A fim de discutir como as transformações societárias ocorridas, principalmente no Brasil e na América Latina, no atual contexto de globalização da economia e de implementação dos pressupostos neoliberais, utilizamos uma metodologia não só voltada para o aspecto quantitativo, mas, por se tratar de uma pesquisa no âmbito das ciências sociais, destacamos o viés qualitativo da coleta de dados e trabalhamos com resultados parciais que são acompanhados periodicamente. Nossos dados são colhidos nos jornais de grande circulação do Brasil e nas publicações mais relevantes sobre os temas abordados pela pesquisa, o que nos possibilita elaborar também uma cronologia de fatos recentes que envolvem as mudanças societárias e a política de criminalização da pobreza. Com base nesses dados coletados, começamos a realizar um esforço teórico-interpretativo com o objetivo de ampliar os registros e justificativas já apresentadas, recorrendo a autores que se dedicam à análise de temas referentes ao trabalho, a pobreza e aos direitos humanos. A apropriação das principais fontes teóricas e políticas que norteiam este debate e nossa participação em grupos de estudo e seminários internos promovidos pelo Programa de Estudos de América Latina e Caribe nos evidenciou a importância do debate acerca da temática abordada em nossa pesquisa “Direitos Humanos no Brasil Contemporâneo” para compreendermos as recentes formas de enfrentamento sobre o que se convencionou chamar de metamorfoses da questão social.

Concluímos que, após levantarmos e sistematizarmos as referências bibliográficas que permeiam a questão social, pudemos analisar melhor os dados coletados o que nos proporcionou um contato mais amplo com a realidade e uma maior compreensão das conformações do ideário neoliberal na América Latina. Tivemos clareza da importância e da necessidade de um maior aprofundamento sobre o tema de nossa pesquisa, que exige a compreensão das recentes causas do aumento da pobreza e de sua conseqüente criminalização. A pesquisa nos revela até o momento que o caminho para a inadiável erradicação da pobreza não é os das políticas orientadas pelo crescimento econômico. Também não é o das políticas sociais compensatórias. O desafio para enfrentar essa questão é criar formas coletivas de enfrentamento das desigualdades. É desenvolver uma cultura democrática, resgatando a dimensão da esfera pública, mantendo a luta pelos direitos humanos, uma vez que a tendência hoje parece ser a de reduzir a dimensão da cidadania. Neste contexto destacamos mais uma vez a importância deste debate no âmbito das Ciências Sociais, e principalmente no Serviço Social por ser esta uma profissão que possui como lócus privilegiado da sua atuação profissional as mazelas da Questão Social, tendo como um dos seus princípios fundamentais, a defesa intransigente dos Direitos Humanos.