59ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE UM CASO DE ASPERGILOSE OCULAR



Mioni Thieli Figueiredo Magalhães de Brito1
Patrícia Bentes Marques1
Luiz Marconi Fortes Magalhães1

1. Grupo de Est. e Pesquisas em Educação Ambiental - GEPEA - UFPA


INTRODUÇÃO:
A aspergilose é um espectro de doenças que podem ser causadas por várias espécies de Aspergillus. Os fungos deste gênero são encontrados no solo, em qualquer parte do globo terrestre, em madeiras e restos orgânicos em decomposição. Seus propágulos se dispersam pelo ar, por isso são contaminantes comuns de laboratório (Londero e cols.,2002). As infecções fúngicas oculares podem ser ocasionadas por dois tipos de população fúngica: saprófitas e patogênicas. Os agentes saprófitas são normalmente encontrados no fórnice conjuntival, bordas palpebrais e orifícios lacrimais, cuja umidade, calor e proteção luminosa são favoráveis ao saprofitismo (Gus e cols., 2005). Os agentes patogênicos são aqueles dispersos no meio ambiente. A aspergilose raramente ocorre como doença primária, isto é, incidindo em hospedeiros normais. Comumente se instala em indivíduos imunodeprimidos, debilitados por doenças hematológicas ou noeoplásicas ou pacientes em tratamento com esteróides ou citotóxicos. O diagnóstico laboratorial da aspergilose é feito através do exame micológico direto e da cultura do material em meios específicos para fungos.

METODOLOGIA:

Uma amostra de secreção ocular de criança de seis anos, usuária de corticoesteróide de largo espectro, foi coletada com swab estéril e acondicionada em meio de transporte. No laboratório, foi realizada a triagem do material, através de exame micológico direto, com hidróxido de potássio (KOH) 30%, além esfregaços corados por Gram e Ziehl-Nielsen. Em seguida o material foi semeado em agar MacConkey e agar Sangue para o isolamento e identificação de possíveis bactérias patogênicas e em meio Sabouraud para o isolamento de fungos. Um exame complementar de hemograma, também foi realizado.



RESULTADOS:

O exame micológico direto com KOH 30% evidenciou estruturas leveduriformes, confirmadas pela bacterioscopia de Gram, que mostrou estas mesmas estruturas coradas em roxo. A coloração de Ziehl-Nielsen não evidenciou nenhuma bactéria álcool-ácido resistente. A cultura em agar Sangue, demonstrou, após 24 horas de incubação a 37°C, crescimento de pequenas colônias brancas, identificadas como Staphilococcus epidermidis, saprófita da microbiota ocular. No semeio em agar MacConkey foram evidenciadas, após 48 horas de incubação a 37°C, colônias escuras e com discreto induto pulverulento. O cultivo em agar Sabouraud, mostrou o crescimento de colônias brancas e membranosas, após cerca de 72 horas de incubação a 37°C, evoluindo para o aspecto granular negro, característica de Aspergillus niger. No exame microscópico deste semeio, realizado entre lâmina e lamínula com azul de Aman,  foram visualizados conidióforos terminados em vesículas globosas com fiálides dispostas em todo o seu entorno, com cadeias de conídios globosos. O hemograma não mostrou nenhuma alteração significativa no número de leucócitos.



CONCLUSÕES:

A presença de fungos na conjuntiva representa constante ameaça para os olhos, uma vez que esses microorganismos, considerados oportunistas, podem provocar infecções oculares severas, em situações como o uso prolongado  de drogas imunossupressoras, antibióticos, trauma ocular e alteração epitelial da córnea (Gus e cols., 2005). O diagnóstico da aspergilose ocular pode ser confundido com outras patologias, especialmente o diagnóstico laboratorial. Na maioria dos casos, os testes de triagem do material coletado não mostram o patógeno e a cultura específica para o fungo pode ser negativa. É importante salientar que exames complementares como o hemograma, devem fazer parte da investigação diagnóstica. Os testes de triagem bacteriológica e micológica são de fundamental importância para a orientação do investigador. No caso em questão, a cultura em meio específico para fungo só pôde evidenciar crescimento após um período relativamente prolongado de incubação, o que permitiu a visualização das estruturas fúngicas e elucidação do diagnóstico.





Palavras-chave:  Diagnóstico laboratorial, Aspergilose

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