60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O pensamento jurídico dominante esteve presente nos grandes regimes totalitários, sendo utilizado como instrumento de dominação e manipulação das massas sociais, quando o poder de legislar permanecia nas mãos dos líderes sob o argumento de que os seres individuais seriam incapazes de se organizarem livremente na busca por seus direitos. Interessante constatar que as características totalitárias não afastam a existência de princípios democráticos no grupo, como nas ocasiões em serão tomadas decisões, uma vez que para tanto, os membros participam diretamente. Porém, em geral, nas organizações em que os patronos buscam oportunidades ideais ou materiais para realizarem objetivos precisos ou obterem vantagens pessoais, os militantes apresentam-se mais permeáveis ao carisma do chefe do que aos princípios e pensamentos ideológicos colocados em questão numa assembléia, por exemplo. Portanto, o que se dá, de fato, é a imposição da idéia de alguns sobre vários, sem que estes se manifestem contrariamente. Neste contexto, visualizou-se a relevância do estudo desta relação político-social como instrumento de massificação dos pensamentos individuais e deslegitimação das organizações coletivas como propulsoras de mudanças reais.

METODOLOGIA:

O método de abordagem utilizado para o desenvolvimento da pesquisa é, fundamentalmente, o método dialético, começando entretanto, com a realização de análises sobre os contextos e conflitos históricos, buscando, por meio destes, evidenciar as contradições da realidade social, e resolvê-las no curso do desenvolvimento histórico. É por meio do método dialético que fazemos análises dos discursos carismáticos disponíveis, buscando-se evidenciar as contradições entre estes e os efeitos históricos relacionados

RESULTADOS:

A situação de crise origina forçosamente novas idéias e tradições e o indivíduo, chamado líder, assume muito mais a condição de intérprete que de senhor, sujeito ativo. Este contexto faz pressupor que exista uma maneira de selecionar o líder ideal. Deve o sujeito candidato à líder possuir características pessoais e ideais suficientes para identificá-lo com o estereótipo esperado por aquela comunidade. Somente assim ele poderá exercer o papel de chefe das massas e produtor de opiniões. Conclui-se, portanto, que as demandas sociais precedem ao surgimento do líder. As repercussões do discurso carismático chegam a afetar o indivíduo enquanto objeto de garantias individuais. Isso porque o discurso demagógico atinge índices pragmáticos, dificultando a identificação do sujeito dos direitos. Os meios disponíveis para a defesa e garantia destes é distante da realidade de grande parte da população, sobretudo diante de sua situação de inércia, resultante da metodologia de dominação baseada no carisma.

CONCLUSÕES:

Ao serem analisadas a realidade social e cultural que devem existir para que o fenômeno da Dominação Carismática se faça presente, observou-se que esta decorre de um mecanismo fora do padrão, que surge com objetivos de romper o estável e o rotineiro, dando a estes novos significados, revestidos de caráter revolucionário, mágico e sobrenatural. Para ocorrer a adoção de princípios totalitários pelo indivíduo é necessária a presença do líder carismático, que adota técnicas de persuasão, lavagem cerebral e psicologia de massa fazendo com que seus “fiéis” o sigam cegamente, estes, por sua vez, desenvolvem características que se mostram convenientes para a estabilização e manutenção da “ordem” no regime. Observou-se também que a dominação decorrente das práticas da liderança é muito mais fruto dos símbolos e dos métodos carismáticos que de seu caráter sobrenatural ou sobre-humano. Decorre, portanto da disposição das massas sociais em acolher e aceitar a presença do líder. Então concluímos que a análise de Bourdieu se apresenta de maneira pertinente, na medida em que contextualiza o surgimento do líder a um período de crise manifesta ou latente e à necessidade que o grupo tem de sua presença.

Instituição de fomento: CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Discurso, Dominação, Carisma

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