60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A especificidade da EJA exige que o educador de jovens e adultos se qualifique continuamente na busca de conhecimentos que o ajude e contribua para a formação dos seus alunos jovens e adultos. Objetiva uma formação que não valoriza apenas a dimensão técnica exigidas para o mercado, mas, sobretudo, a formação humana dos sujeitos humanos (SOUZA, 2007). Tendo em vista a precariedade da formação inicial e continuada de professores da EJA, passamos a levantar questionamentos, que também são os objetivos desta pesquisa, acerca das necessidades formativas desses profissionais, tais como: onde se dá essa formação? Qual o espaço/tempo dessa formação? Quais necessidades formativas esse profissional requer para organização e reflexão da sua prática? Pretendemos investigar como ocorre a formação continuada dos educadores de EJA no município de Guarabira/PB; identificar os motivos que impulsionam os educadores a participarem dos encontros continuados de formação oferecidos pela Secretaria Municipal de Educação; analisar como a participação dos educadores nos encontros de formação tem contribuído para a melhoria da sua prática pedagógica, em sala de aula e conhecer os temas e conteúdos discutidos nos encontros de formação continuada. Portanto, a formação continuada do educador da EJA ainda é um espaço suscetível à investigação.

METODOLOGIA:

Dada a natureza do problema, optamos por um estudo fundamentado no paradigma qualitativo. Este tipo de pesquisa, segundo Minayo (2007, p. 21): “[...] responde a questões muitos particulares [...] e trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes”. O ambiente natural da investigação é o espaço de formação dos professores da EJA do município de Guarabira/PB e a nossa opção foi pela abordagem do tipo estudo de caso. As informações foram coletadas através de consulta a documentos existentes nos arquivos da Secretaria Municipal de Educação de Guarabira/PB, e de entrevistas semi-estruturadas, pelas as quais os professores submeteram-se voluntariamente, segundo critérios preestabelecidos. As mesmas foram realizadas entre os meses de janeiro e abril de 2008. O conteúdo das entrevistas foi tratado da seguinte forma: primeiramente, fez-se a transcrição do respectivo conteúdo e, em seguida, utilizou-se a técnica de Análise de Conteúdo, conforme Minayo (2004, p. 75) e Bardin, (1977 apud TRIVIÑOS, 1987, p. 160). Para a análise das entrevistas, construímos quadros divididos por categorias, que compreendem o espaço de formação continuada, os temas e conteúdos da formação, a repercussão da formação em sala de aula, outros espaço de formação continuada e as dificuldades do exercício docente.

RESULTADOS:

A realidade da educação de jovens e adultos no município de Guarabira, não dista da encontrada em outros espaços pelo país afora: alunos em sua maioria assalariada e muitos excluídos econômica e socialmente. De acordo com Soares (2007), a falta de atenção às especificidades da EJA nos cursos de formação, leva à desqualificação profissional, conduzindo os professores do ensino regular a lecionarem na EJA, o que deixa o trabalho a desejar e despotencializa os alunos em suas capacidades de aprendizagens. Existe ainda uma visível desarticulação entre as propostas de formação continuada para professores da EJA e as necessidades formativas dos educadores. Nunes (2000) constata que o lócus privilegiado da formação de professores é a escola, todavia, revela que outros espaços como as universidades, os sindicatos e a internet também constituem lócus da formação continuada. Outras secretarias de educação também têm oferecido formação continuada, além dos programas de formação oferecidos pelo governo federal, como indica a fala de uma das professoras entrevistadas. Quando as professoras falaram de suas dificuldades em trabalhar com a EJA, elas mostraram-se decepcionadas com o tratamento dado a todos que fazem parte desta modalidade educativa, pois, na sua maioria, os problemas identificados são de âmbito administrativo e envolvem políticas públicas, gestão, evasão escolar, saúde e planejamento. A EJA ainda é vista como suplência educativa. Isso repercute também na formação continuada do educador.

CONCLUSÕES:

Com base nas informações coletadas, podemos fazer as seguintes conclusões: a) os espaços de formação continuada dos professores de EJA de Guarabira se limitam aos planejamentos mensais ofertados pela SME e aos cursos anuais cujas temáticas e metodologias nem sempre repercutem em sala de aula devido à sua descontextualização; b) a relação com os alunos da EJA, por meio das trocas de experiências faz com que os professores aprendam a lidar com essa especificidade educativa; c) não se constatou, no transcorrer do ano de 2007, oficinas pedagógicas com os professores; d) os conteúdos trabalhados nos referidos cursos de capacitação anual têm se voltado para os termos da sexualidade, da cidadania e da ética. Esses são trabalhados através de dinâmicas de grupo; e) não existe material didático-pedagógico adequado à realidade dos alunos da EJA; f) há alunos com problemas de visão e que não conseguem acompanhar as atividades em sala de aula; g) as atividades de formação continuada repercutem de forma regular na prática pedagógica dos professores em sala de aula; h) não se observou a organização do arquivo com os dados sobre a EJA no município; i) a gestão das atividades no campo da EJA demonstrou pouca autonomia e iniciativa; j) as informações coletadas evidenciam que a formação continuada dos professores da EJA de Guarabira precisa ser assumida como uma política pública de formação para poder obter resultados e assim, atender as reais necessidades formativas de seus educadores.

Instituição de fomento: Programa Institucional de Iniciação Científica (PROINCI/UEPB)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Formação continuada, Espaços formativos

E-mail para contato: eduardojorgels@gmail.com