59ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia

EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO INTRATECAL DE SC-19220, L-826266 E L-161982 SOBRE A RESPOSTA FEBRIL INDUZIDA PELA INJEÇÃO INTRATECAL DE PROSTAGLANDINA E2 EM RATOS JOVENS.



Rosália Andrighetto1
Viviane Ratzlaff1
Ana Paula de Oliveira Ferreira1
Juliana Saibt Maritns Pasin1
André Luis Lopes1
Carlos Fernando de Mello1

1. Universidade Federal de Santa Maria - Departamento de Fisiologia e Farmacologia


INTRODUÇÃO:
      

              A febre é uma elevação da temperatura corporal, a qual resulta da alteração no centro termoregulatório ocasionada pela liberação de citocinas pirogênicas. Devido ao tamanho e às propriedades hidrofílicas, acredita-se que tais pirógenos não atravessam livremente a barreira hematoencefálica. Assim, tem sido sugerido que as citocinas poderiam exercer seus efeitos através da prostaglandina E2, e esta, então, atuaria sobre os neurônios reativos da área pré-óptica do hipotálamo anterior, os quais expressam receptores do tipo EP (EP1, EP2, EP3 e EP4). A prostaglandina E2 (PGE2) é considerada o provável mediador final da febre, sendo amplamente conhecido que a PGE2 produz febre quando administrada via intracerebroventricular e intra-hipotalâmica em ratos. No entanto, não há relatos do seu efeito sobre a temperatura corporal quando administrada via intratecal (i.t.).   A PGE2 é sintetizada a partir do ácido araquidônico, o qual é metabolizado pela ciclooxigenase 2 (COX-2). Desta maneira, os medicamentos antipiréticos mais amplamente estudados e empregados na terapia antipirética são os inibidores da COX. Este estudo teve por objetivos investigar o efeito da PGE2 quando administrada intratecalmente sobre a temperatura retal (TR) de ratos jovens, padronizar um modelo de febre que permita a triagem de novas drogas antipiréticas e proporcione subsídios para a investigação de seus mecanismos de ação e verificar o efeito da administração intratecal (i.t.) de antagonistas dos receptores EP1 (SC-19220), EP3 (L-826266) e EP4 (L-161982) sobre o desenvolvimento da febre induzida por PGE2 i.t. em ratos jovens.



METODOLOGIA:

             Foram utilizados ratos Wistar machos (25-30 dias), mantidos a 22±1°C. A temperatura dos ratos foi registrada utilizando-se um termístor (ligado a um sistema digital de aquisição de dados) o qual foi inserido durante 50s no reto do animal. Os animais foram habituados à medida da temperatura retal (TR) por dois dias. No dia do experimento, a TR basal foi medida às 8h e as medidas posteriores foram feitas em intervalos de 30min até às 12h. Os resultados são expressos como a média ± erro padrão da variação da TR em relação à medida basal (∆TR). A fim de avaliar o efeito da administração de diferentes volumes de salina 0,9% sobre a TR, um grupo de animais foi injetado com 10, 50 ou 100mL/animal; incluímos também um grupo apenas puncionado (Sham) e um experimentalmente virgem (Naive) como controles.

            Para avaliar o efeito da administração i.t. de PGE2, estabelecemos uma curva dose-efeito, utilizando as doses 3, 10 e 30ng/100mL, além de 100mL de salina 0,9% como controle. A dose de PGE2 de 10ng/100mL provocou o maior aumento na TR dos animais [F(3,40) = 2,84; p<0,05; n:11 ]. Tendo-se determinado o volume da injeção intratecal e a dose de PGE2 avaliou-se o efeito da administração intratecal (i.t.) de antagonistas dos receptores EP1 (SC-19220), EP3 (L-826266) e EP4 (L-161982) sobre o desenvolvimento da febre induzida por PGE2 i.t. No dia do experimento, após a medida da TR basal (8h) os animais receberam a co-administração i.t. de PGE2 (10ng/100mL) e SC-19220 (60 ηmol/animal), PGE2 e L-826266 (150 pmol/animal), ou PGE2 e L-161982 (75 pmol/animal). As medidas seguiram-se em intervalos de 30 min até às 12h.

 



RESULTADOS:

            A análise estatística revelou que não houve diferença significativa entre os grupos [F(4,29) = 0,47; p>0,05; n: 6-7]. O volume de 100mL/animal foi escolhido para as injeções posteriores por alcançar mais rapidamente o encéfalo.

            O SC-19220 e o L-826266 impediram o desenvolvimento da febre induzida por PGE2 i.t. [F(5,90)=3.19; P<0.05 e F(7,147) = 2,04; p<0.05, respectivamente; n: 6-7], enquanto que o L-161982 não alterou a resposta febril da PGE2 i.t. [ F(7,168) = 1,33; p>0,05; n: 7].



CONCLUSÕES:

            Tanto na presença do antagonista EP1 (SC-19220) quanto EP3 (L-826266) a PGE2 não se mostrou capaz de induzir febre, indicando um papel fundamental para estes subtipos de receptores EP nos mecanismos da febre. Entretanto, o antagonista do receptor EP4 (L-161982) não alterou o curso da resposta pirética à PGE2.  Os resultados demonstram a especificidade da resposta febril induzida pela PGE2 e sugerem o envolvimento dos receptores EP1 e EP3 na febre induzida pela injeção intratecal de PGE2.



Instituição de fomento: Universidade Federal de Santa Maria

Experiências Inovadoras de Educação em Ciências

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Resposta febril, Prostaglandina E2, Administração intratecal

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