 
Palavras-chave: Estágio; Formação; Identidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006