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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem

O OLHAR DO ENFERMEIRO, EDUCADOR, DE NÍVEL MÉDIO, SOBRE AS DIFICULDADES E POSSIBILIDADES DE UM CURRÍCULO POR COMPETÊNCIAS

Roberta Waterkemper  1
Nen Nalu Alves da Mercês  2
(1. Universidade Federal de Santa Catarina -UFSC; 2. Universidade do Vale do itajaí - UNIVALI)
INTRODUÇÃO:

Atualmente os focos das propostas curriculares para a formação profissional na enfermagem estão voltados para as competências. Os processos pedagógicos começaram a ser orientados para a ação profissional, na busca do desenvolvimento do indivíduo não só nas habilidades mas também nas atitudes e no conhecimento científico. Para que se desenvolva a competência do educando, o educador deixa de ser o transmissor da informação para ser um mediador do conhecimento. Para que isso ocorra o educador precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos caminhos para o que fazer dos seus alunos. Deixando então de ser um lecionador para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem. Para o educador essa mudança é um desafio. Este estudo teve como objetivo levantar as possibilidades e dificuldades do plano de ação pedagógico baseado em competências, de uma escola técnica em Enfermagem, de Florianópolis – SC, através da percepção dos educadores sobre sua aplicabilidade e importância para a educação. O tema abordado nesse trabalho demonstrou ser relevante para a escola, para o educador, para o educando e para todos os envolvidos na arte de ser fazer educação, pois possibilitou ao educador expor sua visão sobre a aplicabilidade do modelo pedagógico e a sua influência no processo de ensino-aprendizagem.

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualitativa, apresentada como trabalho de conclusão do curso de especialização Formação Pedagógica na Saúde: Enfermagem, realizado em uma escola Técnica em Enfermagem de Florianópolis, no período de fevereiro de 2005. A metodologia utilizada para a pesquisa foi a aplicação de um questionário estruturado com 4 perguntas abertas, aplicados a 6 educadores enfermeiros do curso técnico em enfermagem, que aceitaram participar da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Para manter o anonimato dos participantes, os educadores foram identificados pelo símbolo D (docente) e a idade em anos. Para a análise dos dados foi utilizada a técnica de análise de conteúdo de Bardin, que permite a apreciação objetiva das respostas. Optou-se por categorizar as informações repassadas pelos participantes, em 2 categorias: as possibilidades (P) e as dificuldades (D) do currículo por competências, na percepção do educador. E dentro destas criou-se subcategorias: percepção (Pe), estratégias de ensino (E.E), ação do educando (A.E), ação do educador (A.D), aplicabilidade do currículo (A.C) e estratégia de avaliação (E.A).

RESULTADOS:

Após análise das questões, verificamos que: Quanto à introdução do currículo por competências, são (P):(Pe): explicação clara; (D):(Pe): pouca aceitação, excesso de educandos, falta de continuidade, orientação inicial rápida, difícil aplicabilidade e diferentes formas de acesso a informação. Quanto às dificuldades e possibilidades de um currículo por competências, são (P):(E.E): aumenta a motivação das aulas; (AD): diminui o trabalho  em sala , permite conhecer melhor o educando , aumenta o aprendizado; (A.E): aumenta a responsabilidade do educando, estimula o aprendizado; (D):(A.C): excesso de alunos, reuniões insuficientes, dificuldade em avaliar o educando, tempo disponível insuficiente; (A.D): excesso de trabalho e dificuldade de adaptação. Quanto à forma de avaliação dos educandos utilizada pelo educador, são (P): A.E: participação, interesse, assiduidade; A.D: avaliação teórico-prática,  estudo de caso, estímulo a participação, exercícios, dinâmicas. Quanto às metodologias de ensino, são (P): A.D: saber as competências que o educando deve atingir, esclarecer ao educando o que deve atingir, ser criativo e envolvente; E.E: brincadeiras, jogos interativos, dramatização, atividades que estimulem a participação, valorizar o educando, usar fantasia, dinâmicas, músicas, palestras, visitas, aulas práticas, aula dialogada, atividades em grupo, aula expositiva; E.A: avaliações surpresa, trabalho de pesquisa.

CONCLUSÕES:

Os educadores mostraram como possibilidades no currículo por competências, a clareza na introdução, a preocupação no repasse de informações e a participação dos educadores na construção do plano de ação. Consideraram um processo participativo que aumenta a motivação, o interesse e a assiduidade do educando em sala, responsabiliza-o pelo aprendizado, diminui o trabalho do educador e permite que conheça melhor o educando. Contribui para a aplicação de metodologias de ensino mais variadas e dinâmicas como: avaliação teórico-prática, dinâmicas, exercícios práticos e estudos de caso. Entretanto, como fatores dificultantes, os educadores perceberam o processo confuso, descontínuo, sem supervisão e/ou discussões sobre a nova proposta. A falta de reuniões dificultou a troca de experiência para a exposição, dos educadores, sobre suas reais dificuldades e conquistas no desenrolar da aplicabilidade do currículo. Outra dificuldade, é o excesso de educandos dificultando a adaptação do educador e a do próprio educando, que mantém o comportamento do modelo de ensino tradicional. Verifica-se que os educadores mesmo com tantas dificuldades, demonstraram tentativas diferentes para atuar dentro do novo contexto. Verifica-se que os educadores mesmo com tantas dificuldades demonstraram tentativas diferentes para atuar dentro do novo contexto, tendo como principal fator dificultante, a forma de introduzir o currículo por competências.

 
Palavras-chave: Educador ; Educando; Currículo por competências.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006