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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
PROPOSTA CINESIOTERÁPICA PARA O FORTALECIMENTO DO ASSOALHO PÉLVICO
Mariana Veras Coan 1
Tuany Pereira Maria 1
Soraia Cristina Tonon 2
Gesilani Júlia da Silva Honório 2
(1. Acadêmica de Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC; 2. Prof. Ms. da Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC)
INTRODUÇÃO:

Muitas são as transformações físicas e emocionais sofridas pela mulher em diversas fases de sua vida: na adolescência, gestação, puerpério, menopausa e cirurgias ginecológicas por via vaginal. Estas transformações repercutem no assoalho pélvico da mulher que possui como funções: sustentar as vísceras pélvicas, auxiliar na rotação anterior da apresentação do feto ao longo do canal do parto, participa na continência urinária e fecal.

Diferente das mulheres ocidentais, as orientais possuem a cultura de iniciar os exercícios perineais na infância, exercícios estes passados de mãe para filha. As implicações da fraqueza desta musculatura são muitas: incontinência urinária, principalmente a de esforço, disfunções sexuais, distopias genitais, dentre outros. A cinesioterapia para o assoalho pélvico é um método que não possui contra-indicações e baseia-se nos conceitos de que os movimentos voluntários repetidos dos músculos estriados produzem aumento da força muscular e melhora do tônus do esfíncter periuretral. Este estudo teve por objetivo a construção de um polígrafo com exercícios para o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico através da graduação por intensidade, posicionamento e esforço.

A proposta consistiu em facilitar o conhecimento do assoalho pélvico, demonstrando que a cinesioterapia é um método simples, fácil e viável de ser realizado tanto para tratamento quanto para prevenção das disfunções perineais.
METODOLOGIA:

Este polígrafo foi desenvolvido para utilização na reabilitação do assoalho pélvico com a cinesioterapia e como parte do tratamento fisioterapêutico das pacientes do projeto de extensão “Fisioterapia aplicada a Incontinência Urinária” do CEFID/UDESC na Maternidade Carmela Dutra.

Foi elaborado e graduado de acordo com a complexidade do conjunto posição-ação de cada exercício. Desta forma foi dividido em: propriocepção que visa a conscientização e autoconhecimento da contração; cinesioterapia simples com exercícios de baixo grau de dificuldade em decúbitos e/ou grande base de apoio; cinesioterapia elaborada com exercícios de médio grau de dificuldade e incremento de outras posturas e da resistência gravitacional; cinesioterapia com esforço com exercícios de alto grau de dificuldade e maior resistência gravitacional, simula atividades cotidianas e fortalece demais grupos musculares relacionados com a funcionalidade do assoalho pélvico.

Os exercícios foram divididos para cada modalidade do polígrafo, agrupados por conter características semelhantes em relação à posição ou à ação ou grau de dificuldade enfrentado pela paciente para realizá-lo. 

Estes exercícios foram aplicados como parte fundamental do tratamento de 10 (dez) pacientes com incontinência urinária de esforço atendidas no projeto acima descrito. Com nomes simples e criativos exercícios eram realizados pelas pacientes durante o atendimento fisioterapêutico e em suas atividades diárias através do material ilustrado que recebiam.
RESULTADOS:
O polígrafo foi composto por: exercícios de propriocepção (alerta, suporte e chocar o ovo), de cinesioterapia simples (concha, cobra e cavalinho), de cinesioterapia elaborada (ponte, cócoras e balancinho) e de cinesioterapia com esforço (avião, step e de ladinho). Para eficácia da cinesioterapia é necessária a fase de conscientização para maior compreensão das contrações, dos exercícios e uma maior interação terapeuta-paciente. A fase de conscientização contém os exercícios de propriocepção (técnica de reprogramação neuromotora importante para estabilização reflexa, coordenação de movimentos, controle da postura e reeducação funcional). Nas 10 (dez) pacientes atendidas observou-se uma facilidade de realização dos exercícios além de uma assimilação positiva através da nomenclatura dos mesmos. Segundo as pacientes, a assimilação dos exercícios através do treinamento com o fisioterapeuta e entrega do polígrafo foi essencial para aplicação dos mesmos em suas atividades de vida diária. É válido ressaltar que o assoalho pélvico é composto por fibras de contrações rápidas (fásicas) e lentas (tônicas) e os exercícios se basearam na ação destas fibras. As tônicas mantém o posicionamento dos órgãos e da junção cervicouretral, suporta vísceras e apresenta ação sob a continência urinária e fecal. As rápidas baseiam sua ação no momento de aumentos de pressão intra-abdominal onde há necessidade de uma pressão de fechamento uretral importante.
CONCLUSÕES:
O desenvolvimento de um polígrafo com exercícios para fortalecimento do assoalho pélvico foi fundamental para aplicação e assimilação das 10 (dez) pacientes do estudo. A cinesioterapia para o assoalho pélvico se constitui em um método não invasivo, simples e de baixo custo para recuperar e/ou aumentar o potencial da musculatura perineal. Além disto, facilita o conhecimento desta região corporal e permite acompanhar e graduar a evolução da paciente conforme esta se torna capaz de realizar os exercícios na modalidade de maior dificuldade. A melhora da força pode ser conseguida a partir do treinamento da musculatura do assoalho pélvico que estimula o mecanismo primário de fechamento uretral, além disso, o automatismo da musculatura em função das situações de aumento de pressão intra-abdominal se constituem uma forma de melhorar a condição da incontinência e sua duração. A cinesioterapia para o assoalho pélvico deve ser mais difundida na comunidade científica pois podem ser utilizada de forma preventiva ou curativa em diversas situações: incontinentes, gestantes, puérperas, pré e pós operatório de cirurgias ginecológicas, indivíduos interessados em fortalecer o períneo sob um enfoque preventivo. Dessa forma, entende-se que a construção deste polígrafo foi fundamental para assimilação e aplicação correta pelas pacientes destes exercícios nas atividades de vida diária com a mediação do fisioterapeuta.
Instituição de fomento: Universidade do Estado de Santa Catarina
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Cinesioterapia; Assoalho Pélvico; Fortalecimento.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006