60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

A infância tem sido objeto de estudo de psicólogos, pedagogos, educadores e estudiosos que se interessam pelo desenvolvimento infantil. Várias instituições de educação têm apresentado propostas oferecendo serviços, que possam desenvolver de forma lúdica e prazerosa essa faixa etária. A arte especificamente a música tem se inserido em alguns currículos escolares e vem mesmo que lentamente conquistando o seu lugar. Como linguagem expressiva, fundamental no universo infantil desenvolve a afetividade, a emoção, a linguagem, a psicomotricidade, a sociabilidade, a criatividade, a cognição e promove a alfabetização (Vieira e Leão, 2006). A criança ao ser exposta desde tenra idade com a música, demonstra desenvolvimento mais acentuado se comparadas com crianças que não tiveram tal oportunidade. Como pesquisadoras, estudamos a influência da música desde a vida intra-uterina, na alfabetização e no desenvolvimento infantil e as pesquisas têm apresentado dados significativos. Através dos dados e resultados dessas pesquisas, este estudo teve como objetivo verificar a influência da música na cognição de crianças de zero a cinco anos matriculadas em um berçário escola da cidade de Goiânia-Go. Utilizou-se procedimentos construtivistas, para obtenção de dados que mostrassem que a aprendizagem e o gosto pela leitura vivenciados em ambiente musical, possibilitariam à criança construir o processo de alfabetização e o gosto musical. Oitenta sujeitos foram observados e classificados de acordo com a proposta da escola: berçário I (bebês de zero a um ano); berçário II (13 meses a 24 meses), maternal I (25 meses a 3 anos); maternal II (sujeitos de quatro anos) e pré-escola (cinco anos). Fundamentou-se nos pressupostos de Piaget, Vygotski, Wallon, Dalcroze, Vieira e Leão e estudiosos sobre os efeitos da música na infância. A metodologia utilizada foi a pesquisa-ação e os resultados foram significativos onde concluiu-se que a música de forma lúdica promoveu a sociabilidade, a aprendizagem da leitura e elementos musicais dos sujeitos estudados.

METODOLOGIA:

Este estudo foi realizado em 2006, com crianças de um berçário escola, da cidade de Goiânia. Oitenta sujeitos foram observados e classificados da seguinte maneira: quinze no berçário I (bebês de zero a um ano); vinte e cinco no berçário II (13 meses a 24 meses), vinte no maternal I (25 meses a 3 anos); quinze no maternal II (sujeitos de quatro anos) e cinco na pré-escola (cinco anos). As sessões/aulas de música (filmadas e fotografadas) foram realizadas uma vez por semana e durante a semana as professoras trabalhavam a música com atividades curriculares. No berçário I e II e no maternal I e II, as atividades musicais foram direcionadas para desenvolver as percepções sensoriais, a psicomotricidade, a afetividade, as emoções, a expressão, a imitação, a sociabilidade, a criatividade e a leitura. A vivência, dos nomes dos sujeitos, das professoras e funcionários, das cores, dos números, das formas, dos objetos da sala de aula e da escola, dos instrumentos musicais, dava-se através de canções criadas pela pesquisadora. As brincadeiras infantis, as parlendas, os travalínguas, as canções folclóricas, o desenho e a pintura fundamentais na educação infantil eram vivenciadas sempre nas sessões/aulas de música (duração de 90 minutos), mantidas e trabalhadas durante a semana. Após a vivência a pesquisadora juntamente com a coordenadora e professoras programavam as atividades da semana seguinte e como seria a vivência simbólica. A vivência simbólica era feita através de jogos pedagógicos, palavras escritas em cartões tipo sulfite no. 60 e letra em caixa alta, alfabeto móvel. A formação de palavras concretizava-se durante a semana. Na pré-alfabetização as atividades eram as mesmas com o diferencial significativo da escrita se comparados com os sujeitos de zero a quatro anos. O diagnóstico final foi a observação da audição (DVD) da Fábula musical de Sergei Prokofiev e a 5ª Sinfonia de Beetoven do filme Fantasia 2000.

