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C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
PRESENÇA DA SERPENTE DO MAR Ophiactis savignyi (MÜLLER & TROSCHEL, 1842) (ECHINODERMATA, OPHIUROIDEA, AMPHIURIDAE) NA BAÍA DE SEPETIBA (RJ)
Sara C. P. de Souza 1
Bruna dos S. Alves  1
Gilson A. de Castro 1
(1. Departamento de Zoologia, ICB, Universidade Federal de Juiz de Fora / UFJF)
INTRODUÇÃO:

Durante um projeto de conhecimento da comunidade de costão rochoso da região entremarés na praia de Ibicuí, foram encontrados espécimes de Ophiactis savignyi (Müller & Troschel, 1842) (Echinodermata, Ophiuroidea, Amphiuridae), em substratos duros não consolidados na face inferior.

Estudos publicados na década de 60 não registraram a ocorrência da espécie na Baía de Sepetiba (RJ), local sujeito a considerável pressão antropogênica, tendo em vista a construção e início de operações do Porto de Sepetiba na década de 80.

Nos últimos anos a Baía de Sepetiba vem sendo considerada uma área catalisadora de desenvolvimento, tendo várias indústrias estabelecidas em sua bacia de drenagem, além da presença de modernas instalações portuárias responsáveis pelo transporte de toneladas de minérios. Os efeitos diretos destas atividades têm levado a um acentuado processo de degradação deste ecossistema marinho.

            O objetivo do presente estudo é para assinalar um novo registro a nível nacional da presente espécie imprescindível à execução de estudos ecológicos.
METODOLOGIA:

            A Baía de Sepetiba situa-se no Escudo Atlântico da Plataforma Sul-Americana e integra a região de desdobramento do sudeste.

            A área estudada se localiza na Baía de Sepetiba, um sistema hídrico de importância considerável em termos econômicos e ecológicos, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, entre os paralelos 22°54’6” e 23°4’18” de latitude sul e os meridianos 43°33’42” e 44°2’30” longitude oeste. A Baía de Sepetiba é uma baía semi-fechada com características estuarinas, abrangendo uma área aproximada de 519 Km², incluindo 21 Km² em ilhas e um perímetro de 120Km. Limita-se ao norte pelo continente, representado pelas rochas cristalinas da Serra do Mar, a leste planície de maré de Guaratiba, ao sul pela restinga de Marambaia e a oeste por um cordão de ilhas migmatíticas, entre as quais, Itacuruçá, Jaguanum, Marambaia e Guaíba. A ligação com o oceano Atlântico se faz através de dois canais, o mais importante, entre a ponta da restinga de Marambaia e a Ilha Grande e o segundo, na Barra de Guaratiba.

Foram estudados cinco espécimes de O. savignyi; coletados no dia 25 de junho de 2005 em marés de sizígia diurna em substrato duro não consolidado no costão rochoso de Ibicuí (21o 55’ 9” S – 43o 50’ 5” W) da região de Mangaratiba, na Baía de Sepetiba (RJ). Em cada exemplar foram realizadas 46 mensurações de caracteres morfológicos externos. Foram feitas ilustrações da estrutura do disco central, braços, espinhos e de outros aspectos funcionais da espécie.

RESULTADOS:

No Brasil a espécie foi registrada em São Paulo (Cananéia), Rio de Janeiro (Baía da Ilha Grande), Pernambuco e Espírito Santo (Piúma).

Equinólogos colocam que O. savignyi é uma espécie eurieca, com ocorrência muito localizada, em salinidade elevada, fundo com pouco teor de matéria orgânica e sujeitos a correntes fortes, consideram que a espécie é anfliatlântica com ampla distribuição geográfica e os jovens são freqüentemente encontrados a centenas no interior de esponjas, talvez como comensais ou pseudocomensalismo devido a seu acentuado esterotropismo positivo e ocorrendo em abundância nos tapetes de algas Porphira do horizonte superior do mediolitoral. Enquanto jovem esta espécie se multiplica por cissiparidade; a autotomia leva a curiosas anomalias até que a simetria seja completamente restabelecida.

            A região apresenta uma ampla variação nos valores de salinidade observados, entre 1°/oo e 32°/oo. No dia de amostragem a salinidade observada foi de 20°/oo (18/09/2005 - Domingo - Maré -0.1 às 10h13m).

            Incorporamos a descrição da espécie: braços dilatados na base; seis dentes quadrados e planos; braços inseridos oralmente sob o disco e parcialmente recobertos por ele; disco facilmente destacável; diastema entre a papila infradental; papila oral situada distalmente; escamas da face aboral do disco regulares e baços longos ou curtos, que poderão contribuir para uma melhor análise da espécie.
CONCLUSÕES:
           O presente registro amplia a distribuição de O. savignyi para o sul do Atlântico ocidental e o conhecimento dos ofiuróides no Brasil.
 
Palavras-chave: Ocorrência; Ophiactis savignyi; Baía de Sepetiba.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006