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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional

ELETROESTIMULAÇÃO (EE) ASSOCIADA A CINESIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA - UM ESTUDO DE CASO.

Tuany Pereira Maria 1
Mariana Veras Coan 1
Soraia Cristina Tonon 2
Gesilani Júlia da Silva Honório 2
(1. Acadêmica de Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC; 2. Prof. Ms. da Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC)
INTRODUÇÃO:

A Bexiga Hiperativa é uma classificação de Incontinência Urinária onde há presença de contração vesical durante a fase de enchimento desencadeada espontaneamente ou em resposta a estímulos; é demonstrada de forma objetiva resultando em micções freqüentes e sem controle. A paciente tem sensação de plenitude vesical por diminuição da complacência da musculatura detrusora.

A utilização da eletroestimulação na reeducação perineal através de uma corrente confortável pode ser utilizada para inibição das contrações da musculatura detrusora além de induzir passivamente a contração dos músculos elevadores do ânus.

A cinesioterapia, por sua vez, baseia-se nos conceitos de que os movimentos voluntários repetidos dos músculos estriados produzem aumento da força muscular e melhora do tônus do esfíncter periuretral. Utiliza uma diversidade de exercícios que visam o fortalecimento dos músculos perineais. Assim como melhoram o reflexo sacral para inibição do detrusor.

No âmbito de uma reeducação perineal global a fisioterapia, através da cinesioterapia e da eletroestimulação, vem permitindo à mulher um tratamento eficaz para a melhora e/ou cura da Incontinência Urinária possibilitando muitas vezes descartar uma intervenção cirúrgica.

O objetivo deste trabalho foi demonstrar a eficácia da eletroestimulação (EE) associada à cinesioterapia no tratamento da Incontinência Urinária de Urgência.

METODOLOGIA:

Os dados foram obtidos no Ambulatório da Maternidade Carmela Dutra, em Florianópolis/SC, no Projeto de Extensão “Fisioterapia Aplicada a Incontinência Urinária” do CEFID/UDESC.

Paciente de 78 anos; queixa de “perda de urina sem perceber”; sedentária; HAT; menopausa em 1984; Gesta 7; Para 7 (PN). As complicações da IU surgiram na pós-menopausa, 3 meses antes do tratamento fisioterapêutico.

A avaliação foi realizada através de ficha com dados pessoais, história atual e pregressa. Biofeedback de pressão contendo display com escalas de intensidade da contração muscular e sensor intravaginal inflável que gradua e conscientiza quanto à mesma.

O Diário Miccional foi utilizado como método de avaliação da terapia e programação da rotina miccional (terapia comportamental), com questões para conhecer a freqüência miccional, ingesta de líquidos e atividades efetuadas.

As técnicas utilizadas foram a EE e Cinesioterapia. O eletroestimulador com sonda intracavitária e emissor de pulso bipolar com compensação simétrica foi utilizado nos modos Inibição do Detrusor (ID) e Reforço Perineal (RP), com f=5Hz e f=20 Hz, respectivamente. Tempo de 20min para o modo ID e 8min para RP. A média de intensidade foi de 32mA para ID e de 31,67mA para RP.   

A cinesioterapia, com contração do assoalho pélvico (fibras rápidas e lentas), foi realizada nas posturas decúbito dorsal e ortostática com perineômetro na escala fácil. Foram realizadas 6 sessões, 2x/semana, com duração de 50 min, entre 28/09 a 14/10/2005.

RESULTADOS:

A queixa inicial relacionada a perda de urina sem percepção consciente teve melhora a partir da 3ª sessão, juntamente com maior facilidade para reter a urina ao primeiro desejo miccional forte.

A freqüência miccional de 8-9 micções por dia passou para 6 e 4-5 por noite para 1.

Inicialmente não apresentava consciência da contração perineal, utilizando musculatura abdominal, após as sessões foi observado melhora da atividade da contração perineal, porém ainda com leve contração sinérgica abdominal.

O AFA (Avaliação Funcional do Assoalho Pélvico) inicial de grau 2 passou para 3.

A programação miccional foi estabelecida a cada sessão, segundo relato da paciente, em relação aos hábitos miccionais e a capacidade de retenção. Desta forma, a programação evoluiu os intervalos miccionais de 30 em 30 min, chegando a 2h e 30min ao final das 6 sessões.

A paciente demonstrou evolução das contrações no perineômetro na escala fácil para escala intermediária de resistência à contração e da postura inicial em decúbito dorsal para posição sentada e ortostática.

Ao final das 6 sessões observou-se melhora em relação à tolerância da paciente à eletroestimulação com aumento da intensidade utilizada na terapia de 15mA para 42mA na ID e no RP de 20mA para 35mA.   

CONCLUSÕES:

O estudo realizado demonstrou que a abordagem fisioterapêutica foi fundamental para o tratamento da Bexiga Hiperativa, pois além de manter a integridade física da paciente, os resultados obtidos na reabilitação, através da Cinesioterapia e da EE, foram satisfatórios.

A associação da Eletroestimulação Transvaginal do Assoalho Pélvico à Cinesioterapia e Terapia Comportamental Coadjuvante tem se tornado uma alternativa bem aceita, pois representam uma medida útil demonstrando uma redução significativa do número de perdas urinárias, bem como o maior controle por parte da paciente na freqüência da micção diária.

Percebeu-se evolução positiva do quadro e das queixas que inicialmente foram apresentados pela paciente, bem como a relevância do atendimento fisioterapêutico para melhora da qualidade de vida e substituição de opções cirúrgicas por métodos conservadores.

Instituição de fomento: Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Incontinência Urinária; Eletroestimulação; Cinesioterapia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006