RESULTADOS:

Os bebês de zero a um ano e presença assídua, desenvolveram o tonos muscular como: a flexão acentuada dos membros inferiores quando solicitados; o pular corda com movimento de baixa altura; jogar bola com o colega; bambolê pequeno (20cm de diâmetro) para movimentos de balanceio. A percepção viso-motora, a habilidade com os instrumentos musicais de bandinha rítmica, a afetividade, a emoção também foram significativos bem como o prazer de ir para a escola com a diminuição do choro ao ser deixado pela mãe. Dois bebês, um de cinco e outro de seis meses engatinharam sem apoio e sobressaíram em todas as atividades. Os bebês manuseavam os instrumentos musicais de bandinha com habilidade e tocavam no pulso da canção e balbucios durante a canção. Demonstraram preferência por instrumentos musicais, livros e identificaram nomes e palavras. Os bebês com pouca freqüência não desenvolveram tanto se comparados com os assíduos. Os bebês que passaram de sala do berçário I para o II durante a pesquisa, desenvolveram mais que os da turma. Os sujeitos do berçário II (2 e 3 anos) além de terem desenvolvido as habilidades motoras dentro de sua faixa etária pressuposta por estudiosos, desenvolveram a leitura identificando palavras em frases musicais, identificação de formas geométricas, números até dez, pauta e nota musical bem como a execução de canções acompanhadas de instrumentos musicais. As crianças do maternal I e II (3 e 4 anos) desenvolveram o gosto pela leitura, identificação e formação de palavras em flanelógrafo, alfabeto móvel e atividades direcionadas e planejadas dentro do currículo escolar. As pinturas apresentaram maior exploração de cores, os desenhos foram mais criativos e os sujeitos demonstraram características de intenção de escrita nas atividades solicitadas em sala e em casa de matemática e língua portuguesa. Os sujeitos da pré-escola terminaram o ano letivo com leitura e escrita com autonomia. Na música demonstraram maior compreensão e execução sonora na flauta doce bem como nas células rítmicas. A musicalização também foi significativa. Todos os envolvidos no estudo no diagnóstico final (divididos por turmas) demonstraram quanto ao estilo musical, atenção, prazer e interesse durante as audições. Todos os sujeitos tiveram atenção total durante toda a execução (30 minutos). Com três sujeitos (2anos) do berçário II durante a audição pôde-se presenciar o insite da aprendizagem e criatividade gestual. Quer dizer, fizeram gestos de canções já aprendidas enquanto assistiam e acrescentaram novos gestos com muita naturalidade.

CONCLUSÕES:

A observação dos elementos determinantes do resultado, evidenciados pelos vídeos e análises das atividades escritas e relatórios da pesquisadora e professoras, mostrou uma diferença significativa dos sujeitos estudados submetidos aos estímulos musicais. Considera-se que a experimentação promoveu resultados significativos e que poderão contribuir, para a linguagem verbal dos bebês, dado os balbucios observados e o desenvolvimento psicomotor. A aprendizagem dos símbolos musicais pode ser vivenciada com crianças a partir de três anos desde que seja de forma lúdica. Brincar com os elementos da música da mesma forma que as palavras foi prazeroso para o grupo. Os travalínguas e as canções infantis praticado desde tenra idade não só desenvolveu a atenção bem como a linguagem dos bebês e o vocabulário dos sujeitos do maternal I e II. Baseando-se nos preceitos de Vieira e Leão (2006) quanto à aprendizagem através dos estímulos musicais, a presente pesquisa evidencia possibilidades para a constatação dessa hipótese. Este estudo continua através de uma amostragem maior com relação ao desenvolvimento de crianças de zero a um ano com novo grupo de bebês tendo bebês com necessidades especiais. Pôde-se constatar que desenvolver atividades com estímulos musicais dentro de escola berçário se faz necessário devido a pouca qualificação dos professores assistentes. Neste berçário, houve o interesse e conscientização dos dirigentes quanto à importância da música na educação infantil. A música é fundamental na formação da criança. As brincadeiras e as canções infantis não só contribuem para o desenvolvimento da criança bem como a sua sociabilidade no meio em que vive.

Palavras-chave: Infância, Cognição, Música e Alfabetização

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