60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública

INCIDÊNCIA DE ENTEROPARASITOSE EM CRIANÇAS NA FAIXA ETÁRIA DE 0 À 2 ANOS EM CRECHES PÚBLICAS NO MUNÍCIPIO DE BARREIRAS – BA.

Carla Doralice Alves da Silva1
Jamile Carvalho Rodrigues1
Kassia Ludmilla Fernandes da Luz1
Marjorie Saionara Santos Bastos1
Anderson Clayton Sá Feitosa2

1. ACADÊMICAS DE ENFERMAGEM - FACULDADE SÃO FRANCISCO DE BARREIRAS - FASB/BA
2. FARMACÊUTICO-BIOQUÍMICO, ESP. EM ANALISES CLÍNICAS, E DOCENTE DA FASB/BA


INTRODUÇÃO:
As parasitoses estão cada vez mais presentes e freqüentes na vida do ser humano, por vários motivos, dentre eles, a precariedade do saneamento básico, a falta de acesso ao sistema de saúde, as condições sócio-econômicas e culturais, e essencialmente a falta de uma educação permanente e informação precisa e clara à população mais carente e humilde. Dessa forma, as crianças são mais acometidas, podendo a maior prevalência de parasitas intestinais levar ao déficit nutricional e do crescimento pôndero-estatural (LUDWIG 1999 appud GURGEL 2005). Assim, Gurgel et al (2005), descreve que as parasitoses intestinais estão intimamente relacionadas com as condições sanitárias, e representam um importante problema de saúde pública nos países em desenvolvimento. Diante do contexto as enteroparasitoses são transmitidas através de água e alimentos contaminados com material fecal, e de pessoa a pessoa, tanto entre os familiares quanto em comunidades escolares e creches. Dentre os tipos de parasitos que acometem os seres humanos têm-se os Protozoários e os Helmintos, isto é, das parasitoses que acometem com mais freqüência às crianças destacam-se: Giardia lamblia, Entamoeba coli, Entamoeba histolytica, Ancilostomideo, Enterobius vermicularis, Ascaris lumbricoides, Endolimax nana e Hymenolepis nana. No que se refere à atuação da enfermagem, é uma das profissões da saúde que pode atuar na atenção primária, ou seja, nos programas de educação para a saúde, orientando a população quanto às medidas de promoção e prevenção das patologias causadas pelas enteroparasitoses. Por conta disso define-se como objetivo do estudo conhecer as parasitoses que ocorrem em maior índice nas creches públicas no município de Barreiras –BA.

METODOLOGIA:
O presente estudo é de natureza investigatória, em busca de comprovações, baseado no caráter descritivo qualitativo e quantitativo. Para coleta dos dados foi utilizado material parasitológico, sendo colhidas amostras de fezes de cada criança, procedimento este que foi realizado pelos responsáveis em suas residências, orientados quanto aos cuidados na coleta e no acondicionamento das fezes. Nos casos onde os resultados das amostras foram negativos, solicitou-se uma nova amostra para confirmação. As fezes foram imediatamente encaminhadas ao Laboratório de Microbiologia e Parasitologia da Faculdade. Utilizando-se para analise laboratorial os métodos de enriquecimento Hoffmann, Pons, Janer e Baermann. Foi desenvolvida ainda aplicação de um formulário semi-estruturado em forma de ficha epidemiológica, a cada mãe/pai ou responsável, a fim de avaliar renda familiar, abastecimento de água, destino do lixo e dejetos, hábitos higiênicos alimentares e preparo dos alimentos, presença de animais domésticos e inoportunos, higiene pessoal e doméstica. Aplicado em três creches públicas (I, II e III) do município de Barreiras - BA, com critério de escolha aleatório para a definição das crianças a serem beneficiadas dentro de cada instituição, totalizando 69 pesquisados. Realizou-se estudo-piloto com a primeira etapa do formulário para validar o instrumento e estabelecer a redação definitiva. Durante a coleta, análise e utilização dos dados manteve-se respeito aos aspectos éticos de acordo com a Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde. Os valores foram agrupados e tratados através da estatística descritiva. Em seguida, foram distribuídos em tabelas e gráficos e analisados à luz de multireferencias.

RESULTADOS:
Os resultados apontam que de 69 crianças pesquisadas 54 eram acometidas por parasitoses, ou seja, tinham resultados positivos, com um percentual de 79%. Das espécies de parasitos encontrados nos exames parasitológicos dos sujeitos da pesquisa, observou-se que a Endolimax nana, foi o protozoário mais prevalente, com 31% dos casos, a Giárdia lamblia 29%, Entamoeba coli 21% e Entamoeba histolytica, o menos freqüente com 19%. No que se refere às espécies parasitárias – Helmintos, constatou-se que Hymenolepis nana, como sendo o helminto mais evidente com 48% dos casos, Ascaris lumbricoides 43% e outros com 9%. Em relação ao percentual das amostras coletadas na creche (I), foi obtido um percentual de protozoário igual a 64%, helmintos 22% e resultados negativos 14%, existentes em 25 amostras coletadas. Na creche (II) apresentou 49% de protozoário, 35% de helmintos e 16% de amostras negativas em 22 amostras coletadas. Enquanto que na creche (III), observou-se 88% de protozoários, 7% de amostras negativas e 5% de helmintos presentes em 22 amostras coletadas.

CONCLUSÕES:
Constatou-se que é perceptível o quanto as parasitoses (protozoários e helmintos) acometem freqüentemente as crianças, principalmente aquelas, cujas famílias vivem em condições sócio-econômicas prejudicadas. O lugar onde vivem, e a forma como vivem contribuem e muito para o acometimento por essas patologias, principalmente nos locais aglomerados, como as creches. Dessa forma, percebeu-se que a positividade dos resultados esteve relacionada ao precário sistema de saneamento básico da região alvo, à falta de higiene, ao acesso restrito ao sistema de saúde, às condições sócio-econômicas e culturais, e principalmente, à falta de uma educação preventiva esclarecida. Observando que o grau de parasitos é mais comum em famílias de baixa renda, e em pessoas não esclarecidas quanto à contaminação. Assim pôde-se verificar um alto índice de parasitos, 79% nos sujeitos da pesquisa, o que favorece a educação em saúde. Neste contexto com este estudo tornou-se possível visualizar que a doença se individualiza enquanto responsabilidade pessoal e se socializa quando se trata de justificar a desigualdade de acesso ao cuidado (RAMOS; VERDI; KLEBA, 1999).

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Enteroparasitoses, Creches, Educação em Saúde.

E-mail para contato: jamilerodriguesca@gmail.com