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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica
Avaliação da capacidade antioxidante do extrato de Pau d’ arco (Tabebuia avellanedae) e suas frações
Adriana Grandis 1
Adriana Mendes Aleixo  2
Maria de Fátima Nepomuceno Dédalo  2
Ana Célia Ruggiero  3
(1. Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas - FACEN; 2. Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo - FEAU; 3. Faculdade de Ciências Exatas e da Natureza - FACEN )
INTRODUÇÃO:

O envelhecimento e vários processos degenerativos são associados ao estresse oxidativo induzido por radicais de oxigênio. Espécies reativas de oxigênio (EROS), são gerados no metabolismo normal ou através de fatores ou agentes exógenos que são capazes de danificar as biomoléculas. Os antioxidantes são substâncias que retardam ou previnem a oxidação de substratos celulares, seqüestrando ou prevenindo a geração das EROS e/ou ativando proteínas detoxificadoras. O interesse por antioxidantes naturais é crescente, pois protegem o organismo humano dos radicais livres e retardam o progresso de algumas doenças crônicas. Os antioxidantes naturais, muitas vezes de origem vegetal, constituem uma ampla variedade de compostos, incluindo os compostos fenólicos. O pau d’arco (ipê roxo) é uma espécie arbórea pertencente à família Tabebuia, é utilizada no Brasil como anti-fúngico, antimutagênico, contra o câncer, doença de Hodgkin, leucemia, sífilis e úlceras. Tem como principal constituinte o lapachol apresentando atividade contra diferentes tipos de tumores. Outro fitoquímico, a b-lapachona, demonstra atividade contra tumores e o mecanismo de ação pode estar relacionado com as EROS geradas no ciclo redox, induzindo a apoptose em células tumorais. Dessa forma, esse trabalho objetivou avaliar a capacidade antioxidante das frações isoladas dos extratos da casca de Tabebuia avellanedae, por diferentes metodologias, na tentativa de entender o mecanismo envolvido na atividade antioxidante.

METODOLOGIA:

Os extratos foram obtidos da casca de pau d’arco, na fração hexânica, clorofórmica e hidroalcoólica.  O material botânico foi gentilmente cedido pelo laboratório de Plantas Medicinais Prof. Walter Accorsi, com certificação. Os testes foram realizados três vezes sempre em duplicata.

Conteúdo fenólico total do extrato clorofórmico foi determinado pelo reagente de Folin-Ciocalteu, como o equivalente em ácido gálico (mg.kg-1).

Capacidade de seqüestrar o anion superóxido: a capacidade de seqüestrar o ânion superóxido, gerado pelo sistema xantina/xantina oxidase foi avaliada através da descoloração do NBT (nitro blue tetrazoluim) espectrofotometricamente.

Determinação de cinética de redução do ABTs: o ABTS [ácido 2,2-azinobis-(3-etilbenzotialzolina)-6 sulfônico] forma um radical estável e sua decomposição pelo extrato foi acompanhada espectrofotometricamente a 414 nm. A capacidade antioxidante foi calculada a partir do tempo zero e expressa como RS% (porcentagem de redução do radical).

Determinação da decomposição do radical de DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazil).  O DPPH é também um radical estável e sua decomposição foi também acompanhada espectrofotometricamente por 30 minutos a 515nm.

RESULTADOS:
O extrato na fração clorofórmio da casca de pau d’arco contém 3,3% de compostos fenólicos totais.  Apresentou capacidade de reduzir ferro III para ferro II dependente da concentração do extrato, com redução de 62% na concentração de 2mg/ml em comparação ao controle, sem extrato. Para todas as concentrações do extrato de clorofórmio utilizadas, observou-se proteção significativa em relação à capacidade de seqüestrar o radical anion superoxido com valor de IC50 (concentração que apresenta de 50% de proteção)  de 0,19 mg/ml de extrato. O ABTS forma um radical catiônico estável com absorção ótica intensa em 414 nm e na presença de substâncias capazes de reagir com o radical, a absorbância diminui. Os resultados obtidos com o extrato clorofórmico nas concentrações de 1 e 2mg/ml mostrou proteção de 39% e 47%, respectivamente, em relação aos controles. Com o extrato hexânico, utilizou-se a decomposição do radical DPPH. O extrato hexânico na concentração de 2 mg/ml,  apresentou proteção de  52%, em relação ao controle. Com o aumento do tempo de reação entre o radical DPPH e o extrato hexânico observou-se um aumento na porcentagem de proteção. A fração hexânica é a menos polar onde se encontram os componentes mais hidrofóbicos. Dessa forma, a necessidade do tempo de reação pode estar relacionado a interação dos compostos com o radical DPPH presentes no extrato.
CONCLUSÕES:
O extrato clorofórmico da casca de ipê-roxo apresentou resultados efetivos contra a ação dos radicais livres ABTS, nas concentrações mais altas do extrato, apresentou também capacidade de reduzir o ferro III a ferro II na concentração de 2mg/ml, com uma redução de 62%, em comparação ao controle, e ainda, apresentou capacidade de seqüestrar o radical ânion superoxido, com valor de IC50 (concentração que apresenta de 50% de proteção) de 0.19 mg/ml de extrato.Atividade antioxidante determinada pela decomposição do DPPH (extrato hexânico) com valores de 40% de atividade antioxidante na concentração de 51% de atividade antioxidante. Com esses resultados pode-se concluir que o extrato clorofórmico e hexânico de ipê-roxo apresenta capacidade antioxidante, e o mecanismo envolvido nessa atividade provavelmente se deve a capacidade de interagir com os radicais doando hidrogênios, decompondo os radicais formados.
Instituição de fomento: Apoio Financeiro: FAPIC/UNIMEP - FAP/UNIMEP
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: estresse oxidativo; fitoquímicos; Ipê-roxo.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006