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C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 4. Genética Molecular

GENOTOXICIDADE E INTERAÇÃO COM DNA PLASMIDIAL DO COMPLEXO trans-[Ru(II)Cl2(Piridina-carboxialdeido)4]

Juliano Urbano Bombassaro 1
Bruno Castro Caurio 1
Tiago Bortolotto 1
Rodrigo Costa Zeferino 1
Marcos Marques Paula 1
Claus Tröger Pich 1
(1. Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC)
INTRODUÇÃO:

O aumento da expectativa de vida, aliada a maus hábitos e ao acréscimo de agentes nocivos, levam a uma elevação na incidência de câncer, o que demanda à procura de compostos que atuem contra esta patologia, dentre os quais se encontram os metalofármacos. Dentro deste contexto, compostos à base de rutênio, que se assemelham aos de platina,  tem demonstrado  atividade genotóxica junto a linhagens celulares neoplásicas (inibiram o crescimento de linhagem de células de câncer de cólon retal), além de atuarem na regulação de espécies reativas de oxigênio (ERO). Isto, aliados a métodos confiáveis de síntese, facilidade de controlar a afinidade dos ligantes, levam os compostos a base de rutênio a serem alvos de testes de atividade biológica. Este trabalho demonstra a capacidade do complexo trans-[Ru(II)Cl2(Piridina-carboxialdeido)4] em promover dano ao DNA tanto in vivo como in vitro, e sua interação com o peróxido de hidrogênio.

METODOLOGIA:
A genotoxicidade do complexo foi analisada “in vitro” em concentrações de 8, 40, 200 e 1000µM utilizando leucócitos totais de 8 indivíduos saudáveis, não fumantes incubados por 1:30h. Foram estabelecidas incubações com estas mesmas concentrações contendo 150µM de H2O2 para analise da interferência do complexo com esta substância. Os controles foram H2O2, água destilada e PBS. Para os testes “in vivo”, sangue periférico de 6 ratos wistar tratados via intraperitoneal com complexo e controles foi obtido a partir da cauda além de tecido hepático. Amostras foram plaqueadas sobre lâminas com agarose, submetidas à lise de membranas e à eletroforese (25 V, 300mA) durante 15 min., coradas com nitrato de prata e analisadas em microscópio, sendo observados os parâmetros tamanho e intensidade de cauda para 100 células de cada amostra. A análise da interação do complexo com o DNA in vitro foi realizada pela incubação de DNA plasmidial obtido com a utilização do kit Maxiprep (Promegaâ) com diferentes concentrações de complexo (50, 100, 250, 500μM) por 16 horas. Estas incubações foram submetidas à corrida eletroforética em gel de agarose já com brometo de etídio (100V a 30mA). O gel foi fotografado em transiluminador e analisado pelo programa Scion Imageâ. A análise espectrofotométrica UV-vis da interação do complexo com H2O2 foi realizada utilizado razões de 1:0, 1:0,5, 1:1 1:2 e 1:4 respectivamente. A analise estatística foi realizada pelo teste ANOVA através do programa Biostatâ.
RESULTADOS:

Nos testes de genotoxicidade “in vitro”, o complexo demonstrou atividade genotóxica nas concentrações de 40, 200 e 1000mM, com índice de dano de 84,38; 111,00 e 134,13, e freqüência de dano (no de células lesadas) entre 60,75 e 69,25 %; respectivamente. No teste de inibição dos efeitos genotóxicos do peróxido de hidrogênio este apresentou resultados estatisticamente significantes nas concentrações de 8 e 40mM, havendo índice de dano de 89,00 e 112,89 respectivamente para um índice de dano do peróxido de hidrogênio de 160.50 e freqüência de dano variando de 61,50 e 68,00 respectivamente; para uma freqüência de dano controle de 81,08. Nos testes de genotoxicidade “in vivo” nenhum efeito genotóxico significativo foi observado, mas nas concentrações mais altas houve um aumento do índice em tecido hepático. Nos testes de interação do complexo com DNA plasmidial “in vitro” não foi possível observar, nas condições utilizadas, interação do complexo com o ácido nuclêico através a quebra da dupla fita. Por outro lado a atuação do complexo sobre o peróxido de hidrogênio foi demonstrada por espectrofotometria através da alteração da posição e intensidade da curva de absorção.

CONCLUSÕES:

Com a análise dos resultados, pode-se afirmar que o complexo trans-[Ru(II)Cl2(carboxialdeido)4] apresenta genotoxicidade em concentrações elevadas em teste cometa “in vitro” efeito este que não se repete “in vivo”provavelmente devido a metabolização do complexo, já que um leve dano hepático foi observado, e/ou as baixas doses administradas. Como na analise da interação do complexo com DNA in vitro em gel de agarose, este não demonstrou interagir diretamente com o DNA pode-se presumir que o complexo esteja interagindo indiretamente, interferindo em processos de proteção ou manutenção do material nuclear. O complexo, em baixas concentrações, demonstrou atividade antigenotóxica, no teste cometa de células incubadas em presença de H2O2. A interação com o H2O2, também ficou evidente na espectrofotometria UV visível, desta maneira sugerindo que, a ação antigenotóxica do mesmo, é pela sua interação com o peróxido, mascarada em concentrações maiores, provavelmente devido ao excesso de complexo de rutênio em relação à quantidade de H2O2, tornando o complexo, um causador de dano juntamente como o peróxido. Os reais motivos desses efeitos permanecem obscuros e mais experimentos são recomendáveis. Estes que incluem testes de mutagênese in vivo com concentrações maiores e testes mais apurados em interação do complexo com o DNA in vitro que visualizem ligações eletrostáticas e intercalações que não produzam quebras.

Instituição de fomento: Diretoria de Pesquisa Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Genotoxicidade; Antigenotoxicidade; Compostos à base de Rutênio.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006