60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva

PROMOÇÃO DA SAÚDE EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DA SERRA-ES.

Josélia Soares1
Bárbara Costa Guerra1
Maristela Dalbello Araújo2

1. Universidade Federal do Espírito Santo - Ufes.
2. Prof. Dr. - Departamento de Psicologia - Ufes - Orientador


INTRODUÇÃO:
No âmbito da Saúde Coletiva, ações de prevenção são intervenções orientadas para evitar o surgimento de doenças específicas. Os projetos de prevenção e de educação em saúde, comumente se estruturam mediante a divulgação de informação científica e de recomendações normativas de mudanças de hábitos. Já as práticas de Promoção da Saúde constituíram-se como uma reação à medicalização da vida social e uma concepção mais ampla e recente de saúde tem orientado práticas que abrangem atividades voltadas para o coletivo e o ambiente físico, social, político, econômico e cultural. “[...] Promoção da saúde define-se, tradicionalmente, de maneira bem mais ampla que prevenção, pois se refere a medidas que ‘não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar gerais’”(LEAVELL & CLARCK, apud CZERESNIA, 2003, p. 45). Visto a Promoção de Saúde basear-se na união de conhecimentos técnicos e populares (CZERESNIA, 2003), os canais municipais tornam-se os principais meios de participação das comunidades na manutenção da atenção primária de saúde. A partir de pesquisas realizadas (ARAÚJO, 2005) verificou-se que existem vários sentidos atribuídos às ações de promoção de saúde que se desdobraram em ações indiferenciadas. Por isso torna-se relevante analisar essas ações e os benefícios que estas proporcionam à população. Neste sentido a pesquisa objetivou verificar e analisar as ações de promoção de saúde que ocorrem nas unidades básicas de saúde no município da Serra-ES.

METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo exploratório em que interessa verificar o que tem sido realizado com o nome de promoção de saúde nas Unidades Básicas do município da Serra. Neste sentido foram necessários vários contatos e licenças para utilização dos espaços e dos documentos pertinentes à área. Mediante o consentimento da Secretaria de Saúde daquele município, foi realizado levantamento preliminar e construídos o mapa da assistência na atenção primária no município, foram localizadas as 32 Unidades existentes e os documentos que servem de diretrizes para as ações de promoção de saúde e atenção primária. Foram também identificados os profissionais responsáveis pela área e os coordenadores específicos de cada Unidade Básica. Construiu-se então, um instrumento específico na forma de formulário a ser utilizado na entrevista com os respectivos coordenadores das Unidades, que foi testado e aprovado em outro município da região metropolitana. Assim, de posse do instrumento realizaram-se as entrevistas, visando verificar quais são as ações entendidas como de promoção da saúde realizadas naquele estabelecimento. Além disso, o roteiro permitiu que o entrevistado oferecesse sua opinião sobre os resultados alcançados por essas ações, e expressasse as principais dificuldades encontradas para sua realização. As entrevistas foram gravadas e transcritas.

RESULTADOS:
Verificou-se que município da Serra está configurado em sete regiões administrativas e ao todo existem 32 Unidades Básicas de Saúde neste município. Apenas oito das unidades de saúde contam com a Estratégia de Saúde da Família. Mediante visitas às unidades, entrevistas e acompanhamento de algumas ações apontadas como de promoção da saúde pelo coordenador da unidade em que a ação se realizou, verificou-se que a maioria das ações assinaladas como sendo ações de promoção da saúde possuem caráter consideravelmente voltado para ações de prevenção de doenças. Tal fato demonstra certa indefinição de conceitos que se desdobram em ações indiferenciadas. A maioria dos entrevistados classificou programas ministeriais preventivos e de controle de doenças tais como: SISVAN (Sistema de Gestão Federal/Estadual da Vigilância Alimentar e Nutricional), PAISC (Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança), PAISM (Programa de Atenção Integral a Saúde da Mulher), Bolsa Família, Puericultura, HIPERDIA (Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos), como ações de promoção da saúde. Foram apontados também, pela maioria dos entrevistados, como uma dificuldade freqüente, a insuficiência de profissionais e falta de espaço físico para a realização das ações de promoção.

CONCLUSÕES:
Os resultados assinalam dificuldades em relação a uma compreensão do conceito de promoção da saúde. A grande maioria dos entrevistados não percebe diferença entre as ações tidas como sendo de promoção de saúde e aquelas com caráter específico de prevenção de determinada doença. Este fato contribui para o desdobramento de ações indiferenciadas nas unidades. Além disso, observou-se melhores condições para realização de ações de prevenção como também melhor potencial para ações de promoção da saúde naquelas Unidades que funcionam sob a Estratégia de Saúde da Família. Ainda assim, pode-se afirmar que há grande dificuldade para a realizações que genuinamente contribuam para a promoção da saúde nos moldes do que é preconizado pela Organização Pan-Americana de Saúde e pelo Ministério da Saúde, quer seja pela pouca compreensão de seu potencial, falta de preparo dos profissionais ou obstáculos postos pela espaço físico das Unidades que baseia-se no modelo centrado na consulta médica individual.

Instituição de fomento: PETROBRÁS; FACITEC.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Saúde Coletiva, Promoção da saúde

E-mail para contato: joselia.soares@gmail.com