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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 3. Bromatologia

ANÁLISE DO CONTEÚDO DE ALOÍNA A EM AMOSTRAS DE SUCO DE BABOSA COMERCIAL (Aloe barbadensis Miller), UTILIZANDO CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA.

Luciano Henrique Campestrini 1
Roseane Fett 2
Paulo Fernando Dias 3
Marcelo Maraschin 4
(1. Mestrando Biotecnologia, CCB/UFSC; 2. Laboratório de Química de Alimentos, Depto. CAL–CCA/UFSC; 3. Laboratório de Bioatividade e Embriotoxicidade, Depto. BEG-CCB/UFSC ; 4. Laboratório de Morfogênese e Bioquímica Vegetal, Depto. Fitotecnia, CCA/UFSC)
INTRODUÇÃO:

Aloe barbadensis Miller é uma planta tropical ou sub-tropical, pertencente a família Liliaceae, de folhas verdes, lanceoladas, túrgidas e margens dotadas de espinhos, cujo arranjo foliar é em roseta. É utilizada em vários medicamentos, cosméticos e em alimentos nutracêuticos. A polpa foliar, que é a parte mais volumosa da planta, apresenta-se como uma mucilagem transparente. Os produtos à base de Aloe somente são apropriados para o consumo humano se forem considerados livres de aloína, um constituinte majoritário do parênquima clorofiliano da planta, que possui efeito laxativo desencadeado por compostos originados da degradação da aloína (por exemplo, aloe-emodina). A contaminação de sucos de babosa por aloína pode ser prevenida ao longo do processo produtivo retirando-se cuidadosamente a epiderme foliar antes da extração. A biomassa de babosa é especialmente utilizada na fabricação de bebidas, além de outros produtos como sorvetes, derivados lácteos e de confeitaria. O presente trabalho objetivou determinar a concentração de aloína em seis amostras de suco de babosa comercial, utilizando a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).

METODOLOGIA:

Amostras (1000 mL) comerciais de suco de babosa foram adquiridas no mercado local de Florianópolis, tendo sido,  produzidas entre os meses de maio a outubro de 2005. A 5 mL de suco foram adicionados 5 mL de metanol e acondicionados a 0ºC, ao abrigo da luz, por 10 minutos. Todas as amostras foram manipuladas na ausência de luz direta. Após este período, o material foi filtrado e centrifugado a 5 Krpm, por 10 minutos e o sobrenadante coletado. A análise por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) utilizou os seguintes parâmetros: coluna de fase reversa C18 Shim-Pack (LCL-ODS, 25 cm x 4,6 cm Æ), detector UV-visível, operando em duplo feixe de leitura (Ch1=356 hm, Ch2= 280 hm), fase móvel: MeOH:H2O (1:1), fluxo de 1 mL/min e volume de injeção de 10 mL. A identificação da antraquinona foi feita utilizando-se o tempo de retenção (Rt) do composto padrão (0,1mg/mL) e sua dosagem baseou-se na área total do pico correspondente, em relação à curva-padrão, obtida sob as mesmas condições cromatográficas em uma faixa de 1 a 100 mg/mL.

RESULTADOS:

As concentrações de aloína A presentes nas amostras de suco nos meses de maio, junho, julho, agosto, setembro e outubro estão expressas em mg% e correspondem a: 1,040; 1,053; 1,003; 1,307; 0,730; 1,203, respectivamente. Os resultados mostram que a concentração de aloína presente nas amostras não está abaixo do limite determinado pelos órgãos fiscalizadores nacionais (ANVISA) e mesmo pela União Européia (European Parliament and European Council),  que determinam que a concentração limite em produtos de Aloe barbadensis é de 0,1 mg/L (0,01 mg%). Porém, na literatura, são encontrados dados que estabelecem o valor de 50 mg% como valor máximo para que estes produtos sejam considerados seguros para consumo, sem causar efeito laxativo. Estes resultados sugerem a ocorrência de contaminação da matéria-prima para fabricação do suco (parênquima de reserva) com as antraquinonas oriundas do parênquima clorofiliano, durante sua manipulação.

CONCLUSÕES:

A partir dos resultados obtidos, observa-se que uma maior atenção deve ser dada no processo de extração da matéria-prima (parênquima de reserva), empregada na fabricação do suco.  Os dados apresentados não diferiram significativamente entre si (r2=0,997), o que demonstra linearidade na linha de produção, porém o produto não pode ser considerado livre de aloína pela legislação vigente.

Instituição de fomento: CNPQ
 
Palavras-chave: Aloe barbasensis Miller; Aloína; Cromatografia/CLAE.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006