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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública

O HÁBITO DE FUMAR  ENTRE OS ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

Mariama dos Santos Trindade  1
Caroline Louisie Lima Dias  1
Karenn Barros Bezerra  1
Patrícia Consorte Gomes Ferraz  1
Andréa Rodrigues de Sousa  1
Lilaléa Gonçalves França  2
(1. Depto. de Medicina, Universidade Federal do Maranhão/UFMA; 2. Profa. MSc em Biofísica da Universidade Federal do Maranhão/UFMA)
INTRODUÇÃO:

O tabagismo é um grave problema de Saúde Pública, determinando alterações biológicas, comportamentais, psicológicas e sócio-culturais, além de promover perdas na economia mundial, principalmente por sobrecarregar o sistema de saúde com tratamento de doenças causadas pelo fumo e mortes precoces de cidadãos em idade produtiva. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo responde por 6% de todas as mortes no mundo.

O cigarro, tratado neste trabalho como sinônimo de tabaco, é formado por mais de 5000 substâncias diferentes. Alguns desses elementos são altamente prejudiciais, acarretando danos físicos e psicológicos ao organismo. Apenas como exemplo, o tabagismo é responsável por 80% dos casos de enfisema pulmonar, 80% dos casos de câncer de pulmão, 75% dos casos de bronquite crônica e 25% dos casos de infarto do miocárdio (Hijjar & Silva, 1991). No Brasil, há estimativas de que devam morrer, anualmente, cerca de 80 a 100 mil pessoas em decorrência de doenças relacionadas ao tabaco (Barbosa et al., 1989; Hijjar & Silva, 1991).

Uma parcela significativa dos acadêmicos questionados ainda cultiva o hábito de fumar. Destes, 24,3% são fumantes, e 8,6% são fumantes ocasionais, no total de 197 entrevistados.

Assim, esse trabalho tem o objetivo de caracterizar o hábito de fumar entre os estudantes de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão, e identificar alguns dos fatores relacionados ao processo de iniciação e continuação do hábito de fumar entre os estudantes.

 

 

METODOLOGIA:

Foi realizado um estudo transversal entre 197 alunos do curso de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão, regularmente matriculados entre o segundo e o sétimo período, entre os meses de Agosto e Outubro de 2005, através de fichas de entrevista auto-aplicáveis respondidas em sala de aula, tendo como finalidade agilizar o processo de coleta dos dados e, com isso, diminuir o percentual de perdas.

A ficha empregada para a coleta de dados buscava descrever os estudantes segundo gênero, idade, contato prévio com o tabaco, categoria de tabagismo, data de início do hábito, freqüência, quantidade e existência ou não de familiar fumante, conhecimento sobre as doenças causadas pelo cigarro, vontade de deixar o vício, participação em campanhas esclarecedoras.Os dados foram recolhidos, codificados, tabulados e analisados pelos autores juntamente com seu orientador.

Para este estudo, a categoria "fumante" foi operacionalizada como sendo os indivíduos que relataram ter fumado ao menos um (1) cigarro/dia, por um período mínimo de seis meses. Ex-fumante correspondia à pessoa que havia abandonado o hábito há pelo menos seis meses, respeitada a caracterização de fumante. A categoria familiar consistia em membros próximos (pai, mãe e irmãos) ou outro membro da família extensa, desde que residente no mesmo domicílio.

 

RESULTADOS:

Os questionários foram respondidos por 197 alunos, entre 18 e 35 anos, regularmente matriculados e freqüentadores do curso de Odontologia da UFMA, sendo 90 do sexo masculino (45,7 %) e 107 do sexo feminino (54,3%). Entre os estudantes do sexo masculino, 29 (14,7%) declararam-se fumantes, 7 (3,5%) fumantes ocasionais, 7 (3,5%) ex-fumantes e 47 (23,8%) não-fumantes. No sexo feminino, 19 (9,6%) consideraram-se fumantes, 10 (5,7%) fumantes ocasionais, 1 (0,5%) ex-fumantes e 77 (39%) não fumantes.

A faixa etária com maior consumo de cigarros foi entre 18 e 25 anos. Dos entrevistados, 12 (28%) homens e 16 (53,3%) mulheres, fumavam de 1 a 10 cigarros por dia; 10 (23%) homens e 1 (3,3%) mulher consumiam de 21 a 30 cigarros/dia.

O principal fator relacionado ao consumo do tabaco foi a influência de amigos para 69,7% dos homens e 46,6% das mulheres, a curiosidade foi a segunda causa que mais incentivou o uso, para 14% dos homens e 36,6% das mulheres, em seguida veio a influência dos pais, responsável por 11,6% dos consumo entre os homens e 13,3% das mulheres.

Setenta e sete estudantes (39%) já haviam participado de palestras educativas sobre o fumo. Dentre os fumantes e fumantes ocasionais, 36 (55,3%) intencionam parar de fumar.

Ente os fumantes, ex-fumantes e fumantes ocasionais, 42 (57,5%) afirmaram ter começado a inalar o tabaco por um período igual ou superior a 3 anos.

CONCLUSÕES:

Analisando-se os dados coletados durante a pesquisa, foi constatado que os homens fumam mais que as mulheres, apesar de a prevalência de fumantes ocasionais ser do sexo feminino. Entretanto, levando-se em consideração a idade, a porcetagem de fumantes é equivalente entre homens e mulheres na faixa etária dos 18 aos 25 anos.

Quanto ao consumo diário de cigarros, observou-se que a maioria dos estudantes fumava até 10 cigarros/dia. Observou-se também, que a principal razão apontada para o tabagismo é a influência dos amigos, aparecendo, em seguida, a curiosidade e em terceiro lugar a influência dos pais ou responsáveis. Já a faculdade teve pouca influência no hábito de fumar, pois estudantes que participaram da pesquisa já fumavam ao ingressar no curso. Apesar do resultado, foi positivamente constatado que a maioria dos fumantes e fumantes ocasionais tem intenção de parar de fumar. Em contrapartida, grande parte dos alunos não havia participado de palestras educativas sobre o fumo, o que indica a necessidade de  uma maior ênfase na educação antitabagista e promoção de  eficientes campanhas de prevenção entre os estudantes universitários.

 
Palavras-chave: Tabagismo; Saúde Pública; Epidemiologia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006