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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública

HIPERTENSÃO ARTERIAL EM PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA – MITO OU REALIDADE

 

Jeová Alves de Souza  1
Inácia Sátiro Xavier de França  1
(1. Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB)
INTRODUÇÃO:

A hipertensão arterial é uma das principais causas de morte em todo o mundo. O Brasil possui elevado índice de hipertensos, inclusive de jovens na faixa etária de 20 anos, sendo tal patologia responsável por dois terços dos óbitos da população. Segundo o ministério da saúde a hipertensão tem mostrado prevalência de 10% do número de casos já existentes, o que aumenta os gastos com o SUS. Neste contexto, o estilo de vida e a classe sócio-econômica a qual o indivíduo pertença também possui íntima relação com a hipertensão, que tem causas multifatoriais, dentre elas, a ausência de tônus muscular esquelético devido a influência do tônus vaso motor simpático na permanência da elevação da PA. No caso do paciente tetraplégico ou paraplégico a HA pode estar relacionada com a disreflexia, do mesmo modo que, em geral, os portadores de deficiência nos membros inferiores possuem maior risco para a HA. O Brasil conta com  24. 537.984 pessoas portadoras de alguma deficiência física, havendo na Paraíba 271.591 desses casos. Em Csampina Grande-PB, residem cerca de 30.000 portadores de deficiência. Considerada a magnitude da hipertensão arterial, cujas conseqüências se refletem na morbimortalidade, este estudo pretende alcançar o seguinte objetivo: Investigar a prevalência de hipertensão arterial em portadores de deficiência física residentes em Campina Grande-PB.

 

METODOLOGIA:

Estudo descritivo realizado no período de agosto de 2005 a janeiro de 2006, com pessoas que trabalham na Zona Azul do trânsito de Campina Grande-PB. A população foi composta por todos os portadores de deficiência física que estavam trabalhando nesse setor durante o período da coleta de dados. Foram inclusos na amostra 20 portadores de deficiência física que trabalham na Zona Azul e que aceitaram participar do estudo. Foram utilizados antropômetro, balança antropométrica, esfigmomanômetro e um questionário com questões objetivas e subjetivas abordando as seguintes variáveis: condição sócio-econômica, medidas antropométricas, percepção de saúde, hipertensão arterial, estresse e apoio social, tabagismo, álcool, saúde do adulto e atividade física. Realizou-se estudo-piloto com a primeira forma do questionário para validar o instrumento e estabelecer a redação definitiva. Cada participante assinou o Termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados foram agrupados e tratados através da estatística descritiva. Em seguida, foram distribuídos em tabelas e gráficos e analisados à luz de multireferenciais.

 

RESULTADOS:

O quantitativo de homens que portam algum tipo de deficiência é superior ao de mulheres. Constituiram-se causa de deficiência: Poliomielite (65%), malformação congênita (10%), deformidades da coluna (10%), artrite reumatóide (10%), fratura exposta de colo de fêmur (5%). A faixa etária vai de 26 a 45 anos. 11 homens e 2 mulheres são casados, 3 homens e 4 mulheres são solteiros. Em relação aos homens identificou-se: (30%) não completou Ensino Fundamental, (5%) completou; (10%) não completou o Nível Médio, (25%) completou. As mulheres, (20%) não completou o Ensino Fundamental, (5%) completou; (5%) não completou o Ensino Médio. Trabalham trinta e seis horas semanais, recebem salário mínimo. Todos relataram intolerância a deambulação quando além de 50 metros. (50%) das mulheres afirmaram intolerância a postura em pé e perda de força nos membros impedindo levantar peso superior a 2 Kg. Dos 20 sujeitos, 16 têm PA normal e 4 são hipertensos; 10 afirmam antecedentes familiares de hipertensão, 8 negam e 2 não informaram. (5%) apresentou IMC abaixo do padrão normal, (60%), o padrão normal; (25%), sobrepeso e (10%), obesidade. (20%), são tabagistas e (25%) etilistas. Apenas os homens praticam esporte no final de semana. (75%) têm PA normal; (5%) estão na faixa limítrofe para hipertensão arterial; (20%), hipertensos de estágio I. Todos os sujeitos desconheceram malefícios de maus hábitos alimentares, mas afirmaram malefícios do álcool, cigarro e sedentarismo.

 

CONCLUSÕES:

Esperava-se que os participantes por terem mobilidade física prejudicada apresentassem elevado índice de hipertensão o que não se comprovou com a análise dos dados, pois só 4 homens apresentaram índices pressóricos compatíveis com hipertensão. Entretanto, a mobilidade física prejudicada, a intolerância a exercícios físicos, a própria fragilidade músculo-esquelética, os maus hábitos alimentares os torna propensos a obesidade e, conseqüentemente, a hipertensão. Os resultados desse estudo demonstram que a deficiência física se constitui um problema de saúde pública e requer o empenho das entidades governamentais, das empresas, dos órgãos de saúde no sentido de fornecer melhor instrução educacional, condição sócio-econômica e educação em saúde de modo a possibilitar a promoção da saúde dessas pessoas.

 

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UEPB-COTA-2005-2006
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Enfermagem; hipertensão; saúde.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006