59ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 7. Fonoaudiologia - 1. Fonoaudiologia

ÍNDICES ACÚSTICOS E PERCEPTIVO-AUDITIVOS DA VOZ DISFÔNICA: CORRELAÇÕES ENTRE MECANISMOS VIBRATÓRIOS E ARTICULATÓRIOS

Cristina Canhetti Alves1
Zuleica Antonia de Camargo1

1. PUC-SP


INTRODUÇÃO:

Os avanços nos métodos de avaliação do sinal de fala, e, especificamente, do sinal vocal mudaram de forma significativa o panorama da atuação fonoaudiológica. A incorporação de recursos instrumentais, especificamente de análise acústica, representa uma nova perspectiva na compreensão dos ajustes adjacentes à geração do sinal vocal, a qual pode influenciar a abordagem terapêutica de tais alterações.

O presente estudo enfoca as relações entre os níveis de atividade glótica e supraglótica do trato vocal por meio das medidas de tempo de início de sonorização (VOT) e de suas correspondências ao plano da percepção auditiva por meio do reconhecimento de sílabas e de julgamentos da qualidade vocal em falantes asmáticos com disfonia.



METODOLOGIA:

        A composição do corpus partiu da seleção de amostras do banco de dados do LIAAC (Laboratório Integrado de Análise Acústica e Cognição da PUCSP). A seleção das amostras do banco de dados foi efetuada com base no julgamento perceptivo-auditivo de três pesquisadores do LIAAC, experientes em julgamentos perceptivo-auditivos da qualidade vocal. Diante da demanda apresentada para o estudo, dividindo-se dez falantes do gênero feminino em dois grupos (portador de disfonia- S1 a S5 -e referência- S6 a S10 - sem alteração da qualidade vocal). Das amostras de 3 repetições dos vocábulos [pa]ta, [ba]ta, [ta]ta, [da]ta, [ka]ta e [ga]ta  inseridos em sentença-veículo, foram extraídas as medidas de VOT e de duração de vogais adjacentes à consoantes plosivas (anterior e posterior) com o software PRAAT versão 4.3 22 (www.praat.org), as quais foram normalizadas com base nas médias para os segmentos consonantais surdos e sonoros de cada falante. Tais medidas foram submetidas a tratamento estatístico por meio do Teste T de Student. Os vocábulos foram editados para a composição de experimento de reconhecimento auditivo por 105 juízes (fonoaudiólogos e estudantes de fonoaudiologia).



RESULTADOS:

        Os valores normalizados de VOT mostraram diferenças significantes para os sons [p], [t] e [k] entre falantes dos grupos portador de disfonia e referência. As medidas de duração normalizadas para vogais adjacentes aos plosivos surdos revelaram-se aumentadas no grupo portador de disfonia. No plano da percepção auditiva os maiores erros de reconhecimento foram gerados para os vocábulos contendo plosivos surdos [p] e [t], seguidos dos sonoros [b] e [d]. Do ponto de vista da qualidade vocal, os indivíduos do grupo portador de disfonia agruparam-se basicamente quanto à maior incidência de ajustes glóticos (S2 e S5- ajustes de voz áspera, voz soprosa e hiperfunção) e supraglóticos (S1, S3, S4- ajustes de corpo de língua abaixado). Alguns indivíduos apresentaram outros ajustes, como S1 que apresentou, na esfera glótica, crepitância e S4 voz soprosa. Tais achados indicam que tanto os plano de geração de sonoridade (fonatório- glótico) como o articulatório (supraglótico)  encontram-se alterados no grupo portador de disfonia.



CONCLUSÕES:
        Os achados revelam alterações na produção de plosivos surdos em falantes asmáticos portadores de disfonia, com correspondência na percepção auditiva do sinal de fala, por meio do achado de maior índice de erros gerados no reconhecimento dos  respectivos vocábulos e com alterações da qualidade vocal (planos glótico e supraglótico).

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Medidas de Produção de Fala, Percepção de fala, Distúrbios da Voz

E-mail para contato: criscanhetti@uol.com.br