Em termos gerais, o presente projeto de pesquisa se propõe a investigar os processos de hibridização entre a hipermídia e a literatura digital no Brasil, através da análise das linguagens literárias no ciberespaço e as características dos gêneros literários digitais, particularmente as revistas eletrônicas literárias, os sites de criação e os blogs ou diários digitais.

A nova configuração da literatura brasileira no ciberespaço nos têm mostrado, não só que os sites literários assemelham-se aos suplementos literários, com seus gêneros tradicionais (contos, resenhas, poemas, cartas, romances, etc, inserindo-se hipermidiaticamente nos formatos digitais, que melhor os dizem respeito. ( revistas eletrônicas, sites de criação e blogs).

Nesse ponto em que nos encontramos, a pesquisa demanda maior fundamentação semiótica para subsidiar os experimentos práticos. O movimento do signo precisa ser surpreendido pela reflexão sistemática. Do lado da experimentação, precisa-se de mais pesquisas sobre as linguagens digitais, programas e softwares para que se possa compreender o gerenciamento dos conteúdos. Essa lógica subsiste na expressão literária hipermidiática, como elemento subversivo, paradoxal ao processo de livre expressão. E é justamente aí que esses dois vácuos se destacam, na pesquisa, clamando para ser respondidos, nessa etapa do trabalho, através do desdobramento em dois planos de trabalho.

            O trabalho tem um caráter metodológico mais qualitativo e experimental, devendo ser desenvolvido principalmente por  meio da pesquisa bibliográfica e documental, convencional e Online, e da análise de conteúdo dos sites e dos experimentos de leitura interativa e hipertextual.

Além disso, procuramos também desenvolver experimentação criativa com a linguagem digital para que essa vivência nos capacite melhor a entender seus mecanismos de funcionamento e suas prováveis intercessões com outras mídias.

            A pesquisa bibliográfica e documental, convencional e online, se centra na busca das referências, sites, textos, fóruns e grupos de discussão, que fundamentam as investigações sobre o conceito de hipermídia, de criação artística/literária interativa e de jornalismo literário online. 

Constatou-se, parcialmente, que o Jornalismo Cultural e Literatura estão unidos e que a leitura do mundo transcede a leitura da palavra, conforme as palavras Freire (1987:11). A complexidade do Hipertexto nos meios eletrônicos, digitais, é analisado em sua ubiqüidade com a globalização e o surgimento das novas tecnologias. A relação do hipertexto versus leitor versus autor e meio exige cuidado devido às conseqüências positivas e negativas que advém dele. O hipertexto com sua forma idiossincrática nos permite interpretar o mundo de maneira complexa e profunda. 

A Internet viabiliza essa comunicação por ter uma linguagem fluida que transita entre o informal (fala, fóruns, bate-papos, listas de discussões) e experimentos criativos hipermidiáticos. A extensão dos sentidos de forma complexa nos ajudam a enxergar, analisar o mundo de maneira rápida e instantânea. Com o hipertexto, ficou mais claro e fácil de interpretar, decodificar signicamente a semiose no mundo, visto que todos podem acessá-lo a qualquer hora, dia, por mais de uma pessoa. Essa possibilidade faz do leitor presente e possível de participar de grandes discussões no mundo, ou apenas tomar conhecimento das mesmas.

Enquanto o texto impresso não pode dizer tudo, ou seja, as lacunas que o texto impresso deixa, no hipertexto essa dificuldade é sanada pelo grande espaço disponível na rede, em relação à informação, como também os recursos diversos que facilitam essa comunicação, aprendizado.

O hipertexto é capaz de preceder a leitura do mundo à das palavras, pois ele reúne condições físicas de materializar essa proposta paulofreiriana. Assim, o hipertexto “viabiliza multidimensionalmente a compreensão do leitor pela exploração superlativa de informações, muitas delas inacessíveis sem os recursos da hipermídia (som, gráficos, imagens...)”.

Essa deslinearização, ou seja, escolher o que se quer ler, não é próprio do hipertexto virtual, visto que “as notas de roda-pé, índices remissivos, sumários, e divisão em capítulos encontrados nos livros tradicionais também oferecem ao leitor caminhos alternativos a serem trilhados, aos quais podem levá-lo a fazer quebras na linearidade da leitura”.

Além do que, “todo texto impresso pode ser hipertexto, mas nem todo hipertexto pode ser impresso”,pois a impressão não preserva a natureza virtual do hipertexto.

Mas, esses gêneros eletrônicos já provocam discussões e análises sobre seu impacto e reação perante a natureza social e a linguagem. Sabe-se, portanto, que o caráter versátil da Internet vem por, teoricamente, em xeque diversos conceitos tradicionalmente imposto pelas sociedades passadas. “Uma interação altamente participativa, o que nos obrigará a rever algumas noções já consagradas”.

O caráter hipermidiático da Internet é que faz despertar os mais diversos interesses do publico pelas relações virtuais e/ ou eletrônicas. Essa múltipla semiose é que garante o sucesso e a emergência da Internet no último século.