No Maranhão, há 25 anos, os alunos das 5 à 8 séries da rede pública estadual são instruídos pelo Sistema de teleaulas, em parceira com a ex-Fundação Roquete Pinto, hoje Associação de Comunicação Roquete Pinto. Pelo Sistema, a emissora afiliada ao programa – TVE/Maranhão, elabora teleaulas das disciplinas do Ensino Fundamental, que são inseridas na programação diária da emissora. O método consiste em transmitir o conhecimento de uma aula tradicional com a ajuda da televisão e do “Tele-professor”. Nas salas de aula, os alunos possuem a orientação de um profissional que teoricamente deve ajudá-lo a realizar as atividades do material de apoio das teleaulas: o Professor-orientador. Atualmente, este Sistema de ensino está sendo oferecido até à 7ª série, ficando a 8ª com o método tradicional. Como forma de recorte metodológico, este trabalho consiste na análise desse método de ensino com alunos e professores da 7ª série da Unidade Escolar Anjo da Guarda, localizada no bairro homônimo, na Capital do Estado , São Luís.

Para realização deste estudo foram usados os procedimentos da pesquisa bibliográfica sobre Educação e Comunicação, análise das teleaulas e entrevistas com professores e alunos da 7ª série da escola visitada. A pesquisa bibliográfica foi enfocada no estudo sobre as interfaces entre os campos da Educação e Comunicação, para isso, foram referências os estudos de Maria Luiza Belloni (Que é Mídia-educação), José Luiz Braga (Comunicação e Educação) e Adilson Citelle (Comunicação e Educação – a linguagem em movimento). Em seguida, foram realizadas visitas para entrevistas com seis professores e 47 alunos, para depois realizar a análise do processo de veiculação das aulas pela TV, o que subsidiou a elaboração dos resultados e conclusões da pesquisa.

A partir das entrevistas e da análise das teleaulas, verificou-se deficiências metodológicas neste sistema de ensino. O principal se refere à precariedade técnica das teleaulas, além das falhas durante a transmissão; algumas são antigas, o que interfere na qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Esse método de ensino também não contempla a linguagem do meio de comunicação pelo qual é transmitido: a TV. Em alguns casos, o tele-professor apenas ensina o conteúdo da aula sem utilizar qualquer dinâmica para ilustrar os ensinamentos. Em algumas disciplinas como História, Ciências e Geografia, as aulas são melhores aceitas devido à utilização de recursos como imagens, mapas, desenhos, etc para ilustrar os conteúdos, como pôde ser verificado nas entrevistas com os alunos. Em compensação, disciplinas como Matemática e Português são consideradas monótonas pelos discentes, visto que, na maioria das vezes, apenas colocam números, fórmulas ou regras sem qualquer dinâmica de ensino. No que se refere aos professores-orientadores, eles não são constantemente preparados para atuar com os campos da Educação e Comunicação e suas interfaces. Eles são responsáveis pela fixação do conteúdo transmitido pela TV, mas por despreparo destes, o mesmo não é realizado em sua plenitude. Os orientadores também apontam que um dos motivos para isso é terem que lecionar disciplinas para as quais não têm formação especifica.

A partir da execução de todas as etapas da pesquisa, chegou-se à conclusão que interação entre os campos da Comunicação e Educação não ocorre de acordo com os estudos que serviram de base para a pesquisa. O que se verifica, na verdade, é uma contraposição entre os dois campos, as interfaces entre eles não ocorrem como forma de adequar o conhecimento de uma aula tradicional para o método do Tele-ensino. Isso se verifica, na prática, numa falta de coordenação entre as teleaulas e o trabalho do professor-orientador, o que compromete o processo de ensino-aprendizagem dos alunos.