60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 5. Teoria e Análise Lingüística

LINGUAGEM(NS) DE CHICO BUARQUE: ARGUMENTAÇÃO E (DES)CONSTRUÇÃO DE REALIDADE(S)

Joelma Santos Baldez1
Anairan Jerônimo da Silva2
Nilde Selma Aguiar Carvalho3

1. Secretaria Municipal de Educação (Educação Básica) – São Luís/MA
2. Mestrado em Lingüística – UFC
3. Curso de Letras – UFMA


INTRODUÇÃO:
As canções de Chico Buarque apresentam diferentes vertentes no que concerne aos aspectos rítmicos e temáticos. "Charleston", marchinha, valsa, chorinho são alguns dos ritmos que marcaram a obra buarquiana, no decorrer da história cultural brasileira, e contribuíram para a construção de uma estética que desconhece fronteiras. Mas foram as letras que fizeram dessa obra uma referência histórico-cultural. Sob uma estrutura musical basicamente narrativa, Chico exibe sua habilidade em manipular as palavras para expressar diferentes emoções e (des)construir realidades diversas: a realidade imaginada ou idealizada, em tom nostálgico e/ou lírico; a realidade social marcada pela violência, em tom de protesto e a realidade de um futuro utópico, em tom de esperança em dias de justiça e paz. Nesta perspectiva, objetiva-se identificar que recursos argumentativos e/ou retóricos Chico Buarque explora, em suas canções, para criar efeitos de sentido que retratam os diferentes "Brasis" e para persuadir seu auditório particular pela voz do enunciador inscrito em sua arte.

METODOLOGIA:
Para a concretização do objetivo traçado, a pesquisa foi estruturada nas seguintes etapas: leitura de referencial teórico no que tange às concepções da Lingüística textual, principalmente as de Ingedore G. Villaça Koch; levantamento de material bibliográfico e referências em meio eletrônico pertinentes à trajetória musical de Chico Buarque; entrevistas com apreciadores das canções do artista e com pesquisadores que focalizam a circulação dos discursos e seus efeitos em seus estudos; seleção de músicas da discografia do artista, relacionadas às diferentes temáticas exploradas (A Banda, Roda-Viva, Bom Conselho, As Vitrines); análise crítica da relação estrutura/temática de trechos de cada música selecionada; sistematização do que foi observado (organização de um quadro ilustrativo).

RESULTADOS:
Verificou-se em suas canções um intrincado jogo de palavra/som/sentido e/ou a presença de recursos argumentativos e/ou retóricos que consistem na paródia, ironia, nos subentendidos e outros recursos que (re)valorizam a linguagem, como o uso de coloquialismos. A composição textual das canções vale-se de marcas de pressuposição, operadores argumentativos, indicadores ilocucionários, modais e polifônicos, expressões de juízos de valor e demais índices de avaliação encadeados de forma a (re)construir ideologias. Observaram-se formulações de jogo de idéias que se chocam continuamente: liberdade/repressão; sonho/realidade; anseios românticos/destino trágico, que colocam em evidência as forças que se impõem à vida do homem, apresentando-lhes “leis intransponíveis” e lançando-lhes desafios.

CONCLUSÕES:
As letras das canções de Chico Buarque podem ser concebidas como objetos de situações comunicativas, já que toda situação é construída lingüisticamente. A despeito de o cantor não se deixar rotular nem como lírico nem como cantor de protesto não se pode negar que le é hábil nas palavras. O jogo de idéias que o compositor formula, decorre da reflexão que ele faz dos problemas políticos e sociais de seu tempo e de sua gente. Em uma linguagem lúdica, peculiar, ele materializa seu discurso numa exigência do direito de expressão do homem que é dotado de um coração que se fortalece com a renovação de idéias e valores.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Discurso, Efeitos de sentido, Recursos argumentativos

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