IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
Aquisições motoras ELEVADAS EM BEBÊS NASCIDOS DE MUITO BAIXO PESO
Andréa Cristina de Lima 1
Luis Augusto Teixeira 1
Ana Lúcia de Jesus Almeida 2
Helenara Salvati Bertolossi Moreira 3
Marta Regina Clivati 3
Pricila Quintanilha Zanini 2
(1. Universidade de São Paulo (Escola de Educação Física e Esporte/USP); 2. Universidade Estadual Paulista (Departamento de Fisioterapia/UNESP); 3. Faculdade Assis Gurgacz (Departamento de Fisioterapia/FAG))
INTRODUÇÃO:

Crianças nascidas prematuramente e com peso abaixo do normal apresentam desvantagens no desenvolvimento das aquisições motoras quando comparadas com as nascidas a termo. Isto se deve às condições maturacionais dos sistemas nervoso central e músculo-esquelético. Sabe-se que vários fatores extrínsecos (condições ambientais) e intrínsecos (características genéticas) interferem neste amadurecimento. Vários autores atribuem o atraso na aquisição de posturas antigravitárias às alterações transitórias de tônus e da força muscular presentes nesta população. Tais características podem se refletir em distúrbios no desenvolvimento global da criança. Tendo como base a teoria de sistemas dinâmicos, em que vários fatores estão envolvidos no amadurecimento do controle postural, os profissionais que acompanham o desenvolvimento de bebês considerados de risco devem se aprofundar nas peculiaridades do controle postural desta população, a fim de direcionar tratamentos e principalmente detectar precocemente alterações. Objetivou-se neste estudo analisar a aquisição de posturas mais elevadas como o sentar e o ficar de pé em bebês nascidos de muito baixo peso e prematuros.

METODOLOGIA:
Foram analisadas as fichas de avaliação de 38 crianças nascidas com peso inferior a 1500g, sem diagnóstico de paralisia cerebral, encaminhadas do Hospital Estadual da cidade de Presidente Prudente para o Programa de Acompanhamento do Desenvolvimento Motor de Bebês de Risco no Ambulatório de Fisioterapia da FCT-UNESP, entre os anos de 1998-2001. A ficha de avaliação foi baseada na Escala Motora Infantil de Alberta (EMIA), por meio da qual os bebês eram avaliados mensalmente nas posturas supino, prono, sentado e de pé; a avaliação foi conduzida com a idade gestacional corrigida. As posturas observadas eram documentadas na ficha até a aquisição do andar independente. Analisou-se a idade cronológica e corrigida de aquisição dos principais marcos e posturas desde o nascimento até a marcha, comparando-se os dados com a idade preconizada pela EMIA. Por meio de gráficos de porcentagem acumulativa, foi observada a idade em que a maioria dos bebês obtinham as aquisições nas idades cronológica e corrigida, comparando-se com as idades preconizadas pela EMIA.
RESULTADOS:
Os resultados demonstraram que ao se corrigir a idade, os bebês avaliados apresentaram coerência com a EMIA na maioria das aquisições desenvolvimentais até o andar independente. Porém, foi encontrado atraso nas posturas sentada e bípede até os 7 meses de idade corrigida . O rolar, por outro lado, apresentou-se na idade preconizada pela EMIA, ou seja, entre os 4,5 e 7 meses, não sendo necessário corrigir a idade. Vários fatores podem estar relacionados com o atraso nas posturas mais elevadas que foram avaliadas. Alguns estudos relacionam o atraso no controle postural à transitoriedade de alterações no tônus e força de prematuros nascidos de muito baixo peso, o que leva a supor que a dificuldade em adquirir posturas mais elevadas, como sentado e de pé, deve-se pelo menos em parte a esses dois fatores neuromusculares. Outro argumento que reforça esta suposição é a adequação das posturas supino e prono com a EMIA; e o rolar que não precisou de correção de idade. Como são posturas mais baixas, possuindo assim menor exigência antigravitacional, necessita-se menos força e controle do tônus. Após 7 meses de idade, então, parece ter havido uma normalização de tônus e força, favorecendo a aquisição motora dentro da faixa etária preconizada pela EMIA.
CONCLUSÕES:
O atraso transitório observado em posturas mais elevadas (sentar e ficar de pé) e a adequação de posturas mais baixas (supino, prono e rolar), sugerem que os atrasos no desenvolvimento motor desencadeados pelo nascimento prematuro de baixo peso podem ser compensados por estimulação ambiental. Comparando com a EMIA, o fato de crianças prematuras de baixo peso rolarem dentro da faixa etária ditada por uma escala canadense (sem correção de idade), pode ser devido à influência de fatores tais como espaço, roupas e estimulação dos cuidadores, o que poderia favorecer as crianças brasileiras. A adequação das posturas em prono e supino, ao corrigir-se a idade, nos permite inferir que há uma modulação de tônus e força muscular nestas posturas, que aparentemente é insuficiente em posturas mais elevadas até a idade de 7 meses aproximadamente. Após os 7 meses o bebê apresenta condições sensoriais e proprioceptivas mais aguçadas, o que o auxilia a ter uma interação mais efetiva com o meio ambiente. Este aspecto pode ter interferido na modulação de tônus e força a partir desta idade. Conclui-se, assim, que o ambiente pode ter um papel importante para o desenvolvimento motor normal desses bebês imaturos de baixo peso, podendo ser uma estratégia utilizada na reabilitação para evitar possíveis atrasos.
Instituição de fomento: Pró-Reitoria de Extensão Universitária
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Desenvolvimento Motor; Prematuridade; Bebês nascidos de muito baixo peso.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006