O presente trabalho tem o intuito de apresentar os resultados da pesquisa realizada na Universidade Aberta à Terceira Idade – UnATI/UFES, no ano de 2005 acerca da imagem dos idosos nos meios de comunicação.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, sendo tal método entendido como aquele que visa “[...] interpretar tanto as interpretações e práticas quanto às interpretações das práticas [...]” (DESLANDES; ASSIS, 2002, p.197).

Para a realização desta pesquisa foram utilizados procedimentos que possibilitaram um contato maior com as temáticas relevantes por meio de uma abordagem teórica acerca de referências relacionadas às temáticas mídia e terceira idade.

Como instrumento para a coleta de dados, foi utilizado um roteiro com questionamentos semi-abertos, delineados pelo tema proposto. Mediante ao roteiro formulado, utilizou-se a entrevista como meio de coletar as informações necessárias à pesquisa, de modo a suscitar reflexões norteadoras.

Para tanto, contou-se com a participação de uma amostra de dez idosos participantes da UnATI, os quais manifestaram as suas opiniões e conceitos acerca do tema pesquisado. Dentre os participantes constatou-se que todos são residentes da região metropolitana da Grande Vitória, sendo 80% (oitenta por cento) do sexo feminino. A faixa etária média identificada entre os entrevistados é de 66.2 anos, o que significa que a amostra compreendeu uma população idosa relativamente jovem.

As entrevistas foram realizadas nos espaços físicos da UnATI/UFES, com duração média de trinta minutos e com o auxílio da técnica da gravação das falas, as quais foram posteriormente transcritas na íntegra de forma a embasar a análise dos dados coletados.

Constatou-se que a imagem do idoso veiculada nos meios de comunicação o apresenta sob distintas formas: positiva e negativa, sendo que esta prevalece sobre aquela.  Há um jogo de imagens contraditórias que se apresentam em relação aos idosos nos meios de comunicação, ao mesmo tempo em que são apresentados em situações de precariedade, na forma de sujeitos pobres, doentes, carentes, desrespeitados pela sociedade, abandonados e até mesmo relativamente capazes de realizações como sendo um “ex”, são apresentados simultaneamente com sujeitos maduros e bem cuidados, de bem com a vida e bem vestidos, joviais e em condições de pôr em prática projetos que no passado foram postergados e que agora estariam no momento pleno a realizar. 

Menos freqüente porém, presente sob a forma de feitos extraordinários, como afirma Beauvoir (1970), em que o idoso realiza feitos para além de suas capacidades. Assim, esta pode ser uma estratégia midiática de congregação de telespectadores ou de pessoas que possuem interesse em tomar conhecimento de fatos chamados “surpreendentes”.

Observou-se também que os meios de comunicação oferecem informações de interesse da categoria ao veicularem as campanhas governamentais de vacinação, produtos e serviços que tratam de como cuidar melhor da saúde, locais onde há centros de vivência e socialização, bem como direitos conquistados por Leis.

Mediante os resultados obtidos conclui-se que o padrão de beleza e juventude cultuado pela nossa sociedade como um caro valor, levam os sujeitos a buscarem a cada dia mais atenderem tal exigência social na esperança de serem bem aceitos socialmente, uma vez que o não cuidado pessoal passa a ser uma questão moral. Assim, vencem os interesses do capital que vendem sonhos e produtos miraculosos com a promessa de alcance desse ideal. Para tanto se apropriam, sobretudo dos avanços dos meios de comunicação. Assim a mídia apresenta o idoso de maneira positiva quando existe um interesse, direto ou subliminar, em se transmitir uma imagem valorativa ao consumo. Tais imagens são observadas nos informes publicitários, apresentando o idoso ativo, feliz e com boa aparência, o que tem a intenção de despertar o desejo dos idosos em consumir e buscar uma vida similar à divulgada.

Apesar de existir um interesse subliminar nas imagens veiculadas, constatou-se, a partir das falas dos idosos entrevistados, que a aparição dessas imagens pode resultar em uma conquista no que tange a mudança no tratamento da sociedade com os sujeitos idosos, pois passam a não ser vistos somente como algo ultrapassado e malvisto. Isso pode colaborar para a melhoria de aspectos que contribuam com qualidade de vida do idoso.

Por fim constatou-se que apesar das conquistas legais, muito há que se trabalhar no sentido do sujeito idoso conquistar de fato a sua condição de cidadão pleno de direitos e de respeito na sociedade.