IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
A COMPLEXIDADE AMBIENTAL E A CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE DE CUIDADO.
Juliana Cristina Lessmann  1
Alacoque Lorenzini Erdmann  2
Francisca Georgina Macêdo de Sousa  3
Gabriela Marcelino  4
Keyla Cristine do Nascimento 5
Juliana Aparecida Ribeiro  6
(1. Acadêmica de Enfermagem. Bolsista voluntária IC. Membro GEPADES e GRUPESMUR-UFSC; 2. Enfermeira, Profa. Dra. Pesquisadora CNPq. Coordenadora do GEPADES-UFSC.; 3. Enfermeira, MsC, Dda. PEN/UFSC, Docente UFMA, Bolsista CNPq. Membro GEPADES-UFSC; 4. Acadêmica de Enfermagem da UFSC. Bolsista IC CNPq. Membro do GEPADES-UFSC. ; 5. Enfermeira, Mestre em Enfermagem. Membro do GEPADES-UFSC.; 6. Acadêmica de Enfermagem da UFSC Bolsista PIBIC CNPq. Membro do GEPADES-UFSC.)
INTRODUÇÃO:
Apreender a complexidade ambiental implica num processo de construção e reconstrução de saberes, o que demanda capacidade de ampliar o olhar às peculiaridades do ambiente e reconhecê-las como partes que compõem um todo inseparavelmente associadas (MORIN, 2005). Logo, os ambientes tornam-se espaços em que ocorrem múltiplas interações, sendo estas influenciadas pelas características e peculiaridades dos envolvidos. O cuidado está presente junto à essência do ser humano (BOFF, 2003), concebido como fundamento que viabiliza sua sobrevivência, sendo que, ao pensarmos na integração entre meio ambiente, ser humano e cuidado, é possível reconhecer a necessidade da existência de ambientes saudáveis para a realização do cuidar. Assim, as relações existentes entre o ambiente de cuidado e o cuidar tornam-se foco central deste estudo, sendo apontadas como fundamento que dá suporte à dinâmica do ser humano e à compreensão do ambiente em que está inserido. Define-se como objetivo do estudo apreender como acadêmicos de enfermagem reconhecem o ambiente de cuidado e analisar as falas á luz do paradigma da complexidade.
METODOLOGIA:
O presente estudo faz parte de projeto de iniciação científica intitulado “Ambiente de cuidado pelo olhar da Complexidade”, sendo uma vertente do projeto de pesquisa intitulado “A complexidade do sistema organizacional de cuidados de enfermagem: práticas do ser mais saudável”, desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Administração/Gestão em Enfermagem e Saúde – GEPADES, e aprovado em 28.06.2004 pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, sob protocolo n° 183/2004. Trata-se de um estudo exploratório de abordagem qualitativa, sendo que para a coleta de dados foram realizadas entrevistas, no período de setembro a novembro de 2005, norteadas pela pergunta: O que caracteriza um ambiente de cuidado pra você? Todas as entrevistas foram gravadas em fitas cassete, transcritas e em seguida analisadas. Os sujeitos do estudo foram acadêmicos de um curso de graduação em enfermagem, de uma instituição de ensino superior pública federal, totalizando 30 entrevistados selecionados intencionalmente, excluindo-se os acadêmicos da primeira e segunda fase do curso por compreender que estes ainda não vivenciaram o cuidado de enfermagem, fato que poderia comprometer a coleta e análise dos dados. Durante coleta, análise e utilização dos dados manteve-se respeito aos aspectos éticos de acordo com a Resolução n° 196/96, do Conselho Nacional de Saúde.
RESULTADOS:
Os resultados apontam que os acadêmicos de enfermagem foram capazes de reconhecer o ambiente de cuidado e visualizar sua complexidade, sendo que a partir da análise das falas e revisão crítica sobre o tema pôde-se evidenciar uma categoria central “Ambiente de Cuidado”, da qual derivaram cinco outras categorias: Ambiente de Interação, Ambiente Estruturante, Ambiente Terapêutico, Ambiente não Terapêutico e Ambiente Complexo. Pôde-se apreender as características e peculiaridades do ambiente de cuidado, sendo este reconhecido como local onde ocorrem interações com a finalidade de cuidar. Este espaço foi caracterizado por articulações e associações dinâmicas, mecanismos de superação e aceitação, aproximações e distanciamentos, liberdade, dependência e interdependência são capazes de gerar limites e potencialidades reconhecidas como estruturantes do cuidar. As falas expressaram que as relações existentes entre o cuidado e o ambiente podem estabelecer-se de maneira favorável ao cuidar, o que faz deste um ambiente terapêutico, ao passo que pode haver uma estreita relação entre a inadequação do ambiente e a qualidade do cuidado, o que faz deste um ambiente não terapêutico. Os acadêmicos reconheceram que o ambiente de cuidado adquire importância por não ser estático, mas caracterizado por um modelo de flutuações envolvendo amplos aspectos, fazendo deste um ambiente complexo.
CONCLUSÕES:
A compreensão da relação existente entre os distintos participantes do cuidado torna possível ampliar ou reduzir possibilidades para o cuidar. O cuidado, portanto, mostra-se como um conjunto de circunstâncias interdependentes, resultando, assim, em uma conjugação de elementos confluindo em um todo complexo que não se reduz à mera soma das partes, pois cada parte apresenta suas especificidades que, em contato com as outras, modificam-se continuamente. Dessa forma, o cuidado e o ambiente de cuidado são complexos e ao interagirem assumem “nova expressão” e adquirem “novas faces” (PETRAGLIA, 1995). Com este estufo tornou-se possível visualizar que os acadêmicos de enfermagem foram capazes de integrar os constituintes do ambiente de cuidado em um nível sistêmico, manifestando compreendê-lo em uma perspectiva que sugere a integração de vários componentes individuais em sistemas mais amplos para um ambiente de cuidado saudável, ou seja, para um ambiente de cuidado complexo.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Ambiente de instituição de saúde; Administração de serviços de saúde; Pessoal de saúde.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006