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C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia

CORRELAÇÕES ENTRE VALORES SANGÜÍNEOS E SALIVARES TESTOSTERONA, DEHIDROEPIANDROSTERONA E CORTISOL ANTES E APÓS O EXERCÍCIO FÍSICO

Eduardo Lusa Cadore 1
Francisco Luiz Rodrigues Lhullier 2
Michel Arias Brentano 1
Eduardo Marczwski da Silva 1
Rafael Spinelli 1
Luiz Fernando Martins Kruel 1
(1. Escola de Educação Física - Universidade Federal do Rio Grande do Sul/EsEF-UFRGS; 2. Faculdade de Farmácia - Pontifícia Universidade Católica/PUC-RS)
INTRODUÇÃO:
A mensuração salivar tem sido utilizada como método conveniente e não invasivo de avaliação das concentrações hormonais. Diversos estudos demonstraram correlações entre valores sangüíneos e salivares de testosterona, dehidroepiandrosterona (DHEA) e cortisol em repouso (Lac et al., 1993). Além disso, alguns estudos foram realizados utilizando a medida salivar para avaliação da influência do exercício físico nas concentrações hormonais. Entretanto, não foram encontrados dados a respeito do comportamento das correlações entre valores sangüíneos e salivares em resposta ao treinamento de força. Devido ao conhecido estimulo do treinamento de força para o aumento das concentrações circulantes de testosterona, DHEA e cortisol, uma questão que surge é se existe um comportamento semelhante entre concentrações sangüíneas e salivares desses hormônios em resposta ao exercício. Sendo assim, o presente estudo pretende avaliar as correlações entre valores circulantes e salivares das concentrações de testosterona livre, DHEA e cortisol antes e após uma sessão de treinamento de força.
METODOLOGIA:
Vinte e oito homens saudáveis (40 ± 4 anos) foram voluntários neste estudo. Amostras sangüíneas e salivares foram coletadas em repouso e após um protocolo de treinamento de força (TF) para membros superiores e inferiores com execução de 16 séries com 75% da carga máxima, determinada através do teste de 1 repetição máxima (1RM). As coletas sangüíneas e salivares ocorreram sempre entre 8 e 10 h da manhã, com os indivíduos não tendo realizado nenhum treinamento físico pelas últimas 48 horas. Por meio dessa amostra, foram determinadas em duplicata as concentrações em repouso e induzidas pelo TF da testosterona livre (TL), DHEA e cortisol, com a utilização de kits de radioimunoensaio ICN (EUA) e os mesmos kits adaptados para saliva. A determinação das concentrações hormonais salivares foi determinada através de técnica previamente utilizada por Boas et al. (1996). Correlações entre os dados sangüíneos e salivares de cortisol e DHEA foram verificadas utilizando testes de correlação de Pearson. Já para os dados de TL, foram utilizados os testes de correlação de Spearman. O nível de significância adotado foi P<0,05.
RESULTADOS:
Não foram observadas correlações significativas entre as concentrações circulantes de testosterona total e livre com a testosterona salivar (p=0,22 a 0,26, P>0,05). O cortisol circulante foi significativamente correlacionado com o cortisol salivar antes (r=0,52, p=0,005) e após o protocolo de TF (r=0,62, p=0,001). O DHEA circulante foi significativamente correlacionado com o DHEA salivar antes (r=0,68, p=0,000) e após o o protocolo de TF (r=0,7, p=0,000).
CONCLUSÕES:

As correlações encontradas no presente estudo, entre valores salivares e sangüíneos de cortisol e DHEA sugerem que, mesmo em condições de exercício, onde pode existir um aumento de grande magnitude de desses hormônios no soro, os valores salivares acompanham essa variação e podem servir como referência para o comportamento desses hormônios no sangue. Com relação às concentrações salivares de testosterona livre, embora existam estudos que tenham demonstrado fortes correlações entre valores salivares e sangüíneos da testosterona em repouso, existe alguma controvérsia na literatura a esse respeito. Vinning & McGinley (1987) demonstraram que os níveis de esteróides salivares são independentes da taxa de fluxo salivar (esteróides por serem lipossolúveis não são secretados com a saliva e sim “dializados” através do epitélio salivar) e apresentam um rápido equilíbrio dentro de 5 minutos de amostragem. Uma possível limitação do presente estudo pode ter sido o número de amostras realizadas, já que alguns estudos demonstraram que correlações entre valores de testosterona no soro e na saliva são encontradas especialmente quando ocorre um maior número de coletas por unidade de tempo. Sendo assim, mas estudos são necessários para determinar se existem correlações entre valores sangüíneos e salivares em condições de exercício.

 

Referências:

Vinning & McGinley (1987), J Steroid Biochem 27:81-94; Lac et al. (1993), Arch Int Physiol Biochem Biophys 101:257-262.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Hormônios circulantes; Medidas hormonais salivares; Resposta endócrina ao exercício.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006