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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica

TERAPIA ANTI-RETROVIRAL: TERAPIA SIMPLES, TOLERÁVEL, EFICAZ E SUSTENTÁVEL

Luciano Nascimento Silva 1
Vania Rogeria Simões Pires 2
Priscila Regina Alves Araújo 1
Fabio de Carvalho 1
(1. Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas-UNCISAL; 2. Hospital Escola Dr. Hélvio Auto-HEHA)
INTRODUÇÃO:
No Brasil, desde a década de 80 até dezembro de 2003, o Ministério da Saúde notificou pouco mais do que 310 mil casos de SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Felizmente, os últimos dados do Ministério apontam uma redução de 26% no número de casos registrados. Em contrapartida, a SIDA tem aumentado entre os jovens e adultos jovens. As conseqüências clínicas da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) são decorrentes da capacidade desses retrovírus de “desarmar” o sistema imune do hospedeiro, um processo que se deve ao fato de que o alvo primário do vírus é o subgrupo de linfócitos auxiliares-indutores. Tal subgrupo de linfócitos age como principal orquestrador de muitas funções imunológicas. A infecção pelo HIV é considerada uma doença do sistema imune, caracterizada pela perda progressiva dos linfócitos T CD4+. Grandes avanços tem sido obtidos no combate a SIDA com o desenvolvimento de drogas antiretrovirais cada vez mais potentes, entretanto, estes avanços trazem consigo um grande número de efeitos adversos. Neste panorama, vem se destacando os esquemas terapêuticos contendo inibidores da transcriptase reversa análogos dos nucleosídios associados ao Efavirenz pela sua simplicidade posológica, eficácia, tolerabilidade e sustentabilidade. Portanto, este trabalho tem como objetivo analisar o perfil clínico e laboratorial de indivíduos em uso de Efavirenz no esquema antiretroviral e resposta sustentada por pelo menos seis meses.
METODOLOGIA:
Análise retrospectiva de prontuários médicos de indivíduos convivendo com o HIV-SIDA, atendidos no Serviço de Atendimento Especializado (SAE) do Hospital Escola Dr. Hélvio Auto, Maceió-AL, em uso de inibidores da transcriptase reversa por mais de seis meses, anteriormente virgens de tratamento antiretroviral. Foram colhidos dados para: análise de resposta terapêutica (contagem de linfócitos T CD4+ e carga viral, antes e a após terapia), verificação de efeitos colaterais relacionados ao efavirenz, adesão à terapia antiretroviral (uso regular das medicações relatada nos prontuários médicos), sintomático ou não em relação à SIDA, lipidograma antes e após terapia, assim como dados para a caracterização demográfica da amostra (sexo, idade, procedência e fonte de infecção).
RESULTADOS:
Foram analisados 52 prontuários médicos sendo 43 pacientes do sexo masculino e 09 do sexo feminino. A idade média foi de 38,90 ± 10,74 anos. A maioria dos pacientes, 75%, era procedente de Maceió-AL. Em relação à forma de infecção, 67,30% deveu-se a relações heterossexuais, 30,76% devido a relações homossexuais. O número de indivíduos sintomáticos para SIDA no início do tratamento era de 32 (61,53%) e os assintomáticos foram em número de 20 (38,46%). O tempo médio de administração dos medicamentos foi de 23,32 ± 15,68 meses. Adesão ao tratamento foi encontrada em 39 pacientes (75%) enquanto que 13 pacientes faziam uso irregular da medicação. Treze pacientes (25%) apresentaram algum efeito colateral relacionado ao Efavirenz sendo os mais freqüentes sonolência (11,53% dos casos) e tontura (9,61% dos casos). Destes, onze faziam uso regular da medicação. Os níveis séricos de colesterol total antes terapia era em média de 192,47±56,88 mg/dL e após terapia 174,13±43,62 mg/dL (p= 0,072) e,  os níveis séricos de triglicérides anteriormente a terapia era em média de 198,88±160,26 mg/dL e após terapia 186,77±160,19 (p= 0,735). O nível sangüíneo dos Linfócitos T CD4+ no início da Terapia Antiretroviral (TARV) era em média de 226±129 células/mm3. Após a terapia houve um aumento para 404±178 células/mm3 (p=<0.001). A carga viral do HIV esteve abaixo das mil cópias em 43 pacientes (82,69%) e tornou-se indetectável em 39 pacientes (75%), todos em uso regular da medicação.
CONCLUSÕES:
A amostra estudada é caracterizada, predominante, por adultos jovens do sexo masculino, procedentes em sua maioria de Maceió-AL, que tiveram como principal fonte de infecção a relação heterossexual. Ao início do tratamento, mais da metade dos indivíduos eram sintomáticos em relação a AIDS. Estes pacientes utilizaram os esquemas terapêuticos antiretrovirais estudados por um tempo médio de 23 meses, caracterizando a sustentabilidade destes esquemas. A maioria destes tomava os antiretrovirais regularmente tendo, portanto, uma taxa de adesão ao tratamento um pouco maior do que observado na literatura. Apesar de um grande número de pacientes apresentarem algum efeito colateral relacionado ao efavirenz estes não foram apontados como causa do uso irregular da medicação, visto que, a maioria dos pacientes que apresentaram efeitos colaterais continuava tomando a medicação regularmente. As mudanças ocorridas nos lipidogramas destes pacientes não foram grandes o suficiente para excluir a possibilidade destas diferenças ter ocorrido ao acaso. Observou-se ainda neste grupo que os esquemas terapêuticos contendo o Efavirenz proporcionaram uma restauração da imunidade celular associado a níveis séricos de carga viral indetectáveis em todos os pacientes que fizeram uso regular da medicação.
Instituição de fomento: FAPEAL/UNCISAL
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: SIDA; Terapia anti-retroviral; Efavirenz.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006