Ilex paraguaiensis, o chá-mate ou apenas mate, como dizem paranaenses, catarinenses e gaúchos, é planta de amplo uso como bebida social. A ela são associadas uma série de efeitos farmacológicos, muitos relacionados a atividade do sistema nervoso, ao sistema digestivo e atividade renal. Muitos destes efeitos são relatados de maneira empírica, pela população que faz uso do produto. Num relato, a aplicação de folhas usadas de Ilex paraguaiensis sobre feridas expostas, inibiria processos infecciosos. Neste contexto, o presente trabalho pretendeu avaliar a capacidade de derivados da planta original em inibir o crescimento de leveduras do gênero Candida.

Para tanto, folhas trituradas de Ilex paraguaiensis foram submetidas a maceração prolongada (15 dias) com solução 50% etanol/50% água destilada. A solução obtida, filtrada inicialmente em papel de filtro para remoção dos resíduos, e em seguida em membrana filtrante, foi dessecada em capela de segurança com exaustor por 72 horas. Em seguida, a massa sólida obtida, foi pesada, e ressuspensa em solução salina tamponada, em concentrações variando de 10 a 1000 µg/mL. As suspensões foram então utilizadas em ensaios de atividade antimicrobiana pela incorporação em meios de cultura inoculados com leveduras do gênero Candida, na densidade de 103 células/mL. Controles não tratados ou tratados cicloheximida foram ensaiados em paralelo.

Usando extrato bruto, as cepas testadas apresentaram sensibilidade pronunciada. Quando diluições do extrato original foram usadas a sensibilidade variou. Cepas de Candida não-albicans, tiveram reduções significativas no número de unidades formadoras de colônias quando tratadas com concentrações tão baixas quanto 50 ug/mL, enquanto Candida albicans foi afetada apenas em concentrações muito mais elevadas, de 250 ug/mL.

A atividade antifúngica observada, embora não seja suficiente para justificar o uso de Ilex paraguaiensis como agente antiinfeccioso, pode ao menos sugerir mais ensaios com outros microrganismos.