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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA DO EXTRATO DE Passiflora edulis EM MODELO DE INFLAMAÇÃO AGUDA, EM CAMUNDONGOS
Jucélia Pizzetti Benincá  1
Silvana Maria Zucolotto  2
Eloir Paulo Schenkel  2
Tânia Sílvia Fröde  1
(1. Departamento de Análises Clínicas / ACL, UFSC ; 2. Departamento de Ciências Farmacêuticas / CIF, UFSC )
INTRODUÇÃO:
O gênero Passiflora (Passifloraceae) compreende cerca de 400 espécies de trepadeiras e árvores, distribuídas principalmente na América tropical, com pequeno número de espécies ocorrendo no sudeste da Ásia, Índia, Malásia e Austrália (DHAWAN et. al., 2001). No Brasil, existem várias espécies do gênero Passiflora, conhecidas popularmente como maracujá, e são utilizadas, na medicina popular por seus efeitos: sedativo, tranqüilizante, hipnótico, antiespasmódico, ansiolítico, analgésico e antiinflamatório. Estudos demonstraram que a Passiflora edulis contém em sua constituição flavonóides, pelo qual são conhecidos por apresentarem propriedades antiinflamatórias (PETRY et al., 2001). Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito antiinflamatório do extrato aquoso de Passiflora edulis variação flavicarpa (Pe) na inflamação induzida diferentes agentes flogísticos (carragenina, histamina, bradicinina e substância P), no modelo experimental da bolsa de ar, em camundongos. Além disso, foi também avaliado o efeito do extrato sobre os níveis das citocinas: Fator de Necrose Tumoral a (TNF-a), Interleucina-1 b (IL-1 b), Proteína Inflamatória de Macrófago-2 (GROb/MIP-2) e  quemocina para neutrófilos (KC), no modelo da bolsa de ar, em camundongos.
METODOLOGIA:
O material vegetal foi coletado no município de Antônio Carlos, Santa Catarina, em junho de 2003. O extrato foi preparado na forma de chá e, a seguir, foi filtrado e liofilizado. Camundongos albinos Suíços pesando entre 18 e 20 g receberam injeção de 1,5 mL de ar durante três dias alternados. No 6º dia foi administrado: carragenina (500 mL a 1%, sc), histamina (10mmol, sc), bradicinina (20 nmol, sc) ou substância P (40 nmol ,sc) e 24 h após estes animais foram sacrificados com overdose de pentobarbital. A seguir, foi realizada uma incisão na pele do dorso, perfurando a bolsa de ar, para a coleta do exsudato. Este lavado foi utilizado para o estudo da exsudação, leucócitos níveis de TNF-a, IL-1 b, GROb/MIP-2 e KC. Neste protocolo experimental, diferentes grupos de animais receberam uma dose de Pe (100 mg/Kg, i.p.) e os parametros inflamatórios foram avaliados 24 horas após a indução da inflamação. Para análise dos níveis de citocinas utilizaram-se os reagentes da Immuno Biological Laboratories Co. Ltda, Japão. Para avaliar a exudação, 1h antes da inflamação administrou-se nos animais azul de Evans (25mg/kg, i.v.). A dexametasona (Dexa: 0,5 mg/Kg, i.p.) foi também utilizada neste protocolo experimental. Para indução da anestesia foi utilizada pentobarbital (25 mg/Kg) por via intraperitoneal (i.p.). A análise estatística foi determinada utilizando-se os testes ANOVA, Dunnett ou teste “t” de student. Valores de P< 0,05 foram considerados significativos.
RESULTADOS:
O extrato Pe (100mg/Kg, ip.) foi efetivo em inibir significativamente os níveis de leucócitos induzidos pela Cg, Hist, BK e SP (% de inibição Cg: 32,3 ± 5,6; Hist: 52,7 ± 2,0; BK: 46,8 ± 2,7 e SP: 59,8 ± 2,2), polimorfonucleares (% de inibição Cg: 48,0 ± 5,9; Hist: 58,8 ± 3,0; BK: 51,7 ± 2,1 e SP: 62,5 ± 6,0), mononucleares (% de inibição Hist: 56,7 ± 4,5; BK: 34,2 ± 6,8 e SP: 57,5 ± 3,0) e exsudação (% de inibição Hist: 29,7 ± 4,7 e SP: 48,50 ± 10,2). Além disso, esse extrato nas mesmas condições experimentais inibiu as concentrações de GROb/MIP-2 (% de inibição: 55,2 ± 7,3) e IL-1b (% de inibição: 38,0 ± 3,0) na inflamação induzida pela carragenina. A dexametasona também inibiu os níveis de leucócitos induzidos pela Cg, Hist, BK e SP (% de inibição Cg: 67,9 ± 2,5; Hist: 87,2 ± 2,3; BK: 60,3 ± 3,8 e SP: 91,0 ± 2,2), polimorfonucleares (% de inibição Cg: 68,2 ± 2,4; Hist: 89,6 ± 2,0; BK: 81,0 ± 1,2 e SP: 89,3 ± 1,8), mononucleares (% de inibição Cg: 65,9 ± 3,6 ; Hist: 87,0 ± 2,4 e SP: 90,7 ± 1,8) e exsudação (% de inibição Cg: 9,8 ± 0,8; Hist: 43,0 ± 1,8; SP: 61,0 ± 9,6), bem como as concentrações de IL-1b na inflamação induzida pela Cg (% de inibição: 55,3 ± 4,1).
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos demonstraram importante efeito antiinflamatório da Passiflora edulis, uma vez que este extrato inibiu os níveis de leucócitos induzidos por diferentes agentes flogísticos. Esta diminuição parece estar relacionada à inibição de citocinas pró-inflamatórias quimiotáticas como a GROb/MIP-2 e a IL-1b, já que os níveis destas também estavam diminuídas nos animais inflamados e tratados com o extrato. Estudos posteriores deverão ser realizados na tentativa de descobrir qual(is) o(s) composto(s) responsável(is) por estes efeitos antiinflamatórios observados.
Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Inflamação; Passiflora edulis; Citocinas pró-inflamatórias.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006