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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
ESTUDO COMPARATIVO DO EFEITO ANTIINFLAMATÓRIO DOS EXTRATOS DE Passiflora dulis variação Flavicarpa e Glycine max (L.) NO MODELO EXPERIMENTAL DA BOLSA DE AR, EM CAMUNDONGOS
Rafael de Liz  1
Jucélia Pizzetti Benincá  1
Maria Clara Ruschel Hillmann 2
Flora Troina Maraslis 2
Eloir Paulo Schenkel  2
Tânia Sílvia Fröde 1
(1. Departamento de Análises Clínicas - UFSC; 2. Departamento de Ciências Farmacêuticas - UFSC)
INTRODUÇÃO:
O uso de produtos naturais com propriedades terapêuticas é muito antigo e por um longo período de tempo foi a principal fonte de moléculas biologicamente ativas (DE PASCALE, 1984). Entre as principais razões do interesse do estudo farmacológico por produtos naturais/plantas pode-se destacar: i) ineficiência da medicina convencional no tratamento de algumas doenças, ii) uso abusivo e incorreto de fármacos sintéticos podendo gerar sérios efeitos colaterais e iii) a dificuldade ao acesso a tratamentos convencionais (RATES, 2001); iv) o estudo das plantas medicinais também é importante, pois pode fornecer embasamento científico para a medicina popular e, v) além disso, o uso de medicamentos fitoterápicos movimenta milhões de reais anualmente. No Brasil, existem várias espécies de plantas com potencial terapêutico a ser explorado; entre elas, as do gênero Passiflora e Glycine, conhecidas como maracujá e soja, respectivamente. O objetivo deste trabalho foi avaliar e comparar o efeito antiinflamatório dos extratos (aquoso liofilizado e fração butanólica) de Passiflora edulis variação flavicarpa (Pe) e Glycine max (L.)(Gm) na inflamação induzida pela carragenina, no modelo da bolsa de ar, em camundongos.
METODOLOGIA:

Obtenção dos extratos: Os extratos de Pe e Gm foram preparados na forma de chá, filtrados e liofilizados. Para a obtenção da fração butanólica de Pe parte do extrato aquoso das folhas de Pe (1,2g) foi fracionada com acetato de etila e n-butanol em pêra de decantação. Já para a fração butanólica de Gm, foram realizadas extrações sob maceração, em etanol (40° GL) por 7 dias. A seguir, o extrato foi filtrado, seco, diluído em água, tratado com éter de petróleo, acetato de etila e n-butanol.

Procedimento experimental: Camundongos albinos suíços pesando entre 25 e 30 g receberam injeções de 1,5mL de ar durante 3 dias alternados. No 6º dia foi administrado a carragenina (500mL,1%) e após 24h os animais foram sacrificados por overdose de pentobarbital. Após o sacrifício, o lavado da bolsa de ar foi coletado para análise de: exsudação e leucócitos. No estudo da curva dose-reposta diferentes grupos de animais receberam o extrato aquoso de Pe (50-500mg/Kg, ip), ou de Gm (25-200mg/Kg,i.p.), fração butanólica- Pe (25-100mg/Kg, i.p.) ou Gm (100 e 200mg/Kg, i.p.) 0,5h antes da carragenina. Para estudar a exsudação, os animais foram tratados 1h antes da inflamação com azul de Evans (25mg/kg,i.v.). Os parâmetros inflamatórios foram analisados 24h após. A dexametasona (Dexa: 0,5mg/Kg,i.p.) foi utilizada neste protocolo. A análise estatística dos resultados foi realizada utilizando-se os testes ANOVA, Dunett e teste t de Student. Valores de p<0,05 foram considerados significativos.
RESULTADOS:
O extrato aquoso de Pe foi efetivo em inibir significantemente os níveis de leucócitos (% de inibição: 100 mg/Kg: 32,3 ± 5,6; 250 mg/Kg: 29,9 ± 7,2 e 500 mg/Kg: 34,0 ± 11,2) (P < 0,05) e de neutrófilos (% de inibição: 100 mg/Kg: 48.0 ± 5.9 e 250 mg/Kg: 37.5 ± 9.7) (P < 0.05) na inflamação induzida pela Cg. A fração butanólica de Pe administrada 0.5h antes da carragenina também foi efetiva em inibir os leucócitos (% de inibição: 50 mg/Kg: 39,2 ± 1,2 e100 mg/Kg: 40,2 ± 4,3) (P < 0,05), e neutrófilos (% de inibição: 50 mg/Kg: 58,2 ± 1,5 e100 mg/Kg: 45,2 ± 5,6) (P < 0,05). Com relação aos extratos de Gm, tanto o extrato aquoso como a fração butanólica não foram efetivos em inibir os mesmos parâmetros avaliados. A dexametasona também inibiu os níveis de leucócitos (% de inibição Cg: 67,9 ± 2,5), neutrófilos (% de inibição Cg: 68,2 ± 2,4), mononucleares (% de inibição Cg: 65,9 ± 3,6) e exsudação (% de inibição Cg: 9,8 ± 0,8).
CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos demonstraram que no modelo experimental de inflamação induzida por carragenina na bolsa de ar, em camundongos somente o extrato de Passiflora edulis demonstrou efeito antiinflamatório importante. Este efeito também foi observado pela fração butanólica deste extrato, o que significa que a inibição dos leucócitos deve-se, em parte, a fração butanólica do extrato Pe. O mesmo efeito não foi observado em relação ao extrato e a fração butanólica da Glycine max (L.). Futuros estudos devem ser realizados para elucidar o mecanismo de ação antiinflamatória do extrato da Passiflora edulis.
Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
 
Palavras-chave: Passiflora edulis; Glycine max; leucócitos, exsudação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006