59ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional

NOTAS SOBRE A INFRA-ESTRUTURA LOGÍSTICA DE EXPORTAÇÃO DE SANTA CATARINA.



Isa de Oliveira Rocha1
Elisa Volker dos Santos2
Renata Rogowski Pozzo2

1. Profª. Drª. Departamento de Geografia - UDESC - Orientadora
2. Graduanda - Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
3. Graduanda - Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC


INTRODUÇÃO:

Santa Catarina se destaca pela precocidade e dinamismo na industrialização e exportação de produtos na tela econômica brasileira. Atualmente o estado apresenta agressiva inserção fabril internacional, beneficiada por uma estratégica organização regional da rede de infra-estrutura, que apresenta a combinação dos diferentes modais logísticos. As vantagens comparativas regionais catarinenses, tais como a qualidade dos produtos, os baixos custos de mão-de-obra, os incentivos e subsídios governamentais disponíveis e, principalmente a presença de rodovias e ferrovias interligando as diferentes regiões do estado aos três maiores portos marítimos da zona costeira estadual, foram determinantes no decorrer da segunda metade do século XX para a conquista do mercado externo. Lembra-se que o vertiginoso crescimento do parque fabril barriga-verde, a partir dos anos 1960-70, com a concentração de indústrias de mesmos ramos em regiões específicas do território estadual, determinou a diversidade da produção, refletida igualmente no conjunto das exportações, pois todas as regiões industriais, seja do planalto ou do litoral, são dinamicamente exportadoras. Neste cenário, a pesquisa analisa o quadro recente das exportações e da infra-estrutura logística das indústrias exportadoras catarinenses.

 



METODOLOGIA:

Para o presente estudo, utilizaram-se bases reflexivas que possibilitam a compreensão da realidade espacial. Milton Santos verificou a interdependência e a inseparabilidade entre modo de produção, formação social e espaço, a formação sócio-espacial. Tal perspectiva combinada com a interpretação do desenvolvimento econômico brasileiro de Ignácio Rangel (teoria dos ciclos econômicos longos/dualidades brasileiras) e com a obra de Armen Mamigonian, que decifra o dinamismo econômico não periférico e não dependente do Brasil meridional, a partir do atributo de uma formação sócio-espacial embasada na pequena produção mercantil, permite compreender o processo fabril e exportador catarinense. Posto isto, este trabalho – que partiu da revisão da literatura e de periódicos da mídia escrita e de levantamentos nas maiores indústrias exportadoras –, apresenta primeiramente uma análise breve do quadro exportador de produtos industrializados de Santa Catarina e, em seguida, caracteriza a rede de infra-estrutura logística de transportes utilizada para o processo exportador. Por último, a guisa de conclusão, expõe notas sobre as conexões e descontinuidades da infra-estrutura logística de exportação catarinense.



RESULTADOS:

As exportações catarinenses são diversificadas e partem das diversas regiões industriais que compõe nosso espaço econômico. A evolução da participação de produtos industrializados no espaço internacional vem reforçando a necessidade de ações administrativas, políticas e governamentais dirigidas a organizar o território de acordo com as especificidades fabris regionais. As indústrias exportadoras catarinenses realizaram nos críticos anos neoliberais da década de 90 um processo re-estruturativo de produtos e de flexibilização da produção. Ocorreram transformações nos processos de produção e nas estratégias de utilização da infra-estrutura logística, resultando em um aumento brutal de produtividade e também das exportações, driblando competitivamente a concorrência internacional. Contudo, com a excessiva carga tributária e a política cambial precária, algumas grandes empresas efetivaram a implantação ou compra de unidades fabris em outros países, geralmente em áreas onde já ocorriam expressivas vendas externas. Mas, em que pese este fato, a grande parte das empresas exportadoras catarinenses produz em unidades fabris localizadas por todo o território barriga-verde e são dependentes das estruturas de transportes existentes, que por sua vez apresentam claros sinais de estrangulamento.

 



CONCLUSÕES:

A configuração urbano-industrial e a rede ferroviária, portuária, aeroviária e rodoviária existente no estado, o lança a uma localização estratégica no contexto do comércio internacional, especialmente latino-americano, na sua porção do Cone Sul. Mas, a falta de aplicações em infra-estrutura impede um maior crescimento da indústria catarinense e coloca em dúvida a continuidade do desenvolvimento econômico no futuro, pois as rodovias precárias, os gargalos portuários e a falta de alternativas em transporte e energia afugentam os novos investimentos. Posto isso, conclui-se que a realidade sócio-espacial contemporânea do país exige urgentemente a implantação de uma administração/governança territorial de curto e médio prazo, construída por meio de uma correta leitura dos condicionantes sociais, econômicos, políticos e ambientais, dos fixos e fluxos espaciais. Mais particularmente, sugere-se a proposição de um sério planejamento territorial setorial da infra-estrutura de transportes e de logística de Santa Catarina, inexistente nestes moldes, que possibilitará criar condições para a elaboração de planos e de políticas setoriais prioritárias para o estado, e conseqüentemente contribuir para o tão aguardado alavancamento do desenvolvimento socioeconômico local.



Instituição de fomento: PROBIC-UDESC

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Santa Catarina, Infra-estrutura, Logística de Exportação

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